domingo, 9 de junho de 2019

O poder, a dominação e a confiança

Quem navega pela internet não espera, em uma noite de domingo, qualquer notícia que não seja sobre o futebol ou algo ligeiramente fútil. Frente ao vazamento de diálogos privados que ameaçam operações judiciais que moveram o país nos últimos anos e as figuras daqueles que são para metade do país heróis e para outra metade, vilões, Max Weber poderia traçar uma análise quanto a poder e legitimidade.
   Para Weber, tem poder quem consegue influenciar outros na forma de agir, uma limitação da vontade com base no que pensa o dominador. Nas palavras de Weber, a dominação implica na "probabilidade de encontrar obediência a uma ordem de determinado conteúdo". Em se tratando de uma grande operação judicial tratante de política, fica clara a animosidade gerada, principalmente quando se dá a prisão de um dos maiores e mais controversos líderes da história de um povo. E onde entra a dominação?
   Um usuário digita no twitter: "Sr Ministro, só se o senhor blasfemar contra Deus ou for pego em flagrante em pilantragens pra eu parar de apoia-lo. Estou pouco me lixando para essas palhaçadas. 100% contigo". O apoio incondicional é o retrato mais profundo de uma dominação: o indivíduo entrega a confiança total em alguém, para qualquer atitude vindoura, mesmo se tratando de uma pessoa desconhecida, na realidade.
   A necessidade de uma figura messiânica pode ser considerada um traço cultural do brasileiro, sendo a cultura importante ponto na legitimidade. Se o português teve, por muito tempo, a esperança em D. Sebastião, o brasileiro médio de direita confiou sua esperança nas mãos de Sérgio Moro, hoje ministro, anteriormente juiz. Testa-se se seu poder e sua dominação são tão fortes quanto as acusações.

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