terça-feira, 21 de abril de 2020

O oportunismo em pele de ciência


 Os principais pilares que sustentam a ciência moderna são os pensamentos dos filósofos Bacon e Descartes, que consideravam possível achegada ao conhecimento através da experimentação, observação da natureza e através da junção entre método e razão, respectivamente. No entanto, a ciência moderna possui caráter mutável, instável, criando abertura para novas ideias e, também, infelizmente, para oportunistas.
No presente momento, com o mundo passando por uma crise causada pela doença Covid-19, temos grande exemplo de como a ciência, apesar de imprescindível, tem sido tratada como mera opinião, inclusive por líderes governamentais, como Trump e Bolsonaro. São inúmeros os casos, que vão desde fake News sobre a ação do Corona vírus no corpo humano inundando a internet, xenofobia contra asiáticos, pessoas quebrando a quarentena sem motivo aparente até o presidente do Brasil alegando que o Covid-19 não passa de uma “gripezinha”.
Além dos empecilhos causados pelo Corona vírus, o Brasil ainda passa por sérios problemas políticos. O governo, que deveria representar o exercício da razão política, tem se mostrado uma competição de popularidade. O próprio presidente, que deveria gerenciar estratégias para diminuir o impacto da doença sobre a população, demite o Ministro da saúde, que estava se tornando popular por seu trabalho; promove protestos pedindo o fim da Democracia, pede a reabertura do comércio, com a desculpa de “não podemos parar a economia” e, muito oportunamente, pede a volta do AI-5.
Mesmo que toda nossa ciência esteja baseada na razão e experimentação, ainda enfrentamos problemas causados pela ideia de que ciência possa ser qualquer coisa, até mesmo uma opinião equivocada que pode acarretar milhares de mortes. E, desafortunadamente, tal ideia se projeta no campo político também.

Angela Severo dos Santos, 1º ano matutino

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