quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Precisamos falar sobre o aborto e seus dobramentos no Direito e vida social da mulher: Anne

Anne tinha um sonho, sonhava em ser mulher. Mas não qualquer mulher... livre de toda e qualquer amarrada social. Empoderada. 
Todavia, ela bem sabia que sua conduta era regulada por leis do Direito que tampouco se importavam com suas peculiaridades e reais necessidades, pois os criadores dessas leis tinha uma vida completamente diferente da de Anne.
Ela engravidou num momento nem tão feliz, sob circunstâncias que mais lhe faziam mal do que bem. Anne queria ser mãe, mas não naquele momento específico. O que os outros tinham que palpitar nisso sendo que seriam indiferentes em relação ao futuro de Anne e seu bebê? 
Todavia, ela enfrentou todos preceitos religiosos, éticos, morais e econômicos para interromper sua gravidez. Aquilo não era vida, era uma tortura.
Seu bebê já fora considerado como morto pela Medicina antes mesmo de ter vida. Sua gestação fora longa e dolorosa, com a certeza de que aquele ser em seu útero apenas esperava o tempo de ser descartado. 
Mas o julgamento da ADPF 54 abriu uma porta de esperança para essa é outras mulheres. Ser dona do próprio corpo passou a ser algo tangível, segundo Bordieu, a instrumentalização do Direito vai na contra à corrente de ideias misóginas e começa a receber as demandas de minorias que sofriam silenciosamente até então. Agora que têm voz, mulheres como Anne não se submetem às amarras sociais sem lutar, pois conscientes de seus direitos utilizam os recursos antes desconhecidos para se empoderar.
Afinal, um aborto não se resume ao bebê, mas a mãe, sujeita esta que incontestavelmente é um ser vivo - o qual também precisa de amor e cuidados. Parir um ser que será descartado logo em seguida é um trauma que pode acarretar em consequências piores pra sociedade em vários estratos, logo, a importância da aprovação do aborto de anencéfalos traz consequências positivas para a vida em grupo, poupando tanto a mãe como a criança que viria a sobre bullying e outras dores sociais. 

Sugestão de filme: Precisamos falar sobre o Kevin (2009).



Letícia Felix Rafael, 1 ano - Direito (noturno)

Nenhum comentário:

Postar um comentário