sábado, 23 de setembro de 2017

I have one thing to say YOU BETTA WERK!


Sociedade, Estado, Família e Plural. Isolamento, Individualidade, Estranheza e Singular. O primeiro caracteriza o dever ser do animal humano, primeiro da espécie, que pouco trabalha e muito aproveita dos prazeres daquilo que já possui, vive em coletivo e partilha suas glórias e infortúnios. O segundo caracteriza a práxis do homem moderno, egoísta, egocêntrico, individualista, aproveitador e mesquinho. Essas são as virtudes do capitalista. Ignorar ou sobrepujar o coletivo: o que é meu tem mais valor e importância, quem luta consegue, se você está na minha vida é porque me é útil. Um parasita que suga e mata tudo o que se apropria, que sempre está à procura de uma nova presa.

Qual a principal propriedade desse Midas - que ao invés de transformar em ouro, torna cobre aquilo que toca – contemporâneo? O trabalho. O trabalho que, em princípio e forma, é melhor executado e proveitoso quando realizado em grupo. Contraditório, não é? Se apropriar de uma atividade coletiva para fundamentar uma ética ególatra? Ah, mas você ainda não percebeu que não há nada mais confuso que nossa espécie? A lógica do trabalho funciona como um mecanismo de ganhos, corroborando com a acumulação. Assim, como os dragões tolkienianos ou os clássicos grifos, o ser humano se apodera de tudo que é belo, principalmente se aquilo pode gerar mais frutos. Ouro, moeda, crédito, propriedade, criações, ações e promissórias são como os oásis para os perdidos no deserto, ele tem sede pela posse.

Sob esse aspecto, a sociedade, no sentido estrito de coletivo de homens, desenvolveu, através da história, um sistema que favorecesse suas necessidades sovinas, denominado Capitalismo. O Capitalismo significou a morte do homem animal e o apogeu de um novo tipo de homem, o que tudo tenta possuir, o capitalista. O capital, como representante máximo dos desejos e das indispensabilidades do capitalista, o verdadeiro e único deus na terra, só é alcançado pelo trabalho. É por meio da labuta que o sujeito se aproxima de deus (dinheiro) e do paraíso (fortuna). Aqueles que não trabalham estão, na verdade, negando a divindade e seus privilégios. Ao renunciar o sagrado, o homem recusa a sua essência, nega a si mesmo, dessa forma, nega também aos seus. Não é mais homem e nem animal, é o nada. Quem não trabalha não é digno, honesto e verdadeiro, é herege, profano e corruptor de sua própria espécie, um traidor, um novo Judas.

O capitalista deve trabalhar, quando mais cedo melhor, quanto mais sofrimento melhor. Ignorar sábados e dias santos, lutos e descansos. Evitar família, amigos e lazer. Falar pouco, comer e beber estritamente o necessário. Pensar somente em como produzir, de maneira sistemática, melhor. Comprar, vender, investir, circular o dinheiro, criar capital. Dessa forma atingirá o paraíso perdido, a Canaã dos bravos, o Elísio dos heróis. Desprezar a ultrapassada condição animal. O além-do-homem está escondido nas entranhas que transcendem o Capital. Evolua, cresça, melhore, produza e, principalmente, trabalhe. 

Rafael Pedro - 1º ano - Direito Matutino 

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