segunda-feira, 9 de novembro de 2015

As escadas


Há anos vem sendo discutida a questão de cotas nas Universidades Públicas do país. Diante do muitos argumentos, contrários e favoráveis, sobre tal medida, nenhum se mostrou tão eficaz quanto à imagem acima. Nela foi explicitada a disparidade entre os estudantes brasileiros provenientes de escolas públicas e particulares, o sistema meritocrático impõe essas escadas.
Entretanto, o problema envolvido nessa questão ultrapassa o caráter social da diferença de classes, pois a grande maioria dos estudantes que tentam subir a escada da esquerda é negra. O racismo no Brasil foi perpetuado desde o período da escravidão até hoje; diariamente negros por todo o país são discriminados, tirados como ladrões e marginais, porque o sistema realmente os marginalizou. Depois de libertos em 1888, os negros brasileiros não tiveram nenhum tipo de auxílio para se estabelecerem dentro da sociedade e, assim como o racismo, esse descaso foi se enraizando.
Fruto da luta do movimento estudantil e do movimento negro, as cotas mostram o caráter social e emancipador que o Direito possui, pois seria economicamente interessante que parte da sociedade já fosse destinada, desde embrião, aos trabalhos que ninguém quer realizar, porque são desvalorizados, seria conveniente se a filha da doméstica fosse doméstica e, a filha da médica, médica.
Essa mudança de quem ocupa as carteiras dentro das Universidades mexe nas estruturas da sociedade e tapa, minimamente, o buraco deixado há mais de cem anos. Deste modo, aliado às lutas populares, o Direito mostra-se contrário ao engessamento e ao tradicionalismo com os quais sempre é comparado e, trabalha à favor das causas sociais, pelas quais  sociedade clama.

Beatriz Carvalho- Noturno 1o ano

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