domingo, 20 de março de 2016

Bacon e a propagação do conhecimento infundado

  Francis Bacon, em sua obra Novum Organum, apresenta algumas ideias que podem ser consideradas os alicerces da ciência moderna. Dentre as quais, destaca-se a valorização do empirismo; a defesa do conhecimento como instrumento de transformação; e a objeção ao conhecimento fundamentado em ídolos (falsas percepções do mundo).

  Intrínseco a este último conceito, está a ideia de ´´antecipação da mente`` tão veemente condenada pelo autor. Para ele, a antecipação da mente dá-se a medida que a percepção do real e a experiência são ignoradas em virtude de certos ídolos, resultando na construção de conceitos equivocados (pré-conceitos), base estes do senso comum.

  Atualmente, principalmente em redes sociais como Facebook e Twitter, é extremamente fácil observar tal comportamento na sociedade. Cada vez mais, tanto o conhecimento firmado na razão, defendido por Descartes, tanto aquele embasado pela experiência, defendido por Bacon, vem dando lugar ao conhecimento alicerçado em pré-conceitos.

  É imprescindível que salientemos o quão prejudicial é tal comportamento para a construção de sociedades mais justas e igualitárias. Pois a medida que os indivíduos, influenciados por seus ídolos, se apegam a determinados dogmas sociais sem, contudo, investiga-los através da razão ou da experiência, eles ficam mais suscetíveis à dominação de grupos sociais que detêm o verdadeiro conhecimento. Afinal, como defende Bacon, saber é poder.

   Gabriel Henrique Bina da Silva - 1º ano de direito, matutino

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