segunda-feira, 20 de abril de 2020

O efeito da pandemia em alguns pontos da sociedade.


O mundo vive, atualmente, uma das maiores crises de toda a história, seja na área da saúde, seja na área da economia. Nesse contexto, surgem grupos polarizados que visam seguir seus próprios interesses econômicos e políticos, causando diversos movimentos com vários temas. Nesse texto, irei discutir algum desses temas e expor minha opinião sobre.
O primeiro tema será o “panelaço” feito por parte da população para demonstrar a indignação com o atual presidente da república Jair Bolsonaro, após a demissão do ministro Mandetta. Ao meu ver, é com razão que a população demonstre insatisfação com a demissão de um ministro que já está no cargo há mais de um ano, e vem se preparando para o avanço da pandemia há mais de um mês, sendo que este contava com uma equipe de apoio qualificada que já estava com a “mão na massa”. Assim, um novo ministro da saúde pode não só atrapalhar o trabalho anteriormente desenvolvido, mas também destruí-lo, algo inaceitável para o contexto atual. Então, como Jair Bolsonaro se candidatou à presidência, cabia a ele a responsabilidade de resolver as desavenças com o ministro por meio da conversa, excluindo a possibilidade de demiti-lo, já que fazia um trabalho exitoso no combate ao corona vírus, contrariando não só a ciência como também o bom senso.
O segundo tema será sobre as passeatas feitas por parte da população, as quais reivindicam a volta das atividades econômicas. Esse tema apresenta muitos pontos a serem considerados. O primeiro é o de que o isolamento social é uma das melhores formas de combater a disseminação do covid-19, fato comprovado empiricamente por países que o adotaram. O segundo é que essas pessoas que realizam as passeatas se esquecem de que essa atitude é extremamente perigosa, não só para eles, mas para todo o seu ciclo de convivência, o que demonstra que estão mais preocupadas consigo mesmas do que com o coletivo. O terceiro é que nem sequer se preocupam em usar materiais de proteção. Portanto, o direito de manifestar o descontentamento causado pela crise financeira não deve ser feito de maneira física, mas sim digital, o meio mais poderoso de propaganda atualmente vigente.
O terceiro tema será sobre o prolongamento do isolamento social e suas consequências. Nesse sentido, é de conhecimento público que o isolamento social é fundamental para retardar a expansão da contaminação e para preparar o sistema de saúde para receber os pacientes. Assim, diversos países adotaram esse sistema de completa paralização. No entanto, cada país possui suas particularidades. Países mais ricos conseguem lidar de melhor maneira com a paralização da economia por vários motivos, como: maior disponibilidade de recursos para produzir produtos indispensáveis, distribuir auxílio à população, manter os servidores públicos essenciais, melhor infraestrutura hospitalar, entre outros. Já no Brasil, país subdesenvolvido, o qual possui 54,8 milhões de pessoas em situação de pobreza, segundo o IBGE, a maneira de lidar com a paralização é mais problemática. Se pararmos para pensar, milhões de pessoas sobrevivem com um salário mínimo ou menos, e que muitas dessas pessoas foram demitidas ou tiveram cortes nos seus salários, entretanto, as despesas são continuas, o aluguel vai ser cobrado e o inquilino não pode contar com a boa vontade do locatário de esperar a crise passar, e então sua família vai ser despejada, a comida não é gratuita, a água não é gratuita. Empréstimos do banco não são fáceis de conseguir para ajudar a passar o momento. Os 600 reais disponibilizados pelo governo não atendem toda a população pobre. Assim, quem mais irá se prejudicar será a parcela marginalizada da população, que já mora na periferia e não possui recursos para se manter. Em alguns países, as atividades econômicas já começam a retornar, mas com algumas exigências, como uso obrigatório de máscaras e luvas pelos funcionários de empresas e comércios, além da disponibilidade de álcool gel. Seria essa uma boa alternativa? O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, disse em um de seus discursos: “em países com uma grande população pobre, as ordens para ficar em casa e outras restrições, usadas em alguns países de renda alta, podem não ser práticas. Muitas pessoas pobres, imigrantes e refugiados já estão vivendo em condições de superlotação, com poucos recursos e pouco acesso à sistemas de saúde. Como você sobrevive a um lockdown quando depende de um trabalho diário para comer? Notícias ao redor do mundo descrevem quantas pessoas estão em perigo de serem deixadas sem acesso a alimentos”.
Assim, até que ponto o isolamento será viável? O Estado terá de criar empresas estatais para suprir objetos necessários ou irá tomar os meios de produção? Seria esse o momento da ascensão das ideias de cunho socialista visando o bem comum? Ficam as dúvidas para refletir.  


José Augusto Costa Starteri - Direito 1º ano noturno

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