terça-feira, 25 de outubro de 2016

Por Max Weber

Com uma linha reta
É possível desenhar uma rua,
Um edifício e toda a malha urbana ferroviária.
É possível desenhar um quadrado, um hexágono,
Um plano cartesiano
Um ascendente de produtividade
Um castelo, se você for toquinho
E o infinito, se for poeta.
Mas é presumivelmente impossível
Definir a distância entre os direitos de um grupo privilegiado e um marginalizado
Tal é sua distância
E sua posição como ponto fora da curva
Que não se curva
(A não ser quando apanha
De punho
De palavras
Ou de falta de amor)
Uma linha reta pode formar letras
Palavras
Frases
E contar histórias
Mas nunca ser a História
Já que está é espiral
Retorna sobre si mesma
Inverte a cronologia
Avança e regressa
E, frutos da História,
Assim também são seres humanos
Esses maravilhosos seres
Plurais (desde que no padrão)
Coloridos (desde que brancos)
Autênticos (ok... Mas sem extrapolar)
T
E
N
D
E
N
C
I
O
S
O
S
Vou lhes contar
Uma história linear
De um ponto fora da curva
X nasceu XY
Mas X se sentia XX
'Anormal', ouviu dizer
Cercado de cidadãos de bem
(Poema em linha reta: "nunca conheci quem tivesse levado porrada")
Mas X cresceu
E cresceu sua angústia
E cresceu seu repudio a si
E cresceu incontrolavelmente sua vontade de ser
E pensou
E pensou
E pensou
'Serei', resolveu
E X denominou-se XX
E veja bem: denominou-se, mas quem disse que podia?, não havia uma parte do antes Y que lhe cabia?
("Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar")
Pois bem
Devo poder, pensou
E fez o que o ser humano aprende
Desde suas roupinhas cor-de-gênero no berço
E entende que pode fazê-lo
Sem causar male algum:
Pediu
...
Santa inocência!
Não sabe da blasfêmia?
Acha que tem mais direito, que tem direito que seja?
'Sejamos racionais', disseram os homens formais
'Não podemos atender seu pedido
Seria injusto até com seus iguais'
(E voltam às suas vidas pacatas
E falam sobre receitas)
Injusto de acordo com a lei
Que as próprias linhas desenharam
Não cabem os pontos a parte
Agora que já os dominaram
Não cabe saúde pública
Não cabe indenização
Não cabe sanidade mental
Não cabe medida de proteção
Não cabe, pronto; socorro!
Acontece que nós,
Magníficos tendenciosos,
Tendemos só para os nossos
Quando o ponto fora da curva
Pede a reta que se curve
(Mesmo que um dos pontos da reta - o ponto disso encabido - concorde que seja necessário: mas é só um; salafrário!)
Não adiantam provas materiais
Do discernimento
Da necessidade
Da vontade
Do ser
De ser
Do ponto
A reta segue
Impassível e dura
Formal e, bem, reta
(Talvez curva para cifrões)
Mas sempre reta para nós
E, sim, digo "nós"
Porque para contar essa história
Com qualquer racionalidade
Pulo fora da reta
Que me confere imparcialidade
E me jogo como ponto no limbo
Nem na curva, nem na reta
(Embora essa peculiaridade me torne parte de minoria seleta)
De qualquer modo, aqui,
Entre os tantos pontos sem curva,
É visível o quanto a reta
Quanto possível, se perpetua
E, em sua imensidão,
Um questionamento se faz:
Seria infinita para frente
Ou infinita para trás?

Mariana Luvizutti Coiado Martinez - 1 ano Direito Noturno

Nenhum comentário:

Postar um comentário