domingo, 20 de março de 2016

Utilidade da Ciência

  Francis Bacon em seu livro "Novo Organum" descreve um método inovador de se obter conhecimento: os sentidos guiando a razão. Nesse sentido, Bacon se mostra um empirista, isto é, alguém que acredita que o conhecimento só pode ser obtido através da experiência sensorial.
  Dito isto, o pensamento de Bacon se difere muito do de Descartes, que descarta os sentidos para a obtenção do verdadeiro conhecimento uma vez que estes nos enganam em diversas situações. Além disso, a máxima de Descartes: "penso, logo existo", indica que apenas o pensamento pode ser realmente comprovado como verdadeiro, e não os sentidos.
  O conflito "razão x experiência", no entanto, é uma das poucas diferenças entre as teorias dos dois pensadores. Como semelhança existe, por exemplo, o fato de ambos pensarem que a ciência deve servir a humanidade, deve ter fins práticos. Tais ideais podem ser considerados predecessores da revolução industrial e perduram, de certa forma, até hoje.
  Pode-se perceber, hoje, que a ciência está subjugada ao capitalismo. É muito difícil produzir ciência quando esta não se adequa aos interesses do capital, quando a ciência produzida não pode ser vendida. Afinal, deveria a ciência realmente ter estes fins práticos e que servem ao homem?
  À ciência que começa sem se preocupar em fins práticos, é dada o nome de "blue sky science", a ciência que tem como incentivo apenas a curiosidade, apenas descobrir "por que o céu é azul". Esse tipo de pesquisa é muito mais difícil de se fazer, pois, como não necessariamente servirá a humanidade ou o capital, não atrai muitos investimentos e nem se torna muito popular. Isso evidencia, claramente, a influência de pensadores de séculos atrás que diziam que o conhecimento, quando não favorece o homem, é inútil.

Péricles de Freitas Nogueira, 1ºano de direito.

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