segunda-feira, 16 de abril de 2018

Uma análise do manifesto comunista de Marx e Engels


O “Manifesto Comunista”, diferentemente do livro “O Capital” de Karl Marx, foi escrito com um viés especificamente voltado para a propaganda partidária. No manifesto, Engels e Marx buscam delimitar os caminhos de uma atuação efetiva daqueles que seriam os responsáveis pela efetivação da implantação inicial do socialismo, os proletários. Por meio de uma análise carregada de Materialismo Dialético, os autores revelam que os embates entre as classes sempre regeram o desenvolvimento de verdadeiras revoluções dos sistemas econômicos, políticos e sociais. Da mesma forma que a revolução Francesa, grande marco das revoluções burguesas contra as sociedades estamentais e de privilégios sociais - como era a França e seus três estados: O clero, a nobreza e o povo/burgueses -, a transformação de um regime Capitalista e que privilegia a dimensão material sobre o próprio ser humano se daria pelos próprios embates internos causados pelo desenvolvimento do regime. Nessa dimensão, não só Marx e Engels reconhecem como legítimas as transformações de uma burguesia - que ainda se consolidaria no contexto dessas revoluções - para o modelo econômico, político e social, como também admiram as transformações e o desenvolvimento propiciado por essa classe, já que esse seria fundamental para que a teoria comunista pudesse se efetivar.
    Nessa análise da história e os embates dialéticos entre as classes como um verdadeiro motor da história, Marx e Engels celebraram a vitória da burguesia pois, seria justamente essa, a responsável pela possibilidade de implantação futura de um caminho para o socialismo. Para que tal ato venha a ser consumado, torna-se indispensável para a implantação desse sistema um modelo de produção essencialmente capitalista e consolidado, pois este seria não só a base da produção socialista - O capitalismo seria uma espécie de libertação das forças produtivas, desenvolvendo tecnologia e ciência que multiplicariam as forças fisiológicas do homem em milhares de vezes, usadas no socialismo para poupar o homem do trabalho desgastante - , mas também seria a própria condição degradante de exploração que ele acarreta o estopim do que é denominado como a “Ditadura do Proletariado”. O manifesto atua, em última instância, como uma verdadeira cartilha de instrução para os proletários do globo sobre a sua própria condição degradante em um sistema de produção capitalista e desenfreado, que utiliza das máquinas como ferramenta de aumento da produção, e não de geradora de bem-estar para o proletário.
    Finalmente, toda a aplicação teórica do Comunismo, quando trazida para um universo prático da contemporaneidade – efetivamente o socialismo aplicado - acaba por se aproximar mais de uma vertente positivista das relações entre os homens, haja visto que o conceito de um novo Homem – aquele que se preocuparia com o bem comum em detrimento de suas próprias liberdades individuais – não foi confirmado até hoje. A grande repressão nos modelos socialistas atuais remete da própria individualidade do homem, que ao se negar de trabalhar a favor de um todo, reforça as investidas por parte dos fortes e necessários governos socialistas para a manutenção do regime, o que remete a ideia do corpo social como a integração de todos os seus órgãos que cumprem funções específicas. O socialismo seria então apenas um método de produção distinto, talvez até mais perverso do que a ilusão de liberdade capitalista, pois este retira os ideais do trabalho como dignificação do homem.
Por Gabriel Garro Momesso, Turma XXXV diurno

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