Todos, pouco a pouco, são apenas mais um tijolo na parede

O clipe Another Brick In The Wall, bem como a sua letra, da banda britânica Pink Floyd mostra a opressão de uma instituição escolar que retira dos alunos a criatividade, o questionamento e os ensinam a matéria de forma imposta, sem que haja diálogo entre aluno e professor. É possível associar essa música àquilo que Émile Durkheim teorizou como fato social: para o sociólogo, esses fatos, que devem ser compreendidos como coisas, possuem força imperativa e coercitiva que se impõem ao indivíduo sem a necessidade de sua vontade manifesta e que o guiam em sua forma de pensar, falar, agir e sentir. Durkheim considera a educação como um fato social, pois “toda educação consiste num esforço contínuo para impor à criança maneiras de ver, de sentir e de agir às quais ela não teria chegado espontaneamente” (DURKHEIM, Émile. “Que é fato social?”. In: As Regras do Método Sociológico (1895). São Paulo: cia Editora Nacional. 1987, p. 6, capítulo I) sendo, assim, o instituto que constrói o ser social que interiorizará, aos poucos, os seus valores.

A reflexão que busco trazer é sobre a forma em que essa formação da pessoa é feita. Uma educação cruel, como Pink Floyd expõe com maestria, aniquila a beleza do viver, fazendo com que o indivíduo seja apenas mais um tijolo da sociedade. O ciclo da vida resume-se apenas em nascer, trabalhar, se aposentar e morrer, diminuindo a realização pessoal de cada um para que a organicidade do corpo social seja mantida. Considerando que “nem toda coerção social exclui necessariamente a personalidade individual”, como expõe Durkheim em seu livro As Regras do Método Sociológico (DURKHEIM, Émile. “Que é fato social?”. In: As Regras do Método Sociológico (1895). São Paulo: cia Editora Nacional. 1987, p. 4, capítulo I), é possível a existência de uma educação que não seja opressora, manipuladora e que limita e controla o pensamento do aprendiz.

Yasmin Fernandes Soares da Silva - 1º ano Direito [matutino]