segunda-feira, 20 de abril de 2020

A linha tênue


O pensamento científico, durante muitos anos, foi se desenvolvendo e se adaptando, trazendo novas perspectivas aos pesquisadores, e algo fundamental no pensamento moderno é a convicção de que as certezas dos resultados de uma pesquisa  podem mudar conforme o experimento é questionado, e assim chegar  mais perto da verdade a cada tentativa,tornando fundamental entender que, o que parece ser uma solução hoje, pode se tornar obsoleto amanhã.

 Citando o dramaturgo e romancista irlandês George Bernard Shaw ‘’A ciência nunca resolve um problema sem criar pelo menos outros dez.’’ trazendo a reflexão de que, existem muitas variáveis em um experimento científico,e que durante o processo muitos outros questionamentos podem interferir na solução. 

Desse modo, a ciência sempre pode, e deve ser contestada, a fim de chegar em resultados cada vez mais adequados a temporalidade, todavia, é preciso entender quais são as fontes capazes de refutar teses e trazer novos resultados, já que todos podem contemplar a ciência, assim como o dramaturgo, mas produzir pesquisas verídicas capazes de contrapor argumentos da mesma natureza devem ser realizados por entendedores do assunto, e não por especulações vazias de conteúdo verificável.
Aparentemente este fato não é de consenso geral na sociedade brasileira contemporânea, que em relação a pandemia da COVID-19, demonstrou resistência aos fatos apresentados pelos cientistas. O presidente do país, outros agentes do governo, e uma porcentagem considerável de civis, se opôs a efetividade da quarentena, que foi apresentada como elemento primordial para a contenção da contaminação em massa pela Organização Mundial da Saúde.

Entretanto, é de se questionar a necessidade dessas oposições, já que se realizarmos a primeira etapa do método científico, a observação,procedendo com a análise dos fatos, como o número de mortos no país até o momento comparado com o de outros países que realizaram uma quarentena rígida,é de se perceber que os pesquisadores, a OMS e o Ministério da Saúde tem propriedade em suas recomendações.

Enquanto é correto de certa forma, questionar todas essas entidades acerca das medidas emergenciais e outros assuntos ligados a COVID-19, devemos questionar também qual é o embasamento das pessoas, principalmente das figuras políticas, que contradizem todas essas medidas, enquanto de um lado temos estudos sendo realizados em todas as áreas do conhecimento, opostamente temos suposições com fundamentos fictícios em crenças pessoais sobre uma invasão comunista.
Ainda que, em alguns anos, as afirmações feitas por pesquisadores sobre o coronavírus se tornem antiquadas, elas serão contestadas por princípios teóricos, que terão passado por análises, hipóteses e experimentações, e não achismos com procedência em interesses políticos.

Portanto, como sociedade, é de nossa responsabilidade entender até que ponto pessoas de grande influência, como o presidente, tem autonomia de conhecimento para questionar medidas da OMS, depositando suas concepções advindas de seu próprio imaginário na população. Inquirir, qual a linha tênue entre liberdade de expressão e a responsabilidade de ser uma figura pública seguida por milhões de pessoas, e com esses questionamentos talvez, ocasionar em uma decisão mais sábia na escolha dos nossos representantes políticos no futuro. 

Talita B. 1 ano Direito Matutino

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