domingo, 26 de maio de 2019

O Fator Produtivo como determinante histórico.




Ao estabelecer a produção como base da ordem social, Marx nos traz  uma ideia interessante que pode ser aplicada em diversos movimentos históricos que com certeza refletem quem somos atualmente, bem como moldaram nossa sociedade como tal. A famosa conceituação de que a  luta de classes seria o “motor da história” também pode ser aplicada - ampliando o conceito de classe para além de seu significado estrito - também em diversos movimentos históricos.
Para Marx, as transformações sociais e culturais estão ligadas à esfera econômica e de produção: a posição que a pessoa ocupa nos ordenamento produtivo dita seus posicionamentos políticos, sociais, e consequentemente seu próprio pensar, bem como é também fator determinante em sua conduta social e em suas demandas políticas.
“indivíduos determinados com atividade produtiva segundo um modo determinado entram em relações sociais e políticas determinadas”
-Marx e Engels
Exemplo disso é a Revolução Francesa, que em uma interpretação extensiva  foi a luta de uma classe social que ascendeu - a burguesia - e se julgou prejudicada pela camada dominante, a nobreza absolutista. Mas o que a classe burguesa tinha como fator constitutivo comum entre seus integrantes? A posição social no sistema produtivo e econômico: justamente sua própria definição está intrinsecamente ligada à fatores econômicos, comerciais e produtivos. O fato de naquele contexto exercerem um modo determinado de produção e atividade econômica alinhou a elite burguesa ideologicamente e contrariamente a nobreza absolutista que  os subjugava e prejudicava seus interesses. Daí a ideia de uma luta de camadas, de “classes”, como motor da história: os descontentamentos de grupos sociais que se definem por critérios econômicos e produtivos servindo de motivação para mudanças impactantes no campo político, social, histórico e econômico.
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A influência  do Capital e dos métodos produtivos e econômicos podem também surtir efeitos historicamente  no próprio campo religioso. O espírito da Reforma Protestante, ao legitimar e considerar as riquezas terrenas como expressão de virtude e prosperidade espiritual, não deixa de ser uma tentativa da classe burguesa de modificar as doutrinas religiosas a fim de alinhar seu discurso capitalista com a fé e a religião. Novamente, porém agora de forma menos expressiva, uma classe social constituída por suas características produtivas e econômicas - e por elas determinada - marca historicamente ao modificar e reformar as doutrinas cristãs tentando adequá-las à seu padrão de vida que, não obstante, também é determinado conforme Marx e Engels, por sua posição no campo produtivo.
É interessante sairmos da conceituação teórica e refletir na realidade momentos que dão embasamento empírico às teorias. Através de dois exemplos históricos importantíssimos vimos na prática o que teorizou Marx e Engels. Em ambos, a luta de uma classe que se constitui essencialmente por seu método e sua posição no sistema produtivo e econômico, que moveu a história lutando para adequar suas características econômicas aos sistemas políticos, sociais e inclusive religiosos. O fator produtivo sendo determinante nos rumos que a história tomou nos mais diversos âmbitos, quer sejam sociais, políticos, ideológicos ou teológicos: a luta de classes como motor da história.
Adelino Mattos Marshal Neto - 1º Direito Matutino

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