domingo, 19 de julho de 2015

Marxismo na atualidade: luta de classes.


"A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes."

De uma forma ou de outra, explicitamente ou implicitamente, durante toda a História da humanidade houve a luta de classes. Patrício e plebeu, proprietário e servo, mestre de corporação e companheiro. Como é dito na obra "O Manifesto Comunista", essa luta de classes acarretou sempre em uma transformação revolucionária ou na destruição das classes em conflito. Embora pensadores e personalidades neoliberais afirmem que a luta de classes é uma invenção ou que esta não existe mais, é só olhar ao redor para encontrá-la.

Luta de classes é quando jovens da periferia são proibidos de entrar em shopping centers e o mesmo não acontece para jovens universitários da classe média (Shopping barra jovens da periferia, mas libera 'rolezinho' de alunos da USP). Luta de classes é quando medem a competência e inteligência a partir da origem socioeconômica dos indivíduos (vide os insultos direcionados a Lula e a aprovação imediata de Aécio Neves, que pertence a uma família de políticos). Luta de classes é quando os estilos musicais tidos como "bons de verdade", "de qualidade" nunca vêm da periferia, mas sim dos centros, das capitais, da elite. O funk não é considerado cultura, nem ao menos música, até ser apropriado pela elite branca e colonizadora. O samba só se torna "música de verdade" quando perde suas origens populares e se adentra no ambiente da elite. Luta de classes é o fato de que "o ladrão de seis galinhas tá no presídio, o banqueiro tá livre porque tem endereço fixo". 

Dessa forma e, principalmente com a negação de sua existência, a luta de classes causa o ódio de classes. Enquanto, de um lado, há bordões como "eu tenho horror a pobre" (clássico da série Sai de Baixo, da Rede Globo), "espírito de pobre", "parece um baiano" (as opressões caminham juntas: luta de classes, racismo, xenofobia), "coisa de favelado". Do outro lado, há a violência direcionada: os "boy", as madames, os bairros nobres. Há um desprezo mútuo. Mesmo aquele que sai da periferia e supera as dificuldades financeiras, tendo um bom valor aquisitivo, não se vê como pertencente à elite: "você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você".

Assim, a luta de classes não só se perpetua na história como é potencializada pelo racismo, machismo, xenofobia. Considera não só a classe das pessoas, mas também, como em tempos medievais, o nascimento. O "novo rico" é alguém que, saindo de uma classe e adentrando em outra, conserva elementos desta e por isso é criticado por membros tradicionais da elite. Esse é só mais um exemplo do preconceito de classes no Brasil, país onde a população é extremamente colonizada, no sentido de não valorizar nada próprio, tendo um complexo de inferioridade. 

Redes sociais e as novas ferramentas de divulgação

   É notável o apuro das previsões e análise da sociedade capitalista feita no Manifesto Comunista, escrito no século XIX por Karl Marx e Friedrich Engels. Mesmo numa época em que as tecnologias de comunicação não tinham nem metade do avanço que elas possuem hoje, ele conseguiu prever o grande uso que elas teriam dentro da luta de classes - tornando-se a principal ferramenta do proletariado contra o capitalismo e a lógica burguesa.
    A internet e as redes sociais provaram seu valor ao convocar enormes manifestações da esquerda, onde, antes, isso teria exigido meses de preparação e convocação e que, mesmo assim, não alcançariam tamanho sucesso. Isso foi comprovado - apesar de não diretamente relacionado à luta contra o capitalismo em si - durante a Primavera Árabe. Num ordenamento jurídico que sufocava a voz do povo, ele encontrou saída nos meios virtuais de comunicação.
    Além de poder convocar uma parcela admirável da esquerda para se manifestar, as redes sociais são uma ferramenta muito útil para informar e clamar novos seguidores para as ideias de Marx. Esse último tópico é, lamentavelmente, muito mal utilizado - verifica-se que, na maior parte do tempo, a esquerda discute com outras parcelas da esquerda, ou faz o possível e o impossível para afastar uma população ignorante e conservadora da realidade como descrita pelo Manifesto. 

Utopia?








Paula Santiago Soares 
1º ano de Direito - Diurno

Projeções


Ideal de uma classe oprimida, aspirante a opressor.

Júlia Veiga Camacho
1º ano, Direito Diurno.


Letícia Solia
1º ano - Direito diurno

Quem vai fazer a revolução ?

No livro “Manifesto comunista” de Marx e Engels, defendem que a luta de classes esteve presente em todas sociedades da história, ou seja, a oposição entre oprimido e opressor. Ao fazerem uma análise histórica, os autores demonstram que a burguesia foi a primeira classe de oprimidos que conseguiram ganhar a luta de classes, a Revolução francesa, por exemplo, comprova essa vitória. No entanto, os burgueses não reverteram o antagonismo de classe, apenas criaram novos. Vale ressaltar ainda que a burguesia não era uma classe homogênea economicamente falando e que apenas os que possuíam mais dinheiro ascenderam ao poder.
Com o fim das cruzadas, os mercadores que faziam comércio com o Oriente retornaram para a Europa. Eles construíram cidades muradas, conhecidas como burgos. Os camponeses começaram a migrar dos feudos decadentes para os burgos e como forma de sobrevivência começaram a trabalhar nas corporações de ofício. Inicialmente, o termo burguês era usado para designar quem morava nos burgos, mas posteriormente serviu para nomear a classe social que ganhara poder econômico, transformou os meios de produção e se dedicava as atividades comerciais. A burguesia contribuiu com o declínio da nobreza, apoiando as chamadas revoluções burguesas, que abriram espaço para o avanço do capitalismo que até então era condenado pela igreja católica. Conforme o comércio ressurgia, a burguesia ganhava mais poder ,que foi consolidado com a revolução industrial.
Dois fatores foram cruciais para a revolução industrial: os cercamentos e o surgimento das máquinas a vapor. O primeiro é importante pois obrigava os camponeses a migrarem para a cidade e se sujeitarem às condições de trabalho impostas pelos burgueses. Já o segundo, permitiu que os capitalistas lucrassem cada vez mais explorando a mão de obra. Devido a revolução industrial, surgiu uma nova classe social: o proletário.
Após se tornar hegemônica na luta de classes, a burguesia criou uma nova classe social que se tornou sua opositora, de acordo com o conceito marxista. O proletário era o ator central do capitalismo mas também iria destruí-lo. “Mas a burguesia não só forjou as armas que trazem a morte para si própria, como também criou os homens que irão empunhar estas armas: a classe trabalhadora moderna, o proletariado” [p. 19]. Além disso, o operariado também possuia em seu favor os avanços estruturais criados pelos própios capitalistas, como a estrada de ferro.
Contudo, será que as previsões de Engels e Marx estavam corretas ? Visto que em poucos Estados a revolução obteve sucesso. E a ideia de revolta contra o capital não era um consenso entre os operários nem na época que o manifesto foi escrito, quem dirá nos dia atuais. Visto que muitos trabalhadores estão mais preocupados em ascender socialmente e conquistar um padrão de vida burguês do que lutar pela melhora do grupo. Mas é importante ressaltar que há sim trabalhadores preocupados com o todo, senão não haveriam conquistas trabalhistas em muitos locais.
Luís André Vidotti- 1º ano direito noturno


É a parte que te cabe deste latifúndio

— Essa cova em que estás,
com palmos medida,
é a conta menor
que tiraste em vida.
— É de bom tamanho,
nem largo nem fundo,
é a parte que te cabe
deste latifúndio.
— Não é cova grande,
é cova medida,
é a terra que querias
ver dividida.

     João Cabral de Melo Neto, neste trecho de Morte e vida Severina retrata um dos problemas do sistema capitalista: a posse da terra. Historicamente, aqueles que trabalham na terra, não veem os lucros que essa gera, estes apenas sofrem a exploração de sua força de trabalho sem pouco ou nenhum retorno. Esse mesmo abuso do trabalhador ocorre nas cidades, os grandes proprietários constantemente aproveitam-se de seus funcionários por meio da mais-valia.
     Karl Marx e Friedrich Engels no Manifesto Comunista, analisam inicialmente o modo de produção capitalista e meios para que a classe operária superasse esse sistema explorador e implantasse o socialismo. Apesar de a burguesia ser a classe opressora para Marx e Engels, estes não deixam de citar seu grande papel revolucionário na medida em que possibilitou a libertação dos limites políticos e das forças.
     Os autores afirmam ainda que o capitalismo não é apenas um modo de produzir, mas um modo de vida. Portanto, a tarefa da classe operária, segundo os autores, é dar o passo seguinte como classe revolucionária, mas não destruir o capitalismo, isto seria possível apenas com uma libertação das forças produtivas, a possibilidade de os homens deixarem fluir as suas capacidades, de se libertarem das amarras políticas, dos costumes e até mesmo da religião.
     Analisa-se também como o capitalismo dissolve tudo com rapidez única, pois ele constantemente precisa criar uma nova geração de artefatos para atingir o consumidor,e assim sustentar-se, isto para Schumpeter chama-se destruição criativa. A modernização da modernização está pressuposta no capitalismo tendo como resultado obsolescência programada; Marx e Engels na época já previam o que está acontecendo atualmente. No entanto, para os autores, a modernidade estará a favor do operariado, só na era atual haveria a união dos operários de diferentes localidades colocados juntos pela indústria criando, então, uma sociedade igualitária, sem propriedade privada e sem Estado. Observa-se que o socialismo só seria vitorioso se criasse uma sociedade nova, resta apenas saber quando veremos este feito.


Ana Flávia Rocha Ribeiro
1º ano - Direito diurno
Aula 8


O que nos assola vai findar


Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos
Uni-vos para a felicidade 
Uni-vos como um todo
Uni-vos para a legalidade

A legalidade daquilo que nos torna igual
Daquilo que não nos faz mal
De tudo aquilo que não nos massifica 
Nem nos torna consumistas

O servo distante já dizia
Assim como vós proletário ouvia
Está na história,  essa guerra de classe não finda

Mas podemos mudar
Acabar com as classes, sem utopia
E por fim, dar a volta por cima


Victor Lugan Rizzon Chen- 1ºano- Direito- Noturno

O proletariado ainda existe?

Ao longo da história, é possível analisar que todas as grandes revoluções possuíram, como ator principal, uma determinada camada ou classe social. Para realizar a Revolução Comunista, Marx afirma, em O Manifesto do Partido Comunista, a necessidade da união de todos os operários para tal objetivo. Não é a toa a célebre frase que encerra a obra: "Proletários de todo o mundo, uni-vos".

Atualmente, no século XXI, a atualidade de Marx se evidencia ao percebermos que os problemas enfrentados no século XIX continuam sendo os mesmos de hoje: a intensa desigualdade social, a concentração fundiária e a exploração do trabalhador pelas grandes corporações. A única diferença é que, naquela época, inflamada pelos discursos de Marx e Engels, a classe operária se enxergava como um coletivo, com as mesmas dificuldades e com os mesmos objetivos. Hoje, com a ascensão dos meios de comunicação e transportes, que deveria proporcionar um enrijecimento dessas relações de união, isso não mais se verifica. O operário passou a se enxergar apenas como  indivíduo,  e não pertencente à algum grupo em especial, em condições semelhantes. O que esse operário vê, hoje, como essencial, influenciado pela propaganda capitalista, é a busca pelo sucesso pessoal, profissional e financeiro, visando poder comprar algo que o aproxime das classes altas da sociedade: um carro bom, uma roupa de marca, um aparelho eletrônico de última geração. O operário olha o outro operário não mais como um semelhante, e sim como um rival no sonho de enriquecimento, acentuando ainda mais o individualismo e criando uma competição entre eles.

As discussões e reflexões frente às condições de vida desse trabalhador contemporâneo são escassas. A ordem posta se encontra tão intacta que não há sequer, em devaneios do pensamento, uma tentativa de quebrá-la ou alterá-la. O homem, em geral, se curva à ela, e não ao contrário.

 Fernando Augusto Risso - Direito diurno

Marx e o manifesto

Karl Marx (1818/1883), famoso filósofo alemão do século XIX, tem como uma de suas principais obras “O Manifesto Comunista”, que foi publicada no ano de 1848. O livro tem a coautoria de Friedrich Engels, outro importante pensador alemão, que, junto a Karl, foi responsável por fundar o socialismo científico, também conhecido como marxismo. A obra em questão trata de uma análise minuciosa do capitalismo e, devido a isso, começa apontando um breve histórico da luta de classe.
Segundo as palavras de Marx, o embate entre as classes, sempre esteve presente na sociedade e é categórico ao afirmar que tal luta sempre acabou com a “transformação revolucionária ou com a ruína das classes em disputa”, pois o opressor e o oprimido estiveram, durante a história, em posições bem distintas. Diante disso, o autor alega que a sociedade capitalista, surgida a partir do fim do sistema feudal, não colocou fim as diferenças existentes. Ela apenas criou novas classes, novos meios de opressão e, consequentemente, uma nova maneira de se lutar.    
No contexto da superação do modo de produção feudal, surgiu a manufatura como forma de aumentar a produção e, posteriormente, a indústria com o advento da Revolução Industrial, ocorrida na Inglaterra durante a segunda metade do século XVIII. Contudo tal processo, desde o princípio, visa empreender a atividade humana a fim da obtenção de lucros. O conceito de “mais-valia”, desenvolvido por Marx, deriva da exploração da classe operária feita pelos detentores dos meios de produção. A “mais-valia é uma expressão que significa à diferença entre o valor final da mercadoria produzida e a soma do valor dos meios de produção e do valor do trabalho, o lucro decorrente dessa exploração, segundo o autor, continua a crescer e as necessidades da classe operária não são resolvidas na mesma proporção.

Porém Marx conclui que a burguesia foi responsável por criar seu próprio inimigo. Ao subjugar a classe dominada a extremos como o aumento do jornada de trabalho, do uso de maquinarias, da divisão de trabalho e com a redução do salário, o proletariado será o próprio responsável a lutar por condições mais justas e dignas de trabalho. Segundo as próprias palavras do autor “(...) com o desenvolvimento da indústria, o proletariado não só aumenta em número, como torna-se concentrado em massas maiores; sua força cresce e ele sente mais essa força”. Assim Marx aponta para a importância de que os operários se organizem em grupos que representem seus interesses em detrimento da classe dominante. 

Matheus Vital Freire dos Santos - 1º ano - Direito Noturno

Uma Luta Renascida

Privilégio e miséria dos homens
Nobres e servos, patrícios e plebeus
Em uma luta entre dois mundos
Nessa luta é ele quem renasceu

O implacável império do capital 
Derrubou Deus e a antiga ordem
Hoje quem pode menos, chora mais
Então vamos guerreiros, acordem

O fantasma ressuscita outra vez
Mas não se iludam, a luta é diferente
É preciso analisar o povo e a sua gente

Proletariados contra a opressão social
Não sejam conduzidos como um animal
Libertem se dos verdadeiros burgueses



Cauê Varjão de Lima
1ª ano - Direito Noturno
Caroline Setti
1º ano - Direito Noturno

Êxtase e restrição nas classes

Em Marx, um dos conceitos basais é a eterna "luta de classes", que se manifesta ao longo da humanidade. Patrícios e plebeus, senhores e servos, capitalistas e proletários. A humanidade está em constante luta para mudar o poder. Aos que estão no topo, a luta é para defender sua permanência. Aos que estão submetidos, a luta é para modificar. No momento do Manifesto Comunista, escrito em 1848, a luta era entre os industriais e os trabalhadores. Submetidos às duras rotinas de trabalho em uma atividade vazia, que era feita por uma migalha econômica do que era arrecadado por seu patrão. A produção era feita para suprir uma necessidade criada pela própria sociedade industrial, O homem era só trabalho, não havia tempo.
O que leva a ponderar sobre como, ao proletário explorado, poderia gozar de seu parco tempo livre? Então surge novamente a indústria, substituindo a religião e a valorização de outras virtudes para transcrever, no trabalhador, os valores e os conceitos da classe burguesa, por meio de intervenções culturais aparentemente inocentes, mas de grande impacto na vida do homem simples. Por meio dessas intervenções, um produto é vendido. O consumo se torna sacro e de grande valia, associado a felicidade e a razão teleológica da vida. Iludido pelas maravilhas da indústria, que, impulsionada pelo capital, se desenvolve e se torna mais eficiente, bela, rápida e, principalmente, rentável, o trabalhador não nota que sua classe alimenta com suor o constante afunilamento da "pirâmide monetária".
O trabalhador deve se afastar de questões existenciais, das outras partes do processo de produção e, principalmente de ideologias vermelhas, pois tais comportamentos só tomam o tempo de trabalho e são um ataque direto à " cultura burguesa".
Tornar o grande objetivo da vida de sua classe subalterna o consumo de seus próprios produtos torna a classe burguesa e o grande capital que retém e pouco distribui um grande organismo que restringe o prazer criado. A frustração do trabalhador se reflete em um desejo maior, que o motiva a continuar trabalhando para atingir uma meta por vezes, vazia.

Diego Franco Veloso 1o ano Direito Noturno

Os críticos de Karl Marx

     Karl Marx foi o intelectual revolucionário que compreendeu de forma única a dinâmica das revoluções tecnológicas no modo de produção capitalista, em função da propriedade privada, da economia de mercado, da concorrência desenfreada e da crescente extorsão através da mais-valia. Até a chegada da teoria marxista, a filosofia contentou-se em interpretar o mundo, entretanto, Marx propôs transformá-lo e, para isso, seria preciso suprimir quaisquer condições sociais que fizessem do homem um ser explorado, oprimido e alienado, criando, através das atividades sociais, uma sociedade na qual o livre desenvolvimento de cada indivíduo se tornasse o desenvolvimento de todos. Essa seria a sociedade comunista.
     Apesar de ter conquistado um grande número de seguidores, Marx também atraiu as críticas de alguns estudiosos que buscaram, e ainda buscam, mostrar os equívocos de seu pensamento. Alguns desses estudiosos são Karl Popper, Ludwig Von Mises e Eric Vögelin.
     Popper considera o marxismo “não-científico” ao afirmar que este não é passível de contestação, tornando-se, assim, um dogma, e não, uma ciência. Ludwig aponta a impossibilidade de se consolidar uma sociedade completamente socialista, uma vez que o sistema de preços guia o empreendedor acerca das necessidades dos consumidores. Por fim, Vögelin afirma que Marx e Engels cometeram um grave equívoco ao começarem o Manifesto Comunista dizendo que toda a história social até o presente é uma história da luta de classes, isso porque, para ele, houve diversas outras lutas que nada tiveram a ver com esse aspecto e, além disso, há um erro de atemporalidade, pois as classes sociais nem sempre existiram.
     Desse modo, podemos ter em mente duas vertentes acerca do marxismo. A importância que Karl Marx representa em nossa sociedade é incalculável e seus apontamentos sobre os abusos e explorações do sistema capitalista são de grande veracidade. Entretanto, vale ressaltar opiniões divergentes do tema, a fim de gerar boas reflexões e possíveis debates.
Gabriela Melo Araújo - 1º ano
Direito - Noturno

O marxismo em Clube da Luta

“(...) the leaden world holds us fast, and we are chained, shattered, empty, frightened, eternally chained to this marble block of Being... and we —we are the apes of a cold God.”
- Karl Marx, 1837.

We're the middle children of history. No purpose or place. We have no Great War. No Great Depression. Our Great War's a spiritual war... our Great Depression is our lives.”
 - Tyler Durden, Fight Club, 1999.

Poucas obras refletem tanto a ideologia marxista quanto o livro de 1996 de Chuck Palahniuk e o filme homônimo de 1999, dirigido por David Fincher. A visão marxista, baseada nas obras do século XIX de Karl Marx, afirma que o sistema econômico exerce grande dominância sobre o sistema político, a sociedade e a história. Para Marx, todos os sistemas econômicos criam duas classes sociais, em que uma delas possuiria maior poder, que seria usado para oprimir a outra.

“The history of all hitherto existing society is the history of class struggles. Freeman and slave, patrician and plebian, lord and serf, guild-master and journeyman, in a word, oppressor and oppressed, stood in constant opposition to one another, carried on an uninterrupted, now hidden, now open fight, a fight that each time ended, either in a revolutionary reconstitution of society at large, or in the common ruin of the contending classes.”
- Karl Marx, O Manifesto Comunista, 1848.

No sistema capitalista, a classe mais forte, porém menos numerosa, a burguesia, é dona dos meios de produção, como fábricas, indústrias, terras e capital. A classe mais fraca e mais numerosa, o proletariado, é aquela que produz a força no qual o sistema capitalista se sustenta e sobre a qual a classe burguesa tira o seu poder. O conflito de classes é inerente ao capitalismo, porque a burguesia opressa o proletariado, que uma vez insatisfeito, revolta-se contra o status quo vigente, visando resgatar uma igualdade estrutural entre as duas classes distintas.
Clube da Luta exala marxismo através do alter-ego do Narrador e antagonista principal da obra, Tyler Durden. Da mesma forma que Marx em seu Manifesto Comunista, Durden clama por revolução. O discurso do personagem de Palahniuk é extremamente assemelhado ao discurso empregado por Marx para refutar o capitalismo em suas obras. E a partir da revolução, considerada como uma necessidade por Marx, é que advém a importância e o poder do proletariado, também mencionados por Durden.

“Let the ruling classes tremble at a Communist revolution. The proletarians have nothing to lose but their chains. They have a world to win.”
- Karl Marx, O Manifesto Comunista, 1848.

“We’re everyone you depend on. We’re the people who do your laundry and cook your food and serve your dinner. We make your bed. We guard you while you’re asleep. We drive the ambulances. We direct your call. We are cooks and drivers and we know everything about you. We process your insurance claims and credit card charges. We control every part of your life.”
- Tyler Durden, Clube da Luta, 1999.

A obra reflete a doutrina marxista especialmente no que tange o forte discurso anticonsumo que retrata. Segundo Marx, a imposição da ideologia burguesa à sociedade, através de propagandas e incentivos ao consumismo, é a maneira pela qual a burguesia previne que o proletariado tome consciência da opressão que sofre. Ao contrário da religião, como propôs Marx, Palahniuk define, em sua obra, o consumismo como o ópio do povo. Antes de conhecer Durden, por exemplo, o Narrador baseava sua felicidade meramente em posses, sua personalidade era aquilo que ele consumia. The things you own end up owning you.
A argumentação contida no livro e no filme que visa destruir as falsas necessidades e libertar o homem das regras impostas pela sociedade refletem claramente a oposição de classes e o esgotamento do sistema capitalista, tal como proposto por Marx um século e meio antes. Por isso que Clube da Luta é uma obra que vai muito além da violência e do discurso psicológico, sendo de extrema importância social para a compreensão da doutrina marxista na sociedade atual.

“Everything’s going according to plan: we’re going to break up civilization so we can make something better out of the world.”

Lívia Armentano Sargi

1º ano - Direito diurno

Há maior atualidade?

 A questão proposta se refere a obra “O Manifesto Comunista” de Karl Marx, o qual disserta acerca do capitalismo e seus desdobramentos. A cada parágrafo é como se estivesse ali exposta uma descrição na nossa sociedade atual. O que será demonstrado nos parágrafos abaixo.
Precipuamente, Marx assevera a grande dualidade do mundo: ricos X pobres. Tal assunto muito já muito debatido em todos os meios de comunicação não deixa de ser menos importante, uma vez que a concentração de riquezas por uma minoria decorrente  da exploração de uma grande gama populacional, leva a uma segregação socioespacial, vista nas favelas, nos condomínios fechados, nos shoppings, na pobreza, na prostituição, e em várias outras mazelas sociais presentes na nossa sociedade , infelizmente, vistas com total como se fosse algo inerente á ela.
Outra constatação chave feita por ele, é a  necessidade de contínua expansão das relações de mercado, o que cabe perfeitamente na globalização do mundo atual. Um dos problemas é o fato de que com a expansão das empresas e indústrias, aprofunda-se também a miséria em escala global, já que as grandes multinacionais carregam consigo a infindável e selvagem exploração capitalista.
Nesse ínterim, para o reinado do proletariado ao completar sua revolução, Marx propõe que se deve utilizar os meios de comunicação para que todos possam se reunir, como se afirma no “O Manifesto Comunista”:  Essa união é facilitada pelo desenvolvimento dos meios de comunicação criados pela indústria moderna, possibilitando o contato dos operários diferentes”. Reportando aos dias atuais, vemos o mesmo se repetir em relação as Jornadas de Junho , na qual a internet foi o fator decisivo de mobilização, as quais contaram com milhares de pessoas.
A possibilidade ou impossibilidade da revolução proletária aqui não será discutida. Mas, sim a renovação e perpetuação de tal obra nos dias atuais, comprovando seu valor insigne e sua veracidade.
                                             Maria Izabel Afonso Pastori-1ºAno- Direito Noturno.


Marx e o capitalismo - "como lidar" ?


           Marx é muito admirado e conhecido por seus estudos sobre as causas sociais. Suas teorias continuam sendo muito utilizadas hoje, em movimentos trabalhistas, práticas políticas e movimentos políticos. O marxismo forma uma base de ação para estes movimentos, porque eles unem a teoria com a prática. Para os eles, o materialismo é a arma pela qual é possível abolir a filosofia como instrumento especulativo da burguesia  e fazer dela um instrumento de transformação do mundo a serviço do proletariado através da sua força de trabalho, resultando numa revolução do proletariado que acabaria com os paradigmas contemporâneos de contrastes sociais tão gritantes devido ao egoísmo do ser humano.
            Analisando o capitalismo, Marx desenvolveu uma teoria para o valor dos produtos: o valor é a expressão da quantidade de trabalho social utilizado na produção da mercadoria. No sistema capitalista, o trabalhador vende ao proprietário a sua força de trabalho, que é, muitas vezes, o único bem que têm, tratada como mercadoria, e submetida às leis do mercado (concorrência e baixos salários). Para o sociólogo, a mais-valia é expressa o grau de exploração do trabalho, uma vez que pode ser definida como a diferença entre o que o trabalhador produziu e o que ele realmente ganhou por isso. Percebe-se que os empregadores tem uma tendência natural de aumentar a mais-valia, acumulando cada vez mais riquezas e aumentando as desigualdades sociais dentro do ambiente do trabalho. É por isso que há um enorme contraste entre as diversas mazelas sociais, exemplo disso é a fábrica de roupas Zara, que emprega crianças e adultos numa condição miserável de vida, ficam o dia inteiro no trabalho, adquirem doenças, sofrem perigos e ganham um salário miserável; enquanto isso, o dono da loja está cada vez mais rico e abrindo diversas filiais nos diferentes países do globo.
             Há quem diga que Marx pode ser visto como um idealizador de uma sociedade com uma distribuição de renda justa e equilibrada, contudo, não é isso que ocorre nos dias atuais, uma vez que a globalização – caracterizada como um fenômeno que atende a todos, ou pelo menos deveria – faz cada vez mais o capitalismo se instaurar na sociedade contemporânea do século XXI. As pessoas estão preocupadas apenas com seu próprio bem estar, esquecendo-se do próximo e de suas necessidades. Atrelado a isso vem o consumismo, que é uma forma de consolidação do capitalismo e que vem crescendo nos últimos tempos.
             Segundo este economista, o capitalismo era o principal responsável pela desorientação humana. Ele defendia a ideia de que a classe trabalhadora deveria unir-se com o propósito de derrubar os capitalistas e aniquilar de vez a característica abusiva deste sistema que, segundo ele, era o maior responsável pelas crises que se viam cada vez mais intensificadas pelas grandes diferenças sociais. Além disso, a historia deve ser encarada como uma luta de classes, uma vez que o “opressor” e o “oprimido” estão em constante oposição um ao outro. O capitalismo e a sociedade burguesa aprofundaram a luta de classes, uma vez que podem ser vistas como a ruínas da sociedade feudal, a fim de proporcionar novas condições de opressão. 

mariana de arco e flexa nogueira - 1ano - direito noturno

Extra, extra!


Mariana F. Figueiredo
Direito (diurno) - 1º ano
Introdução à Sociologia

Tudo que era sólido se desmancha no ar.

Escrito em 1848, com a colaboração de Friedrich Engels, o “Manifesto do Partido Comunista” apresenta uma discussão além de seu tempo. Antecipando o que seria sua preocupação fundamental – estudo e crítica da economia capitalista – a análise feita por Marx e Engels acerca do capitalismo pode ser atualizada para a contemporaneidade. As condições sobre as quais eles refletem, bem como as situações retratadas na obra, perpetuaram a visão de mundo. Como exemplo das mudanças exigidas para a manutenção do quadro de ideais dominantes descrito, o direito tornou-se elemento de legitimidade da burguesia, encontrando a necessidade de uma transformação a partir da otimização do processo de acumulação.
Além do retrato atual, o Manifesto contribuiu, com efeito, para a elaboração de outros textos exaltadores de multidões, trabalho e modernidade. A repercussão encontrou caminho até mesmo no Brasil: em 1928, Oswald de Andrade escreve o “Manifesto Antropófago”, uma pregação utópica – sociedade tecnocratizada, ócio, idade de ouro.
A obra de Marx e Engels, logo em seu início, é categórica ao retratar a história como uma luta de classes, opondo sempre opressores e oprimidos. Além da conotação política que tal afirmação possui – uma vez que é afirmado, também, que “toda luta de classe é uma luta política” – há um viés científico a ser debatido. Os autores não se utilizam de uma alegoria ao constatarem a dinâmica de confrontamentos: em todas as sociedades existe um antagonismo que dinamiza a realidade social; é justamente nele que a consciência e percepção da realidade devem se encontrar. A época da burguesia fez somente simplificar tal oposição de classes, dividindo, cada vez mais, a sociedade em dois grandes blocos inimigos: burguesia e proletariado.
A burguesia emerge da superação de uma sociedade anterior, com um projeto diferente de qualquer outro na história. Demonstrou, pela primeira vez, a capacidade real da atividade do homem. Revolucionou o conjunto de relações sociais à medida que revolucionava permanentemente os instrumentos de produção. Afincou seus alicerces na realidade material, voltando a racionalidade para a produção. Porém, acima de tudo, produziu seus próprios coveiros: os operários modernos, os proletários – sua luta contra a burguesia começa desde o nascimento, sendo a única classe realmente revolucionária. A sociedade contemporânea é, justamente, a expressão desse conflito entre burguesia e operariado.
 O Manifesto não só demonstra a existência de classes unida a determinadas fases históricas de desenvolvimento da produção, como também, versa que tal combate conduziria, então, à ditadura revolucionária do proletariado. Esta ditadura seria a primeira fase – fase necessária – para a superação da hegemonia capitalista burguesa e para abolição de todas as classes. Seria o período de transição para uma sociedade sem classes. A obra reflete o desenvolvimento assombroso da classe burguesa e sua luta com o proletariado emergente, que se originou e cresceu em seu próprio bojo.

Isabelle Elias Franco de Almeida
1˚ ano, direito (noturno) – aula 08


Marx na sociedade atual

Se Karl Marx, importante intelectual e revolucionário alemão do século XIX, pudesse enxergar a sociedade atual ele a definiria em uma única palavra , exploração. Para corroborar isso, ele nem precisaria ir muito a fundo em sua teoria sobre o capital,  bastaria citar casos como o do Bill Gates, fundador da Microsoft   cuja fortuna acumulada  ultrapassa a de grande parte dos países; para se atingir tal concentração de renda , é imprescindível a dominação das classes mais baixas.
Segundo Marx, essa relação  teria se iniciado com a Revolução Industrial, na qual a burguesia teve o papel revolucionário de acabar com a lógica feudal , libertando o capital das antigas amarras.Contudo, o papel revolucionário do burguês tem fim com a queda do sistema feudal, pois quando ele atinge o poder ele concentra a renda, terras e meios produção,  criando uma massa de pessoas cuja única forma de sobrevivência é a venda da força de trabalho, grupo chamado de proletariado. A exploração é evidente , pois de uma lado temos um grupo que possui tudo, terras meio de produção , renda, e do outro temos os trabalhadores ,cujo único meio de viver é se submeter à burguesia.
Para proteger o status alcançado, o burguês criou o Estado moderno e o direito, os quias só serviriam garantir a propriedade e os interesses dessa classe. Posto isso, fica claro que para acabar com esse abuso não se pode manter a atual estrutura política, pois esta é um fruto das relações de produção burguesa e tem como fim último a continuidade da lógica posta. É por isso que o único modo de se acabar com essa situação de dominação é com uma revolução que altere as relações de produção,  pois são elas, chamada de Estrutura, que baseia todo o pensamento e estrutura política responsáveis por dar continuidade a esse sistema perverso.
Os responsáveis por essa revolução são os operários, os quais por não terem posse e por serem maioria, conseguiriam romper com esse sistema pondo um mais igualitário em seu lugar.Segundo Marx, os proletários seriam tão explorados e ficariam numa situação tão precária que sua única saída seria a tal revolução, no entanto se passaram quase dois séculos de capitalismo moderno, com os operários sendo explorados e , se considerarmos atualmente, há países, até mesmo continentes inteiros , como o Africano, que sofrem desse abuso, será que o ponto crítico ainda  não foi atingido? Ou então ele foi, porém a classe operária estava tão preocupada em consumir o produto recém lançado que nem percebeu? Não é possível dizer ao certo, contudo o que se pode afirmar é que há uma ausência da consciência de classe no proletariado, os sindicatos e partidos defendem pautas locais e específicas, não entrando no mérito da defesa dos direitos de todos os trabalhadores.
É necessário, portanto, antes da revolução a criação da consciência para si na classe trabalhadora, que ocorre quando uma classe tem interesses próprios e luta pra reivindicá-los, que é essencial para os operários descobrirem suas necessidades, e com base nelas realizar uma luta efetiva contra o sistema atual, a qual culminaria na revolução propagada por Marx. É preciso primeiro criar a consciência de classe para depois se iniciar o combate ao atual modo de produção.



...E a luta continua

Com pensamentos inovadores, Marx e Engels precisavam, agora, instruir a classe que acabaria com o capitalismo, sistema baseado na repressão. Essa classe, o proletariado, faria sua própria revolução, caminho que levaria a uma sociedade sem classes e, portanto, sem repressão. Assim, surge em 1848, a obra O Manifesto Comunista, com linguagem fácil e clara, listando toda a história de coerção por parte da burguesia e a maneira com que se acabaria com ela e esse regime.
Apesar de muito interessante para uma classe marcada pela alienação, o Manifesto teve baixa adesão nos países desenvolvidos, principal alvo de Marx e Engels, como Inglaterra, França e Alemanha, já que cada uma estava preocupada com problemas de ordem local. Surpreendentemente, por não ser o foco, alguns poucos países subdesenvolvidos adotaram rapidamente a obra, como a Rússia.
A revolução também é constantemente citada e analisada nessa obra de Marx – ela ocorreria naturalmente, dado o ciclo de derrubada e ascensão de novas ordens e classes durante toda a história da humanidade, o que levaria uma hora ou outra ao surgimento do proletariado, classe que, como citado acima, levaria ao fim do capitalismo e suas camadas sociais.
Com “Proletários de todos os países, uni-vos!” a obra termina, e um novo capítulo da humanidade e das ciências sociais havia começado. E a luta continua.

Arthur Augusto Zangrandi
1º ano Direito noturno

O Capitalismo Periférico: A superexploração na América Latina e a teoria marxista da dependência

         Marx analisou e desvendou a lei econômica da sociedade burguesa, no século XIX, sobretudo na Inglaterra. Em outras palavras, o autor demonstrou as regras do nascimento, desenvolvimento e morte do modo capitalista de produção. A novidade trazida por Marx foi, em uma época onde prevalecia a concepção mecanicista nas ciências físicas, formular  leis econômicas por meio de leis tendenciais. Trouxe como inovação também o conceito de mais-valia, que consiste na diferença entre o valor pago e o extraído no processo produtivo. Além disso, o filósofo trata a força de trabalho como mercadoria, em resumo, o trabalhador vende sua força de trabalho ao capitalista pelo seu valor de produção. Essa força de trabalho tem como limite uma remuneração mínima para que se garanta a sobrevivência do operário. A relação entre a mais-valia e o valor da força de trabalho resulta na taxa de exploração.
          Porém, é possível perceber que o fenômeno capitalista não ocorria de maneira homogênea por todo o globo. “O processo de desenvolvimento capitalista histórico se fazia a partir das estruturas de dominação existentes, de modo que as formações sociais apresentavam especificidades” (MARINI, 2013, p. 171) Portanto, procurarei tratar do capitalismo no contexto latino-americano, curiosamente, pouco estudado por nós, latino-americanos.
Ruy Mauro Marini, precursor da análise do capitalismo no âmbito latino-americano tinha a superexploração como centro de suas obras; o contexto histórico em que escreveu foi a da hegemonia do desenvolvimentismo na América Latina, respaldadas pelas ditaduras militares. Marini dizia que o capitalismo na América Latina é deformado, se comparado ao que ocorre nos países avançados. O dito “capitalismo periférico” tem como característica uma concentração de renda e riqueza acima da observada no capitalismo desenvolvido. O desenvolvimento da produção capitalista latino-americana se pautava em duas premissas: abundancia de recursos naturais e a superexploração do trabalho. “A primeira premissa tinha como resultado a monoprodução; a segunda, os indicadores próprios das economias subdesenvolvidas” (MARINI 2013, p.171) O custo de reprodução da força de trabalho equivale à soma do valor das mercadorias necessárias à reposição da condição geral do trabalhador. A superexploração, ponto central do pensamento de Marini, ocorre quando a remuneração deste trabalho se situa abaixo deste valor, considerando que já ocorrem as intensas jornadas de trabalho. Esta condição de superexploração está registrada historicamente em diferentes contextos históricos e formações sociais. Entretanto, esta condição tanto esteve presente como se reproduziu, na América Latina, ganhando o sentido de especificidade. Tal fato se deu devido a bases econômicas de monocultura e à abundância de mão de obra.

Portanto, Marini desenvolve a teoria conhecida como “teoria marxista da dependência”, situação na qual a economia de certos países é condicionada pelo desenvolvimento e pela expansão de outra economia à qual está subordinada. Afirmando que o modo latino americano de capitalismo é moldado pelos países “centrais” imperialistas. Essa relação é desigual em sua essência porque o desenvolvimento de certas partes do sistema ocorre às custas do subdesenvolvimento de outras. Então, a superexploração seria a única maneira dos países latino-americanos gerarem excedentes para transferirem aos países desenvolvidos, já que não possuem os aparatos tecnológicos para a produção de bens com alto valor agregado e, consequentemente, não haverem maneiras de competir com os países centrais dentro da lógica imposta pelos mecanismos da economia e da divisão internacional do trabalho. Dentro disso, não existe qualquer possibilidade de escapar da condição dependente enquanto o capitalismo for o sistema econômico político mundial.


REFERÊNCIAS: Desenvolvimento e dependência: cátedra Ruy Mauro Marini / Organizador:
 Niemeyer Almeida Filho. – Brasília : Ipea, 2013.

Eric Felipe Sabadini Nakahara
1° ano Direito (diurno)

Um Olhar para Dentro da Grande Máquina

A história de todas as sociedades que existiram até nossos dias tem sido a história das lutas de classes, sentença presente nas primeiras páginas de O Manifesto Comunista, escrito por Marx e Engels, que pode ser evidenciada quando olhamos para a relação Homem Livre e Escravo, Patrício e Plebeu, Barão e Servo etc. Antigamente, havia uma completa divisão da sociedade em classes. Hoje, após as revoluções burguesas, essa luta se resume basicamente à luta entre duas delas: proletariado e burguesia. O que aprofundou ainda mais a luta de classes.

A burguesia desempenhou um papel importantíssimo na história humana, um papel eminentemente revolucionário, responsável por libertar o potencial da atividade humana dos entraves do feudalismo e liderar a criação de maravilhas maiores que as pirâmides do Egito, os aquedutos romanos, as catedrais góticas. Levou a civilização à todas as partes do globo sob a bandeira do progresso, mesmo que obrigando à força a criação de um mundo à sua imagem e semelhança. Entretanto, hoje os mecanismos utilizados pela classe burguesa na destruição do feudalismo voltam-se contra ela mesma. Mais ainda, ela deu vida àqueles que utilizarão esses mecanismos para destruí-la, os proletários.

O proletariado é constrangido diariamente a vender-se como mercadoria. Com a divisão do trabalho e o constante emprego de máquinas, o operário tornou-se apenas um apêndice na lógica produtiva. Antes, o operário era possuidor do seu produto laboral. Porém, não conseguiu resistir à concorrência com a grande indústria, e se viu forçado a vender sua força de trabalho para sobreviver. A pouca relevância da habilidade do trabalhador na produção e a grande oferta de mão de obra em virtude da destruição da concorrência, a criação de um exército de reserva, diminui cada vez mais o salário dos proletários, que são amontoados nas fábricas como soldados da indústria, explorados com a necessidade capitalista crescente de aumentar a produção, através da mais-valia e outros fatores.


Nessa luta, algumas vezes os proletários conquistam alguns direitos, mas provisoriamente. O verdadeiro fruto dessa luta reside na união cada vez mais abrangente dessa classe. Segundo Marx, a vitória definitiva por parte dos trabalhadores é inevitável e se dá através de uma inversão nas ordens de poder, na derrubada de toda ordem social existente, por meio de uma revolução do proletariado. Interessante notar que a obra permanece muito atual apesar de ter sido escrita no século XIX. As condições nela destacadas, que são favoráveis à revolução, são ainda mais marcantes com as tecnologias que se tem hoje. Quando o mundo testemunhará essa revolução? A obra termina com um chamado: Proletários de todos os países, uni-vos!

Lucas Camilo Lelis
1º ano - Direito Diurno
Introdução à Sociologia - Aula 8

ultrapassando o socialismo utópico

Antes de tudo devemos considerar que a teoria aqui apresentada recebe o nome do Filósofo Karl Marx, mas seria um “pecado” não considerarmos que junto com Marx outro importante nome se destacou na consolidação e estruturação da doutrina marxista, Engels. Depois desta ressalva comecemos a abordagem dos principais pontos da obra marxista.
Marx começa seu texto postulando que a sociedade em que vivemos não consegue atingir um grau de equilíbrio tão desejado e fundamentado na doutrina positivista de Comte. Na realidade todas as instituições sociais favorecem o ambiente dialético. Mas o que quer dizer isso? A sociedade não é um equilíbrio de forças, mas sim uma confrontação de extremos, uma confrontação de valores; toda a ideia de classe social nos auxilia na compreensão deste constante embate valorativo do universo sociológico. A doutrina marxista realmente acaba buscando exemplificar a sociedade como fruto de uma dialética materialista, que será explicada mais abaixo.
Temos que compreender que o maior objetivo de Marx e Engels eram emancipar a sociedade humana das garras do capitalismo e de suas relações de capital que aprisionavam o homem em uma “falsa igualdade”. Temos que compreender também que os dois estudaram muito as instituições do passado. Juntando estes dois pontos, Marx empreende um elogio muito grande ao iluminismo, pois a partir daquele movimento houve uma grande ruptura com a filosofia feudal passada. O maior objetivo da teoria marxista é como se inspirada do iluminismo, retirar o homem das influências do capital, da mentalidade burguesa, das liberdades de mercado e dos privilégios de classes. A grande falha do iluminismo, segundo Marx, é que apesar da quebra com os paradigmas do passado feudal, ao clamar por liberdade, eles se limitaram à liberdade econômica; a uma igualdade para poucos, sem haver liberdade e igualdade plena. O socialismo para Marx (e aqui conseguimos compreender que o Direito também) deveria passar desses paradigmas, e ir mais além. A burguesia ao quebrar os privilégios feudais acaba por criar os seus.
No momento em que Engels e Marx escrevem, outros doutrinadores do socialismo “utópico” ganham força em alguns países. Marx e Engels fazem uma dura crítica a esses “charlatões” que tentavam mostrar que o socialismo surgiria de mentes capazes, de inteligentes; diziam que o socialismo iria brotar da razão naturalmente, e por isso foram taxados como “utópicos”. Para os “utópicos” o socialismo seria uma interpretação ideal da sociedade, eles não se concentravam na realidade, não tinham como objetivo a formação do socialismo como ciência, mas queriam apenas mudar o mundo. Para Engels o socialismo na realidade surgiria a partir da história, da dialética materialista, da interpretação social, do real. Marx e Engels entendiam o socialismo como uma ciência positiva (este positivo não é o mesmo no sentido dado por Comte), que se diferenciaria da metafísica e da utopia, conseguindo se aproximar do real, da interpretação sistemática da realidade social. Somente através da ciência, da razão e da interpretação da realidade é que o socialismo conseguiria modificar todas as estruturas sociais daquele momento. É por esse motivo que o socialismo marxista é considerado científico, por possuir ele um rigor científico muito grande. 

Marx e Engels acreditam que a metafísica estava ultrapassada para o pensamento socialista. Através do socialismo utópico, o indivíduo perdia a noção do conhecimento como “um todo”, focando apenas em um determinado aspecto. Já o socialismo que nasce com eles – o socialismo científico – quer buscar a compreensão do todo e de tudo dentro da realidade social para assim melhor poder fazer conhecimento científico, indo além da compreensão metafísica. O socialismo utópico deve dar lugar ao socialismo científico, afinal eles queriam provar que o socialismo não é simplesmente fruto de uma ideia imaginária; não é fruto de uma palavra profética, mas da realidade social. É por este motivo que o socialismo científico de Marx como método se mostra muito atual. 

Tempos Modernos


Com o próprio funcionamento, o processo capitalista de produz reproduz, portanto, a separação entre a força de trabalho, perpetuando, assim, as condições de exploração do trabalhador. Compele-se sempre o trabalhador a vender sua força de trabalho para viver, e capacita sempre o capitalista a compra-la.
MARX, Karl. O capital. Livro I. O processo de produção do Capital (Vol. II). Tradução de Reginaldo Sant´Anna. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1987. p. 672

O capitalismo é um sistema econômico em que os meios de produção e distribuição de mercadorias são de propriedade particular. Nesse processo, as decisões relacionadas à oferta, demanda, preço, distribuição e investimento não são executadas pelo poder estatal, e sim pelos donos dos meios de produção, que adquirem lucro e investimento em empreendimentos, pagando salários ao proletariado que vende sua força de trabalho. Seu apogeu aconteceu durante a Revolução Industrial nos séculos XVII e XVIII, no qual substituía todo o sistema feudal e do Antigo Regime.

A palavra portuguesa ´´capital´´ é derivada do latim capitale que é originado de capitalis (´´principal´´, ´´primeiro´´) que por sua vez adentrou na linguística europeia por meio do proto-indo-europeu com o vocábulo kaput, que significa ´´cabeça´´. O termo capitalismo foi inventado posteriormente por intelectuais no século XIX, dentre esse pensadores, estão Karl Marx e Friedrich Engels, que no Manifesto Comunista (1848), utilizou o vocábulo para designar os detentores da propriedade privada e de capital.

A base do sistema capitalista é o acúmulo incontrolável de capital e, para efetivar esse processo, é necessário não haver limites morais, políticos ou mesmo religiosos que impeçam os proprietários de se entregarem a esse acúmulo. Segundo Karl Marx, o único modo de alcançar essa meta seria por meio da exploração trabalhista, que deve produzir ininterruptamente, em um tempo reduzido e com ínfimas remunerações, de maneira que a mercadoria se encontre mais barata e adquira mais lucro com sua venda.

Quando o proletário é forçado a submeter a essa ordem capitalista de produção, ele se aliena e perde sua essência humana, pois como o empregado participa apenas do processo produtivo, ele torna uma peça da engrenagem que pode ser substituída a todo instante. Dessa forma, ele vale apenas o salário referente a um trabalho não qualificado, em que não lhe é obrigado a ter um conhecimento da totalidade da escala produtiva. Por esses motivos, ele não se reconhece na mercadoria que ele ajudou a produzir, perdendo, portanto, sua identidade enquanto indivíduo e tornando um produto dentro dessa maquinaria que desumaniza o homem.

Uma das ideias mais fascinantes marxistas trata da situação histórica, a qual pode se modificar, marcado pela injustiça e exploração trabalhista. Segundo o seu materialismo histórico, Marx defende que a realidade construiu ideias, isto é, a consciência era uma consequência da realidade material individual. Entretanto, essa realidade é resultado de uma longa construção humana e, dessa maneira, para mudar as ideias, a consciência de uma sociedade, era necessário transformar, inicialmente sua realidade.

Criticando o socialismo utópico, que defende a necessidade de mudanças na sociedade, mas não direciona um caminho para conquistá-la. Marx afirmava que os utopistas acreditavam que a própria burguesia de forma gradual e pacífica e consciente da exploração ajudaria na transformação do sistema.

Já o socialismo científico defendido por Marx, expunha uma ideia oposta ao do socialismo utópico. As mudanças sociais, para o filósofo alemão, se efetivariam com a revolução proletária que alcançariam o poder por meio da força e transformação da realidade, instaurando o socialismo. Depois de feito isso, o objetivo seria implantar o comunismo, que se caracteriza por uma sociedade sem classes, sem Estado e livre da opressão capitalista. Não haveria a centralização do poder, entretanto a participação democrática e dos indivíduos nas decisões sobre os rumos da sociedade e da economia. O socialismo seria apenas uma transição ao sistema comunista, em que o proletariado alcançaria o poder e formataria condições próprias para essa transição.

A revolução proletária seria produzida pela contradição interna do capitalismo, que, por ser um sistema que se fundamenta pelo acúmulo de capital a partir da exploração trabalhista, traz consigo a semente de sua própria destruição.

Arthur Resende
1º ano Direito Noturno
Introdução à Sociologia