sábado, 24 de março de 2018

Durkheim, consciência coletiva e as eleições de 2018

É parte fundamental do pensamento do sociólogo francês Émile Durkheim (1858-1917) a ideia da submissão da individualidade ao coletivo, isto é, a ideia de que a sociedade como um todo exerceria uma força, exterior e coercitiva, sobre cada indivíduo. Segundo Durkheim, "o conjunto de crenças e dos sentimentos comuns à média dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado, que tem vida própria; podemos chamá-lo de 'consciência coletiva'." É tal "consciência coletiva" que determinaria as atitudes e formas de pensar dos membros da sociedade em questão.

No contexto político atual de nosso país, torna-se pertinente discutir a temática do individualismo em Durkheim. Em meio a uma crise política extrema que envolve investigações de crime de corrupção por políticos de alto escalão, teremos, no ano de 2018, eleições para os cargos de presidente, governador, deputado e senador. A idolatria de candidatos, que ganham a imagem de "salvadores da pátria" na situação de crise, tornou-se uma cena comum. Em uma realidade na qual a consciência coletiva dita qual candidato terá a maioria dos votos, o cidadão brasileiro vê-se, em conformidade com o pensamento durkheimiano, submisso à vontade do meio social.

O problema surge quando tal vontade passa a ser manipulada pelos próprios candidatos, que buscam, seja por meio da disseminação de "fake news" que convenham à sua campanha, favorecendo a sua imagem (ou desfavorecendo a de outrem), ou por meio de promessas que cativam certos grupos da sociedade, moldar tal consciência coletiva, aproveitando-se da coerção que o todo exerce sobre as partes para agregar votos em seu favor. Essas práticas, embora imorais, fazem-se presentes com frequência cada vez maior conforme as datas das eleições gerais se aproximam.

A dúvida que resta é: será que seremos, como povo, capazes de superar a consciência coletiva e realizar o voto consciente nestas eleições? Para Durkheim, não seria possível fazê-lo, mas cabe a todos nós procurar exercer nosso papel como cidadãos e mudar essa realidade, nas urnas e no dia a dia, combatendo a alienação política e a dissipação de notícias falsas ou distorcidas, com a finalidade de trazer uma perspectiva de futuro melhor para o país.


Lucas de Araujo Ferreira Costa - Turma XXXV Matutino

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