segunda-feira, 20 de abril de 2020

Declínio


 São tempos difíceis. Em pleno Século da Informação, em meio a uma pandemia, a ciência vê-se em descrédito; tal contexto é intrigante, visto que a sociedade tem acesso a todo tipo de informação, mas escolhe seguir pelo caminho de achismos, sendo regada a desinformação diariamente. Importante salientar que não apenas cidadãos comuns têm o sentimento de negacionismo, sendo esse também encontrado em representações políticas.
 Em uma democracia é de extrema importância que haja lados contrários dialogando, pois assim constrói-se mais conhecimento, mas no momento em que estamos é inadmissível que se conteste a ciência com os argumentos que estão sendo utilizados – I. A cura já existe, a estão escondendo para que laboratórios lucrem; II. O vírus foi produzido em laboratório para matar a população e enfraquecer o messias do Brasil; III. O vírus não existe, é tudo manipulação da mídia; IV. Coronavírus não passa de uma ‘gripezinha’; entre outros. Apenas a ciência, aliada aos pesquisadores, conseguirá reverter este quadro caótico instaurado no mundo, apenas resta que as pessoas entendam que o achismo que carregam consigo não levará a nada, além disso, melhor pecar por excesso de precaução, ao invés de lamentar futuramente por tantas perdas – em defesa da economia.
 Como já citado, este pensamento negacionista é encontrado em representações políticas, como pode-se citar o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, que vai contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde, além de a cada pronunciamento dar um show de desinformação; e o problema agrava-se pelo cargo que ocupa, então decisões por ele tomadas afetam toda a população, como por exemplo demitir o ministro da saúde em meio à pandemia ou argumentar – em todas as oportunidades – que o isolamento horizontal vai quebrar a economia... São situações assim que deixam claro o quanto a desinformação é preocupante e leva ao declínio da sociedade.
 Assim, a ciência estar em tamanho descrédito, em meio ao problema que passamos, é um infeliz fato. “Que tempos são esses em que temos que defender o óbvio?” indagaria o poeta e dramaturgo alemão Bertolt Brecht (1898-1956), que mesmo tendo dito isso no século passado, tal fala se encaixaria perfeitamente nos dia de hoje. Por que acreditar em conspirações se do lado oposto estão os pesquisadores, a ciência e os dados científicos? Pois é, tempos de defender o óbvio: somente os estudos nos tirarão dessa maré ruim, a ciência deve ser valorizada e não se refuta estudo científico com opinião.

Ana Paula R. Nalin - Direito Noturno - 1° ano.

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