sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Da utopia ao Junho de 94

 Com a emblemática letra que o fez chegar as mais requisitadas paradas de sucesso no Brasil, o cantor de rap Djonga nos mostra um olhar pela realidade vivida por ele e por diversos homens e mulheres que, assim como o mesmo, nasceram e cresceram em periferias por este enorme país. Especificamente, quando tratamos da música "JUNHO DE 94", em seu segundo álbum de estúdio, este enuncia: "Chegar aqui de onde eu vim/ É desafiar a lei da gravidade/  Pobre morre ou é preso, nessa idade[...]" A afronta se faz logo nos primeiros versos da música, afirmando que apesar de toda a trajetória dolorosa e persistente, conseguiu atingir um incrível sucesso com uma idade não tão avançada e vindo da periferia de Belo Horizonte, Minas Gerais, local não tão de destaque, isso é claro, antes do rapper trazer visibilidade à sua área e vivências.
 Apesar de atual, a letra dialoga muito bem com o Materialismo Histórico e Dialético proposto por Karl Marx, onde definimos, de modo simplório, como a relação de indivíduo e sociedade pode ser demarcada conforme a sua classe econômica e social de nascença, conforme este cresce e passa a ser ele mesmo alguém atuante neste sociedade. Podemos dizer que, aquele que nasce de uma família de poder aquisitivo maior, surge então um leque de oportunidades e facilidades em sua vida, já quando a situação não se encontra favorável, a medida com que "portas se fecham" para o homem e, principalmente, a mulher periférica, é crescente. Uma vez que o Materialismo é a realidade material, ou um conjunto de bens possuídos.
 Se destrinchando na questão Dialética, vemos o contraste entre aqueles que vendem sua força de trabalho à aqueles que possuem os meios de produção (classe operária e burguesa, respectivamente), através da contradições de ideias das classes entre si e umas com as outras, tratando-se de ideias dominantes, que segundo o autor, emergem da classe dominante sobre a classe dominada.
 Podemos então afirmar que os dias de hoje se encontram assim? Talvez, levando em conta que metade da população brasileira não possui nem mesmo acesso à um saneamento básico, como esperarmos da classe então oprimida uma revolução de ideias? A realidade infelizmente ainda não mudou por completo, mas em passos como o de Djonga, através da música, esta tão realística e necessária para alcançar as grandes massas com toda a sua originalidade, observamos que há luz e esperança quando se dá oportunidade para quem tem talento, ou mesmo para quem quer apenas desfrutar de uma vida digna. 



GABRIELLE A. PINHEIRO - 1º ANO DE DIREITO - MATUTINO 


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