segunda-feira, 12 de março de 2018

Direito e política em prática


 A atemporalidade de grandes escritos que têm como base uma análise da sociedade, tais quais a obra de cunho científico novo organumde Francis Bacon, e o Discurso do método, de René Descartes, se faz extremamente visível no quadro político atual, no qual nota-se claramente uma ascensão da direita em todo o mundo. Esse fato decorre, além de outros fatores, de uma das críticas mais assiduamente feitas por Bacon em sua obra: o exercício da ciência sem um meio prático para chegar ao fim que se destina, de modo que a gerar um intenso descompromisso no âmbito legal quanto a ações que promovam mudanças táteis à sociedade, levando a uma estagnação das causas sociais e afins.

 Nesse contexto, diversos pensadores e juristas associados à esquerda na contemporaneidade têm visões extremamente idealizadas, sem que levem em conta as vias para atingir seu objetivo. A exemplo de revolucionários que criticam uma sociedade com distribuições desiguais de terras e marcada pela divisão de classes, porém não explicitam o trajeto a ser traçado para que a sociedade atinja uma condição de maior igualdade, sendo isto o exato alvo das críticas de Bacon e Descartes. Uma vez que, para os filósofos, a interpretação sem uma finalidade de mudança é inválida.

 Enquanto isso, a direita exibe ideais de fácil digestão e de grande aderência popular, a exemplo de discursos xenofóbicos ou machistas, visões constantemente presentes nas falas conservadoras. Assim, com a falta de ações práticas e reais nos campos da política e do direito em prol de uma sociedade que tenda mais à justiça e igualdade nos moldes idealizados por Marx ou Engels, aberrações como a eleição de um chanceler de extrema direita na Áustria ou a irrupção de um partido com discursos islamofóbicos e antieuropeus
 no parlamento alemão serão cada vez mais frequentes.

 Tendo em vista essas problemáticas questões, a ocupação efetiva do direito em associação com a política se faz como uma solução tátil e interessante a este aumento de ideais que desfavorecem as parcelas marginalizadas da sociedade, a partir de ações que sejam sensíveis a curto prazo pelas massas sociais, sem entretanto se perder em noções de idolatria, tais quais criticava Bacon. De modo a melhorar aos poucos a vida desses indivíduos, e não buscando mudanças estrondosas que apenas se fazem viáveis a um longo prazo.


Caio Alves da Cruz Gomes - 1º ano Direito Noturno

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