sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Expresso do Amanhã e a dominância das elites sobre o proletariado

    O filme “Expresso do Amanhã”, dirigido pelo sul-coreano Bong Joon-ho, conta história de um mundo que sofre com mudanças climáticas, decorridas do aquecimento global, e devido a isso as pessoas passam a viver dentro e um trem que fica rodando o mundo. O trem, possui vários vagões que representam as classes sociais, desde as elites que possuem áreas de lazer, restaurantes e escolas, até a classe dos trabalhadores que que são forçados a trabalharem e viverem na miséria e sem educação, tendo como sua única refeição barras de proteínas feitas de insetos. O conflito do filme consiste, na revolução do proletariado, que cansado de sua situação de exploração decide se rebelar e assumir o controle do tem para assegurar condições igualitárias aos demais passageiros.

   O roteiro do longa-metragem, é fortemente influenciado pela obra dos pensadores Karl Marx e Friedrich Engels, que discorrem ao longo de suas vidas sobre as péssimas condições de vida da classe operária e tecem críticas ferrenhas sobre o sistema capitalista e sua exploração aos que não detém capital. Em suas obras, Marx discute sobre temas como a “mais valia”, processo de extorsão por meio da apropriação do trabalho excedente na produção de produtos com valor de troca e o fetichismo dos produtos, ou seja, os produtos passam a ser objetos de adoração e dessa forma as pessoas passam a possuir uma vontade quase fisiológica de possuí-los como se sem eles suas vidas não fizessem sentido.

   Além disso, é possível estabelecer uma relação entre o materialismo dialético, bem definido por Marx com a classe dos últimos vagões do trem, pois assim como Marx relata, pois os trabalhadores são utilizados apenas para garantir a grande produção das indústrias e sustentar a elite capitalista. No filme os passageiros dos últimos vagões passam suas vidas trabalhando para fornecer energia para o funcionamento de todo o trem, isto é, sustentam todos os passageiros nas costas, passageiros esses que eles nem conhecem ou veem. Assim, temos a reprodução de um modelo capitalista nas telas, no qual a única função do proletariado é de garantir o lucro do patrão.

   Por fim, A relação entre o filme e a teoria marxista chega a ser irônica, visto que o filme é uma mercadoria como as demais, ainda mais por ser tratar de um produto “hollywoodiano”, e ser feito pelo estúdio na crença de que seu produto seja consumido e tenha lucro. Porém, mesmo com isso as críticas ao sistema ainda são muito válidas, visto que em meio a milhares de outros produtos é difícil encontrar aquele, que nos faça refletir sobre a atual organização social. Por isso, esse filme torna-se necessário para a compreensão das desigualdades.



Lucas Passos Duran Netto       1º ano     direito diurno

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