segunda-feira, 9 de março de 2020

A busca pela verdade fundamentada


As primeiras civilizações procuravam explicar os fenômenos naturais por meio de suas religiões politeístas, em que era atribuído aos deuses o papel de agentes responsáveis pelos eventos. Posteriormente, foram criadas as religiões monoteístas, nas quais existia apenas um agente responsável pelos eventos, apenas um deus que criou o universo e o controlava. Percebe-se então que, desde os primórdios, o homem tenta buscar o fundamento das coisas que o permeia a fim de entender o mundo, e o faz de diversas formas.
A existência de um método científico que guiasse o homem nessa jornada pelo conhecimento fez-se necessária, pois muita desinformação era, e ainda é, disseminada. Um exemplo não muito antigo disso é o caso do ex-médico britânico Andrew Wakefield que publicou, em 1998, um artigo em uma conceituada revista científica, The Lancet, associando a vacina tríplice viral como sendo causadora de autismo. Apesar da revista ter se retratado posteriormente, explicando que Andrew tinha forjado os resultados para benefício próprio, esse rumor contribuiu para o início de movimentos antivacina que acontecem atualmente. Movimentos esses que não tem nenhuma comprovação científica como base para sua existência e causam uma crise na saúde pública.
Na busca de uma padronização do conhecimento científico diversos métodos foram criados. René Descartes, um importante filósofo, relata em sua obra “O Discurso do Método” suas experiências de vida que o levaram a criar um método científico e estabelece quatro resoluções que devem ser seguidas para desempenhá-lo: afastar-se do senso comum e fundamentar-se com base em evidências, analisar cada parte de um todo minuciosamente, sintetizar o conhecimento elencando do mais simples ao mais complexo e, por último, revisar os conhecimentos enumerados com o intuito de não omitir nada. Esse método, conhecido como método cartesiano, baseia-se na racionalidade.
Diferentemente de Descartes, o filósofo Francis Bacon institui em sua obra “Novum Organum” que o indivíduo não deve guiar-se apenas pela razão, mas sim pelas suas experiências e observações. No método empirista de Bacon as conclusões são tiradas pela indução, ou seja, o indivíduo deve pensar no que ele observa para criar um conceito geral. Para alcançar esse método, a mente deve ser limpa de falsas concepções pré-estabelecidas, os chamados ídolos, que se dividem em quatro tipos: ídolos da caverna, da tribo, do foro e do teatro.
Os ídolos da caverna representam as crenças e a personalidade de cada ser humano que influenciam a sua relação com o externo. Já os ídolos da tribo são aqueles que fazem os seres humanos acreditarem que as coisas são como eles enxergam e interpretarem de acordo com os seu sentidos. Os do foro dizem respeito as relações sociais e como elas afetam uma pessoa. E, por último, os do teatro referem-se aos indivíduos que persuadem outros por meio do seu discurso, que por vezes é cheio de informações errôneas. Apenas livrando-se desses ídolos uma pessoa pode deixar sua mente aberta para a ciência.
As obras de Descartes e de Bacon, que apesar de datarem do século XVII, mostram-se presentes atualmente, utilizam dois métodos diferentes, racionalismo e empirismo, porém ambas buscam ensinar o leitor a ser questionador e analisar as informações que lhes são trazidas. Caso as pessoas que compõem o movimento antivacina seguissem um método científico, elas sairiam de sua ignorância e tentariam entender de forma correta os princípios que tão veementemente acreditam, ação que ocasionaria o fim desses movimentos e da crise na saúde que eles trazem. A busca é pela verdade, esteja ela de acordo com as crenças da pessoa que a busca ou não.

Bianca Vipiéski Araújo - Direito Matutino - 1º Ano.






Fontes: Revista Galileu, "Movimento antivacina: como combater essa onda que ameaça sua saúde?".
Aventuras na História Uol, "Andrew Wakefield e a fake news das vacinas- que ainda é a propaganda".

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