segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A desvalorização da dignidade


O mundo contemporâneo vive as consequências da globalização, do liberalismo e do modelo capitalista de acumulação flexível. Desse modo, observa-se a desregulamentação das condições e dos direitos trabalhistas e, do outro lado, a diminuição dos riscos de queda de lucros e o aumento da concentração de renda.
Nesse sentido, adentra a importância da luta de classes para resguardar a dignidade da classe trabalhadora, pois sem a oposição organizada, sem a contestação das minorias, a classe dominante irá impor, sem problemas, todos os seus interesses. No entanto, o cenário atual mostra o quanto as massas estão alienadas no momento em que apoiam o liberalismo que as explora e tira a sua dignidade. Consequência de uma cultura ocidental capitalista imperialista americana, injetada no Brasil, que cria uma ilusão de que este é o caminho para a prosperidade econômica e social, mas, na realidade, guia os países subdesenvolvidos para a exploração. Dessa maneira, a consciência de classe quase foi extinta, os sindicatos que fortaleciam o proletariado desapareceram, muitas vezes em função da corrupção que assola todos os setores, principalmente no Brasil, e a luta do povo por direitos tornou-se taxada de “papo de comunista”, inclusive pelas próprias massas exploradas.
Ademais, Nicolau Maquiavel, em “O príncipe”, de 1532, explicita: “...não se pode honestamente satisfazer os grandes sem prejuízo de outros, mas pode-se beneficiar o povo, eis que o objetivo do povo é mais honesto que o dos grandes, porque estes querem oprimir e aquele, não ser oprimido”. A partir deste princípio, mostra-se a importância de um Estado preocupado com o bem-estar social das minorias. Dessa maneira, é preciso abandonar a ideia de um estado “liberal” e intervir no domínio econômico e social, tendendo a reduzir a autonomia individual para favorecer uma minoria oprimida, seja por impostos às grandes fortunas, seja pela criação de estatais para favorecer o mercado e a população nacional.
Portanto, há a necessidade de promover um movimento contrário a toda essa dominação política e ideológica para mudar essas relações sociais atuais. Entretanto, a meu ver, será necessário chegar a um ponto de extremo cerceamento da dignidade humana, um cenário de crise, com o desemprego de grande parte da população  e uma vida miserável, para que realmente se faça uma revolução na forma de vida do mundo contemporâneo.


José Augusto Costa Starteri - 1º ano  Direito noturno 

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