quinta-feira, 31 de agosto de 2017

O MUNDO É INÓSPITO À EDUCAÇÃO

            É do conhecimento do senso comum que a educação é um problema latente no Brasil, contudo pouco se fala de como algumas Universidades com fins lucrativos alienam seus alunos com a simples finalidade de acúmulo de capital.
            Em 2014, a empresa que mais recebeu dinheiro do governo foi a Kroton Educacional S.A., maior empresa de ensino privado do mundo, com cerca de 1 milhão de alunos distribuídos entre a Anhanguera, LFG, Unic, Unime, Uniderp. O crescimento dessa Instituição deu-se principalmente pela exploração da falta de controle do FIES: “Em 2016, a receita liquida somou R$ 5,24 bilhões”- (Valor Econômico, 22 de Março de 2017), o que representa quase 1 bilhão a mais do que a somatória de todos os  gastos de água, energia e segurança das Universidades Federais do Brasil em 2017, como mostra notícia da Gazeta do povo em 13 de agosto de 2017.Por essa análise, a grande questão é que tal cenário objetiva somente o lucro e, portanto, cria mecanismos de barateamento da graduação para a Instituição, como disciplinas à distância, enquanto os alunos não tem acesso à qualidade de ensino merecida.   
            Tendo em vista tal problemática, tomamos a visão de Marx sobre o Materialismo Histórico como base para discutir como esse tipo de ensino é um meio alienador e intensificador das desigualdades.
            Em primeiro lugar, é fundamental entender como conceito de “classes sociais” aqueles indivíduos que possuem mesma situação econômica e o mesmo acesso aos meios de produção, sendo estes relacionados às formas de criação dos bens de consumo que existem em uma sociedade. Pensando nisso, a importância dada por Marx a esse quesito justifica-se, segundo a sua teoria, pelo impacto que a situação econômica de um sujeito tem em sua trajetória de formação. Pois, é inegável que aqueles que possuem maior condição econômica também possuem maior número de oportunidades de manter-se em melhor condição material. Já aqueles desprovidos das mesmas oportunidades enfrentam dificuldades superiores de ascensão na escala social.
Marx refere-se a essa condição do mundo social humano como “concepção materialista da história”, uma perspectiva que atribui grande peso à condição material do indivíduo nos processos que determinam os aspectos da sua vida. Isso quer dizer que tal concepção materialista da história atribui fenômenos sociais à condição material do sujeito, que se desdobram em várias camadas diferentes do nosso mundo social.  
      Segundo o site da revista Exame, em 18 de Janeiro de 2017, de 2010 à 2015 o lucro da Kroton cresceu 22.130%. Sendo assim, paralelo visão de Marx, Universidades que enxergam seus alunos como clientes e não retornam o ensino adequado para sua inserção e ascendência socioeconômica não exercem sua função de minimizar as desigualdades, promovendo uma eterna luta de classes e institucionalizando a “violência”.
            Acrescenta-se, por fim, que para os materialistas, está nesse cenário a função das cotas socioeconômicas, a fim de garantir educação de qualidade de forma gratuita para que funcione, na prática, o princípio da Isonomia. Isso porque, há um desnivelamento real entre a rede de ensino publica e privada, não proporcionando as mesmas bases para uma concorrência justa. Diante disso, segundo Marx, não seriam os valores ou as ideias que motivariam as mudanças sociais de nosso mundo, mas sim a situação das classes dessa sociedade, criando-se assim mecanismos que supram a desigualdade e proporcionem o acesso a um Ensino Superior que lhes permitam crescer, sem ser preciso estar à mercê da exploração e alienação, apenas como fator de enriquecimento de uma minoria.

Giovanna Menato Pasquini, 1º Direito, Matutino. 

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