domingo, 25 de março de 2018

Uma nacionalidade complexa, uma monarquia despreparada e a ótica funcionalista


Fato Social e Anomia são termos frequentes quando mencionado o pensamento e, consequentemente, a corrente sociológica de Émile Durkheim. Sendo o primeiro um modelador coercitivo e externo ao indivíduo, e o segundo um cenário de desagregação das instituições sociais, tais concepções são elucidativas de situações hodiernas.

Recentemente o ex-presidente representante do povo catalão, Carles Puigdemont, foi detido na Alemanha e espera por julgamento. A situação da Catalunha e do seu país, a Espanha, faz -se complexa a décadas, pois independência e manutenção da atual estrutura são discussões que permeiam o imaginário social da Catalunha e instalam um sentimento de desacordo nos ares espanhóis. Sendo assim, o “não pertencimento” dos catalães ao ideário de nacionalidade do povo espanhol revela o quanto é complexo entender as acepções sociais de um povo. O indivíduo que vive no território da Catalunha já nasce com uma postura anterior a ele acerca do posicionamento de independência do território, ou seja, acreditar em um desarranjo cultural (e até econômico) e, por sua vez, não se enxergar semelhante revelam-se como um fato social, pois revelam-se censuradores de qualquer outra forma de analise.
Da mesma forma, a postura do Estado espanhol possui a mesma correspondência na corrente sociológica funcionalista. A monarquia espanhola por acreditar em uma “superioridade” cultural acaba por manter uma postura obsoleta perante a necessidade da realidade multicultural espanhola, visto que a autonomia conquistada pelo povo Catalão é considerada um “presente” do estado espanhol, e não um direito. Assim, uma concepção ultrapassada também perpetua um pensamento externo, dessa vez, ao povo espanhol e mantem um cenário ignóbil à sociedade.
A consequência desse choque de Fatos Sociais pode resultar, como o ocorrido no plebiscito de outubro de 2017 onde conflitos entre os policiais e os civis catalães fizeram-se visíveis, na anomia. Uma concepção equivocada de “identidade” somada com um respaldo ignorante e despreparado de um poder superior podem resultar em um cenário de caos. Conflitos armados, terrorismo e incorrespondência da sociedade com as instituições são possibilidades de um futuro incerto.
Em síntese, os dois termos que permeiam a sociologia de Durkheim exemplificam bem o cenário espanhol. Assim, dois fatos sociais que são anteriores à população atual perpetuam posturas equivocadas de ambos os lados e acarretam em consequências extremadas como a anomia e que, por sua vez, mesmo estando registrada em teorias sociológicas faz-se completamente imprevisível e catastrófica.

Matheus Faria de Souza Paiva - Turma XXXV (matutino)

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