domingo, 27 de setembro de 2015

Moradia x Propriedade


Em janeiro de 2012, uma operação de reintegração de posse destruiu as casas de 1600 famílias na comunidade do Pinheirinho, em São José dos Campos. A desocupação se deu de forma violenta e arbitrária, aquelas pessoas que viviam e ocupavam a terra há oito anos, foram brutalmente tiradas de suas casas, sem ao menos poder pegar seus pertences.
A decisão foi dada por uma magistrada que sob o aval de estar apenas cumprindo as leis do Estado colocou o direito à propriedade a frente do direito à moradia, deixando para trás a dignidade da pessoa humana e usando o direito apenas como um instrumento de manutenção da ordem.
Hegel, afirmava que o direito seria o pressuposto da felicidade e expressaria o espírito de um povo. Analisando o caso do pinheirinho, tira-se por conclusão que Marx estava certo ao criticar estas ideias hegelianas. Segundo ele, o autor desconsidera as pressões do Estado burguês, no qual essa idealização de direito seria puramente abstrata.
O direito, historicamente, vem sendo utilizado como instrumento de dominação, que reafirma as desigualdades entre as classes. Isto porque alguns daqueles que o praticam ao invés de admitir que na comunidade do Pinheirinho se cumpria a função social da terra, apenas pensaram no preço do terreno, tendo a coragem de dizer que aqueles que ali moravam o faziam por terem sido “insuflados por pessoas interessadas na invasão”.
Felizmente, por meio de juristas como Dalmo Dallari e Fábio Komparato, que entre outros pediram que fosse feita uma investigação de conduta dos juízes envolvidos no caso, esta prática antiga do direito vem mudando e traz esperança de que este se torne uma maneira de tornar a sociedade mais justa, cumprindo sua verdadeira função.
Ana Flávia Rocha Ribeiro
1º ano – Direito diurno

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