segunda-feira, 14 de agosto de 2017

Nada Positivista

Vejo-a deitada.
Impotente, imutável, dolorosamente indiferente.
O tempo passa impiedosamente.
Aproximo-me, não recebo nada .
Não há movimento.                         

A mão que me afagava: estática.
Os lábios que me ensinavam: oclusos.
A mente que me amava: escura.
Amor... qual razão haveria nele?
Não há sentido, ela está indo...

Aonde se encontra a religião?
Lembro-me dela nos lábios do padre: “Vontade de Deus”.
Expressão regular, genérica em comparação à NOSSA trajetória.
Nada me explica, não há apoio.
Não há metafísico em mente.

 Aonde se encontra a ciência?
Lembro-me dela nos lábios do médico: “Câncer”.
Palavra, ínfima para a quantidade de lágrimas.
O lamento pinta meu arredor de prantos.
Não há perda na física social, há uma mera vítima da natureza.

Aonde se encontra você?
Lembro-me de nós: “Amo-te, mãe”
Não há mais nada entre mim e ti.
Debocho dos consolos
Não há razão

Ela desconhece meu sofrimento.
Ela desconhece o adeus a seu amor.
Não há simples, não há complexo.
Não há referência.

Não há

LUCAS CORREA FAIM- DIREITO NOTURNO

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