quinta-feira, 31 de agosto de 2017

Atuais até quando?

     Como bem destacaram Karl Marx e Friedrich Engels, a história da humanidade é caracterizada por um ciclo de acontecimentos. Embora os dois pensadores tenham chegado a tal conclusão analisando os eventos ocorridos até a segunda metade do século XIX, ela é, ainda, muito atual. Isto é, ao afirmarem que o modo de produção capitalista desencadeia picos de produção e venda seguidos por crises econômicas constantemente, até aquele momento, não tinham presenciado o grande crash da bolsa de valores de Nova Iorque em 1929, desencadeando a crise que durou até 1933 e atingiu todos os Estados capitalistas da época, nem a crise econômica que perdurou de 1997 a 2001, tampouco a iniciada em 2008; eles apenas estavam vivenciando a longa crise das economias industriais europeias que se iniciou em 1876 e durou até 1893. Todas estas crises decorreram de um aumento desenfreado das margens de lucros em detrimento da capacidade de comprar e consumir das sociedades.
     Dessa forma, para a dupla, com o intuito de se evitar que aconteçam mais crises capitalistas, as quais derrubam mais ainda a classe trabalhadora desfavorecida, ou seja, o proletariado, os pertencentes a este deveriam juntar-se e destronar o modo de produção vigente desde o final da Idade Média, instalando o socialismo e, sem seguida, o comunismo, que pretende promover o estabelecimento de uma sociedade igualitária, sem classes sociais e apátrida, baseada na propriedade comum dos meios de produção.
     De acordo com Marx e Engels, o capitalismo é injusto, pois uma pequena parte da população, a burguesia, detém a maior parte dos meios de produção, além de não dar espaço aos pequenos burgueses e os seus comércios. Para terem tanto poder, utilizam-se da mais-valia, a qual consiste na diferença entre o valor gerado pelo trabalho e o pago ao trabalhador pela sua realização. Atualmente, de acordo com pesquisas realizadas recentemente, foi comprovado que as marcas Nestlé, Carrefour, Zara, Hershey’s, Nike, Apple, Coca-Cola, Victoria’s Secret e Forever 21 submetem os seus trabalhadores a condições próximas à de escravidão com o fim de produzirem e venderem mais, tendo pouquíssimos gastos com a manutenção do operariado. Ao fazerem isso, conquistam o mercado de todo o globo terrestre, como afirmado por Engels em “O manifesto do partido comunista”: “Em lugar das antigas necessidades, satisfeitas pela produção do país, encontramos novas necessidades, exigindo, para satisfazê-las, produtos de terras e climas distantes. No lugar da antiga reclusão e autossuficiência local e nacional, temos conexões em todas as direções, uma interdependência universal.”.
     Eles propõem, assim, que acabem com o capitalismo para todos terem boas e iguais condições de vida. Além disso, Marx afirma que esse modo de produção aliena os indivíduos e que todas as instituições nele presentes o reforçam: o direito, diferentemente do que afirmava Hegel, media as relações apenas entre os iguais, e não entre todos; seria necessário que todos fossem iguais para que o direito garantisse a total igualdade entre os cidadãos. O ideal, portanto, seria que se extinguisse a exploração do homem pelo homem.

Bruna Benzi Bertolletti - 1º ano direito diurno

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