sexta-feira, 13 de março de 2020

Relógio vacilante


Deus relojoeiro e seu mundo-máquina,
com seus homens-máquina
e suas nuvens-máquina,
ordenou que houvesse luz.

E a luz se fez por meio milênio.

Mas era luz elétrica
e suas plantas-máquina não mais se nutriam,
e seus homens-máquina, racionais e rasos,
se recusaram a perceber o problema.

Mas agora percebem.

A luz nasceu do mero acaso
e o mundo-acaso não se reduz ao relógio.
O homem-acaso compreende então
que seu conhecimento não explica o caos.

E o caos os obriga a pensar.

O mundo-acaso não pode ser dominado,
e a luz secular não é mais suficiente.
A eletricidade não ilumina o caos sozinha.
A razão não nos salvou.


Sofia Malveis Ricci - Direito noturno - 1º ano

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