segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Ordem crescente

 

  Brasil, 1684. A insatisfação com a má administração e as acusações de corrupção da Companhia de Comércio do Maranhão acaba em uma violenta revolta orquestrada pelos irmãos Beckman, suprimidos pelas forças armadas da coroa no ano seguinte. A primeira expressão grandiosa de uma característica desastrosa brasileira: a extinção da Companhia de Comércio do Maranhão era o início de uma história moralmente decaída.

  A corrupção é um dos maiores percalços frente ao desenvolvimento e estabelecimento da igualdade brasileira. Não há dúvida de que os comuns desvios de verba, cumprimentos de propina e trocas de favores sejam reais atuantes na política. O costume é antigo, mas essa percepção é nova. É importante compreender que esse desvio moral vem de séculos atrás, e não é original do nosso tempo. Mas a que se deve esse apego nosso à corrupção?

  “Somos um povo honrado governado por ladrões” afirmou Carlos Lacerda em 2 de agosto de 1954. Podemos considera-alo, acima de tudo, um grande otimista. Seria ótimo acreditar na folclórica crença de que a política corrompe. Porém, é inevitável que, analisando a sociedade brasileira, a explicação para esse problema esteja mais enraizada do que posta superficialmente no espectro das eleições. O desvio de conduta se inicia antes, em menores escalas, uma fila furada, o estacionamento em vagas reservadas, na pirataria e em incontáveis outras situações do dia a dia e, posteriormente, se estende a maiores proporções, com a sonegação de impostos, a compra de votos, até chegar aos desvios milionários que afetam com mais contundência a sociedade. Por isso, é importante ter consciência de que não existe governo honesto com uma população corrupta, afirmação que encontra sustentação na teoria funcionalista de Durkheim, que transcreve a forma com que o ambiente, ou seja, o conjunto humano que compõe um lugar em algum tempo, influencia no modo de agir e pensar de qualquer indivíduo que adentre e se desenvolva nele. Portanto, o sujeito brasileiro, que cresce cercado de exemplos cotidianamente corruptos, não enxerga problema naquilo que aprende e passa a praticar tais atos.

  Ainda segundo Durkheim, a lei e junto a ela a punição, existe para reprimir e desencorajar a ação imoral, em análise, a corrupção, mas já que essas não alcançam os pequenos atos desonestos do dia a dia, é necessário que a reconstrução se inicie pela educação, com diferentes métodos de ensino e COERÇÃO que forme cidadãos mais conscientes para a vida em sociedade.


Gabriel Nogueira C. Q. Santos - Noturno, 1° ano.

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