segunda-feira, 22 de agosto de 2016

O concreto como algo mutável

O materialismo dialético como método científico promovido por Karl Marx e Friedrich Engels tem como uma das características a perda da visão do todo. Isso quer dizer que nesse método de análise, o cientista vai além do instantâneo, além do que os olhos enxergam. Dessa maneira, infere-se que o cientista pensa da história do objeto em análise, pensa em todas as ações que levaram tal coisa a ser daquela maneira. 
À síntese das várias ações que levam algo ser de tal maneira, dá-se o nome de concreto. Nesse aspecto, por exemplo, Marx se contrapõe a Comte e Durkheim, os quais apenas consideram o fato, aquilo que se apresenta diante dele. Um exemplo: uma pessoa moradora de rua, usuária de drogas, mata outra. Para Comte e Durkheim, essa pessoa é vista apenas como uma assassina, uma drogada. Já Marx analisaria toda a história da pessoa que cometeu o homicídio, concluindo que ela é a síntese de múltiplas contradições, sendo uma delas a incapacidade do indivíduo se inserir no mercado e acabar morando nas ruas. 

No marxismo, o concreto não é algo imóvel, isto é, de um dia para o outro o concreto pode se desfazer. Exemplo disso na atualidade é o retrocesso da conquista de direitos, usando a PEC 241, aprovada no Congresso Nacional no dia 10/08/16, a qual estabelece um novo regime fiscal, proposto pelo presidente interno, Michel Temer, e pelo ministro da fazenda interino, Henrique Meirelles, que visando diminuir a interferência estatal na economia, determina que por 20 anos não será investido dinheiro algum na educação, saúde e assistência social.  Ou seja, passa-se por cima da lei sancionada por Dilma Rousseff em 2012 que fixa gastos mínimos em saúde, por exemplo, ficando claro a assim, o retrocesso e a mudança do concreto. 

Stella Cácia Bento Schiavom - 1º ano de Direito (noturno)

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