domingo, 19 de julho de 2015

Tudo que era sólido se desmancha no ar.

Escrito em 1848, com a colaboração de Friedrich Engels, o “Manifesto do Partido Comunista” apresenta uma discussão além de seu tempo. Antecipando o que seria sua preocupação fundamental – estudo e crítica da economia capitalista – a análise feita por Marx e Engels acerca do capitalismo pode ser atualizada para a contemporaneidade. As condições sobre as quais eles refletem, bem como as situações retratadas na obra, perpetuaram a visão de mundo. Como exemplo das mudanças exigidas para a manutenção do quadro de ideais dominantes descrito, o direito tornou-se elemento de legitimidade da burguesia, encontrando a necessidade de uma transformação a partir da otimização do processo de acumulação.
Além do retrato atual, o Manifesto contribuiu, com efeito, para a elaboração de outros textos exaltadores de multidões, trabalho e modernidade. A repercussão encontrou caminho até mesmo no Brasil: em 1928, Oswald de Andrade escreve o “Manifesto Antropófago”, uma pregação utópica – sociedade tecnocratizada, ócio, idade de ouro.
A obra de Marx e Engels, logo em seu início, é categórica ao retratar a história como uma luta de classes, opondo sempre opressores e oprimidos. Além da conotação política que tal afirmação possui – uma vez que é afirmado, também, que “toda luta de classe é uma luta política” – há um viés científico a ser debatido. Os autores não se utilizam de uma alegoria ao constatarem a dinâmica de confrontamentos: em todas as sociedades existe um antagonismo que dinamiza a realidade social; é justamente nele que a consciência e percepção da realidade devem se encontrar. A época da burguesia fez somente simplificar tal oposição de classes, dividindo, cada vez mais, a sociedade em dois grandes blocos inimigos: burguesia e proletariado.
A burguesia emerge da superação de uma sociedade anterior, com um projeto diferente de qualquer outro na história. Demonstrou, pela primeira vez, a capacidade real da atividade do homem. Revolucionou o conjunto de relações sociais à medida que revolucionava permanentemente os instrumentos de produção. Afincou seus alicerces na realidade material, voltando a racionalidade para a produção. Porém, acima de tudo, produziu seus próprios coveiros: os operários modernos, os proletários – sua luta contra a burguesia começa desde o nascimento, sendo a única classe realmente revolucionária. A sociedade contemporânea é, justamente, a expressão desse conflito entre burguesia e operariado.
 O Manifesto não só demonstra a existência de classes unida a determinadas fases históricas de desenvolvimento da produção, como também, versa que tal combate conduziria, então, à ditadura revolucionária do proletariado. Esta ditadura seria a primeira fase – fase necessária – para a superação da hegemonia capitalista burguesa e para abolição de todas as classes. Seria o período de transição para uma sociedade sem classes. A obra reflete o desenvolvimento assombroso da classe burguesa e sua luta com o proletariado emergente, que se originou e cresceu em seu próprio bojo.

Isabelle Elias Franco de Almeida
1˚ ano, direito (noturno) – aula 08


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