segunda-feira, 24 de agosto de 2020

"Não há mais longo prazo"

O mercado mudou. As relações empresariais já não são mais as mesmas. Hoje, possuir um certificado de graduação não te garante um bom emprego, com um bom salário. As pessoas estão sendo cada vez mais tratadas como números, objetos descartáveis, em que, quando param de gerar lucro, são substituídas. As leis já não protegem o trabalhador como antes. Só é autônomo o trabalhador não estudado? Não é o que se encontra na realidade, já que muitos motoristas de carros de aplicativo ou até mesmo entregadores de comida são estudados, mas ganham tão mal que precisam complementar sua renda, ou até mesmo não arrumaram emprego em suas áreas. Mas por que é tão difícil arrumar emprego? Porque o mercado não quer o inexperiente, não quer o indivíduo que nunca trabalhou naquela área, mesmo que ele seja um recém-formado. As empresas não se importam se você precisa muito arrumar um emprego, elas querem que você mostre serviço. Mas como? Se reinvente. Mas como, se há trabalhos impossíveis de se reinventar? Arrume um jeito, afinal, ninguém se importa. Hoje vivemos uma “uberização” do trabalho, em que não há mais vínculo empregatício empresa-empregado. A lei permite? Sim! Para a lei, isso é uma forma de ser autônomo. Mas e se o indivíduo ficar doente? Ele perde o dia de trabalho, logo, deixa de receber. Mas e se acontecer um acidente de trabalho? Aconteceu, simples assim, a empresa não deve nada a ele ou a sua família. As leis trabalhistas estão mais flexíveis, e, como consequência, os direitos trabalhistas estão se esvaindo. Um indivíduo contratado por uma empresa nos dias de hoje não pode se sentir seguro ali, mas deve se entregar por inteiro. Estranho, não? Ele, que deve sempre ter em mente que seu emprego não será duradouro e que não existe lealdade ali dentro, deve dar tudo de si, ser criativo acima de tudo para que nunca pare de ser a pessoa querida do chefe, pois esse “querida” pode mudar da noite para o dia se ele não entregar resultado. O chefe sempre quer resultado. Você pode entregar a ele? Lembre-se: você é substituível. Sabe aquele seu bom salário? Aproveite para economizá-lo hoje, pois não se sabe se amanhã ainda continuará a recebê-lo, afinal, ninguém se importa com seu custo de vida, ninguém liga se você acabou de trocar de casa para morar mais próximo ao trabalho ou trocou de carro pois o seu estava “caindo aos pedaços”, você é só mais um ali dentro, e será substituído quando a empresa não precisar mais dos seus serviços.

Ana Carolina Costa Monteiro de Barros - 1º ano - Direito Noturno

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