segunda-feira, 24 de agosto de 2020

MAIS UMA “MATRICULA” PERDIDA

 

MAIS UMA “MATRICULA” PERDIDA

No apogeu do século XIX, Karl Marx, importante teórico alemão, inventou o Materialismo Dialético, doutrina que pregava a revisão histórica a partir da análise crítica dos fatos e da luta de classes, e que almejava transformar a natureza humana e livra-la da suas amarras senhoris. Para isso, a grande massa, o proletariado, precisaria emancipar-se politicamente e adquirir sua consciência de classe, promover a revolução e abolir o sistema capitalista, que fomenta as desigualdades e acaba perpetuando as mesmas estruturas sociais.

Assim, Marx propõe mudanças significativas no estudo sociológica e a adoção prática do Socialismo para que seu objetivo final seja alcançado. Desta forma, Marx enfoca no pilar capitalista: a mercadoria, aquilo que é produzido por esse sistema opressor e é consumido, gerando lucro ao burguês.

Outrossim, essa lógica perversa ainda persiste nos ados do século XXI, visto que Richard Senett, em sua obra “Corrosão do caráter”, aborda essa temática na relação desproporcional do indivíduo ser aquilo que produz, como se fosse uma máquina e não possuísse essência. Nesse sentido, as relações sociais entre as pessoas passa a ser pautada pelo que as mesmas possuem, dentro do ritmo do relógio e que leva as fabricas a produzirem uma quantidade exacerbada para obter o máximo lucro possível.

Trazendo à tona esta realidade para o ano de 2020, dentro do momento de pandemia do CORONA VIRUS, as pressões do capital burguês para que a economia não fique paralisada levaram a uma flexibilização de algo que nunca havia acontecido: a quarentena.

A recomendação de permanecer em casa causou efeitos adversos nos cidadãos, levando a uma parte da população cair na falácia do remédio milagroso, o dito conto da Hidroxicloroquina, propagada por um gabinete do ódio que dissemina notícias falsas e que está comandando o poder político. Outra parte respeitou os conselhos das autoridades sanitárias e permaneceu em casa, enquanto um grande contingente de trabalhadores não pode usufruir deste luxo e teve de continuar trabalhando normalmente, expondo-se aos riscos de contaminação.

O grande tópico abordado neste texto é a “matricula” perdida ¹ no exercício de sua função, um pai de família que sofreu um mal súbito e, infelizmente, faleceu. A reação do grande capital a isso? O desrespeito e a não paralisação de quaisquer atividades para esperar recolher seu corpo. E daí que uma pessoa morreu dentro de uma grande rede varejista? A mesma não é coveira, ela não possui responsabilidade, é o que afirmam alguns defensores. A melhor forma de esconder isso é simplesmente tapar o problema com guarda-sóis e deixar os clientes consumirem, afinal tudo trata-se de dinheiro, não é? O corpo ficou ali exposto por quatro horas até a chegada do Instituto Médico Legal para recolhe-lo.

Da mesma forma que Moises morreu numa loja do Carrefour, existem incontáveis casos de cidadãos que acabam falecendo enquanto trabalham e são logo substituído. Afinal, na sociedade capitalista do consumo de massas, as pessoas não são mais que meras matriculas e o ser social da mesma não é levado em conta, o que realmente importa é sua capacidade produtiva.

 A reflexão que pode ser obtida de tudo isso é que TODO TIPO de atitude trata-se de dinheiro, enquanto esperamos que a sociedade progrida e possa ser mais solidaria, fraterna e aceitar a diferença e que as empresas apoiam, supostamente, a diversidade, é possível perceber que trata-se somente de uma jogada de marketing. As grandes companhias apropriam-se de pautas indenitárias para aparentarem ser modernas e inclusivas, entretanto isto trata-se de meras jogadas publicitárias para obter dinheiro dos consumidores.

Portanto, o que fica é de que mesmo com a distância temporal entre os postulados de Marx e os dias atuais, suas ideais permanecem ainda vigentes, suas críticas podem ainda ser utilizadas para retratar a sociedade. Ademais, a logica mercantil do capital aprofundou-se cada vez mais e demonstrou aquilo que todos sabemos, ninguém é insubstituível e tudo trata do valor que um empregado pode gerar de lucro...

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

1 - Homem morre e tem corpo coberto por guarda-sóis em Carrefour no Recife. UOL, São Paulo, 18 de agosto de 2020. Disponivel: <https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/08/18/homem-morre-e-tem-corpo-coberto-por-guarda-sois-em-carrefour-no-recife.htm>

Acesso em 24 de agosto de 2020.

CARLOS AUGUSTO POLIDORO DA SILVA

 1º ANO DIREITO - MATUTINO

 

 

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