quarta-feira, 15 de novembro de 2017

Relato por reconhecimento

20 de janeiro de 2004, eu e meu marido tentávamos casar civilmente há um ano, até aí você deve estar pensando, "mas é simples, basta ir no cartório", todavia preciso dizer que eu também sou homem e estamos tentando realizar nosso casamento homoafetivo.  
No país que vivo, Brasil, a família tradicional tenta barrar qualquer avanço na luta por direitos iguais à comunidade lgbt, mas não era para ser diferente? Visto que temos o princípio da igualdade previsto na Constituição, que é topo da hierarquia jurídica. 
Na semana passada li um livro do Axel Honneth sobre luta por reconhecimento e percebi que estamos longe de sermos reconhecidos nessa sociedade conservadora. Esse autor diz que a primeira dimensão de reconhecimento é o amor, responsável por gerar o respeito e consequentemente autoconfiança individual, para assim participar de forma autônoma na vida pública, mas quando ando nas ruas de mão dada, os olhares que vejo são de reprovação e desprezo. 
Em seguida, ele coloca o direito como dimensão do reconhecimento, contudo vocês já devem ter percebido que as normas jurídicas não interagem de forma efetiva com meu grupo social. Em terceiro Honneth coloca a solidariedade, mas para que essa aconteça, ainda terá que haver muita luta social. 
Percebi que ainda terão muitas divergências para eu conseguir casar, talvez vocês achem isso algo sem sentido, que eu deveria deixar para lá, mas faz parte da minha integridade, não me sinto reconhecido na sociedade, e se depender de mim, vai ter muita luta social por reconhecimento sim! 

Vinícius Campos - 1°Ano Direito diurno 

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