segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Justiça Social

A criminalização do aborto de anencefálos seria a consolidação do Poder Simbólico explicado por Bourdieu. Ele consiste na manipulação da classe dominante frente as demais com o objetivo de tornar “certo” determinados ideais que não deveriam ser universais. Dessa forma é possível estabelecer um controle social intenso, não só pela predominância desses valores, mas principalmente pela realidade impalpável deles, que é absorvido pela população em geral de forma a ser um longo e dificultoso, o processo de separação.
A discussão, portanto, sobre descriminalizar o aborto em que não há nenhuma chance de vida posterior ao nascimento, possui, em maioria, opiniões contra pautadas em simbologias difundidas pela população, como o “conhecimento” de que a vida é intocável. Essas simbologias podem ser religiosas, já que outro argumento é que Deus é o único que pode interferir na vida, e interromper uma gravidez seria antecipar algo que não deveria ser antecipado. Porém, o que deve ser levado em conta e o que, felizmente, foi levado, é a saúde da mulher. Em uma gestação não é apenas o feto que importa, é dever do direito proteger a mulher e não apenas de fatores físicos, como uma gravidez de risco, mas também de uma gravidez que trará para ela danos psicológicos grandes, pois não interrompendo a gravidez, haverá a espera de 9 meses para o nascimento de um ser que não sobreviverá. Isso ofende a dignidade e, assim, não há motivos para que a gestação não seja interrompida caso desejado. Os únicos argumentos, como citado, não possuem respaldo cientifico e muito menos ético, contrariando completamente a lógica do direito.
Dessa forma, de acordo com o autor, é dever do direito não se utilizar do instrumentalismo ou do formalismo. Este pressupõe a não influencia dos grupos sociais, das pressões sociais, enquanto aquele confere ao direito a característica de instrumento da classe dominante. Sua atuação deve ocorrer livre de influências, sendo apenas a racionalização, configurando a justiça social. 

Thalita Andrade Barbosa - Diurno 

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