quinta-feira, 20 de agosto de 2020

Capitalismo (des)humanista.

                   Jornal alemão publica charge que mostra Bolsonaro aplaudido pelo ...


"É tudo histeria e conspiração", diz Bolsonaro, enquanto aplaudido por coronavírus e a morte.
 Arte publicada no jornal Stuttgarter Zeitung,
na edição do dia 27 de março de 2020.

            As ideias do importantíssimo pensador Karl Marx surgem no séc. XIX, um momento incrivelmente conturbado no quesito social. Com o advento do capitalismo e do poder da burguesia, os trabalhadores foram deixado cada vez mais marginalizados no sistema, abusados, obrigados a trabalhar em condições horrendas, com salários ínfimos e ninguém para proteger seus interesses. Eram analogamente escravos, servos de seus “senhores” burgueses. É nesse cenário que surge o filósofo Karl Marx, tecendo seus pensamentos principalmente sobre esse assunto operário. Mas diferentemente do conceito fixado em nossas mentes sobre o papel do filósofo, cuja importância é de “pensar” e refletir a sociedade, Karl não se conteve perante esse conceito, ele, diferentemente do usual filosófico, propôs mudanças baseadas em seus pensamentos, tinha em si o aspecto inquieto e revolucionário. Como ele mesmo colocou, “Os filósofos não fizeram mais do que interpretar o mundo de diferentes maneiras; A questão, porém, é transformá-lo.”
            Não lutando somente para evidenciar os aspectos depreciativos do capitalismo, como também lutando para mudar o cenário no qual se encontrava, Marx tece diversas críticas ao modo de produção capitalista e também apela para a união da classe trabalhadora, como evidenciado em sua obra “O Manifesto Comunista”, de 1848. Dentre suas críticas, encontram-se a situação precária dos trabalhadores, a exploração sem limites por parte dos burgueses, na qual se encontra a exploração da “mais-valia” – força de trabalho fornecida pelo trabalhador era proporcionalmente maior em relação à sua remuneração – e também, tece suas críticas à classe trabalhadora, considerando-os alienados, pois, de acordo com todo o rumo da história, o potencial revolucionário está nas mãos da classe oprimida. Como por exemplo, no feudalismo, onde a classe burguesa era a “oprimida” em relação à nobreza, e quando essa classe se fortificou, provocou uma implosão dentro do sistema e originou um novo, o capitalismo, que por sua vez, ao criar a sua própria “classe oprimida” (operários), também criou o seu próprio extermínio, pois a classe trabalhadora é a força motriz desse sistema, portanto, está intrínseco o potencial revolucionário.
            Por mais que já tenha se tornado um pensamento secular, as críticas tecidas por Marx ainda se encontram assustadoramente atuais, trabalhadores explorados, burgueses buscando lucro à todo custo, e ainda podemos anexar outra discussão à esse roll, a desumanização no sistema capitalista. Quanto mais o tempo decorre, mais “normal” se torna esse tipo de abuso. Só nesse ano podemos evidenciar algumas notícias que exemplificam como a busca por dinheiro já se tornou mais importante que a vida humana alheia. Primeiramente, com essa notícia do dia 14 de agosto de 2020, onde um representante de vendas que se encontrava trabalhando em um supermercado da loja Carrefour, é acometido de um mal súbito e o mercado se recusou a fechar o estabelecimento para não perder horas de lucro. O corpo ficou estirado ali por horas, coberto parcialmente por guarda-sóis enquanto diversas pessoas faziam suas compras normalmente. Segundamente, temos o caso mais evidente do ano, com o presidente Jair Bolsonaro que batalha arduamente para “flexibilizar” o isolamento social, pois, de acordo com o próprio, “A economia não pode parar.” e também “A crise é temporária, mas o Brasil é permanente”. Seguindo esse isolamento flexibilizado, sem devidos avisos à população, instigando que o vírus é somente uma “gripezinha” e atribuindo cura à um remédio cientificamente ineficaz, chegamos na aterrorizante marca de 100 mil mortos, e a reação do presidente foi “Vamos seguir a vida”.
            Essa busca incessante, sem limites, imoral, por dinheiro já custou milhões de vidas, e quanto maior o número, menor vai ser a indignação humana. O capitalismo já levou vidas, sonhos, esperanças e agora está levando a humanidade.


REFERÊNCIAS

1. FOLHA DE SÃO PAULO. Fauci projeta até 200 mil mortos nos EUA e some das manchetes, 29 mar. 2020. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/colunas/nelsondesa/2020/03/fauci-projeta-ate-200-mil-mortos-nos-eua-e-some.shtml. Acesso em: 20 ago. 2020.

2.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã (1845-1846). São Paulo: Martin Fontes, 1998.
3.
MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto do Partido Comunista, 1848. Porto Alegre: L&PM, 2009.

4. HUGO GLOSS BRASIL. Colaborador morre dentro de Carrefour, corpo é escondido com guarda-sóis e loja continua funcionando; Supermercado se pronuncia, 19 ago. 2020. Disponível em: https://hugogloss.uol.com.br/brasil/colaborador-morre-dentro-de-carrefour-corpo-e-escondido-com-guarda-sois-e-loja-continua-funcionando-supermercado-se-pronuncia/. Acesso em: 20 ago. 2020.

5. “Vamos tocar a vida”, diz Bolsonaro sobre 100 mil mortos por covid-19 no Brasil, 6 ago. 2020. Publicado pelo canal UOL. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Y-nyxW-5mGY. Acesso em: 20 ago. 2020.

Felipe Zaniolo de Oliveira, 1° ano diurno.

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