segunda-feira, 10 de agosto de 2020

Heteronormatividade social

Dentro de uma sociedade e em meio à agitação do dia a dia, vivemos quase que em modo automático, agindo conforme o que pensamos ser correto, sem nem nos questionar como nos encaixamos naquele modo de vida e quem definiu quais eram as práticas adequadas para o meio social. Entretanto, a resistência a determinada estrutura é sempre coibida com uma reação punitivista, responsável por restabelecer a norma e evitar que o equilíbrio se rompa e seja instaurada uma anomia – deterioração das regras que mantém a coesão social.

Émile Durkheim, sociólogo do século XIX, é conhecido pela sua teoria do fato social - eventos que influenciam o agir do homem em sociedade, independem do individuo, uma vez que são construídos na dimensão do coletivo, se impondo de maneira coercitiva e adaptando os seres a uma configuração. É por meio da educação que somos forjados, absorvendo visões e comportamentos que não chegaríamos espontaneamente, apesar de que a acomodação às regras nos faz acreditar que alguns sentimentos são frutos da nossa própria elaboração. Entretanto, esses fatos sociais não são estáticos. Segundo Durkheim, uma vez que a sociedade está em constante readequação conforme a evolução sócio-politico-cultural do meio e de seus pensamentos, os fatos sociais tendem a acompanha-la, modificando-se de acordo com as necessidades da comunidade.

Dessa forma, em meio a inúmeras situações, temos a heteronormatividade como um exemplo de fato social que está se desfazendo, mas que ainda  tem muita influencia na vida dos cidadãos. Desde pequenos, na maior parte dos casos, somos ensinados por nossas famílias e escolas que o normal diante da sociedade é o relacionamento heterossexual, composto por um homem e uma mulher, e, durante todo o nosso crescimento, essa é a nossa referência em novelas, livros e filmes. Por conseguinte, aqueles que se identificam com outra orientação sexual que não a citada anteriormente, sentem-se coagidos, com medo do pensar da sociedade e, muitas vezes, acreditam ser errado o que sentem. Felizmente, apesar de ainda existir muito caminho a ser trilhado, o mundo tem caminhado para não mais se sustentar por esta estrutura, abrindo espaço para diversidades e provando que, uma vez que determinada configuração não se encaixa mais no meio, o fato social é cabível de se adequar a uma nova conjuntura.

Amanda Pereira Ramos - 1º ano - Direito (matutino)

Tema: Émile Durkheim

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