sábado, 4 de julho de 2015

Mudar o sistema é a solução?

Na evolução dialética do mundo material, psíquico e social, cada período ou momento histórico possui certo conjunto de verdades que se edificam, se estruturam e se extinguem. (WOLKER, 2012, p.115)

Baseado nisso, o século XIX ficou marcado pela consolidação do capitalismo que, por meio da revolução industrial, trouxe um “conjunto de verdades” edificadas pelas relações de trabalho e seu modo de produção. A questão de como o capitalismo influenciou a sociedade da época foi a  grande preocupação do filósofo e teórico alemão Karl Marx que, juntamente do inglês Engels, criou  o socialismo científico.
Esse socialismo proposto, basicamente, consiste na extinção da propriedade privada, devendo ser esta, para Marx, uma apropriação do Estado. O controle da propriedade pelo Estado traria o fim da mais-valia – grande causadora da desigualdade – e assim, o proletariado deixaria de viver sob condições subumanas e mecanizadas para assim obter a tão sonhada igualdade.
Apesar de algumas tentativas históricas, sabe-se que o sistema proposto exatamente como Marx pretendia nunca fora de fato implantado. Mas então, se implantado hoje, funcionaria? Não. Primeiramente, como classe social dominadora, a burguesia não aceitará dividir o que lhe foi “conquistado” com grande suor – do trabalhador. Segundo, a maioria dos indivíduos da sociedade hodierna está acostumada com o sistema capitalista, mesmo que os trabalhadores vivam em condições desiguais em relação ao seu patrão, a mudança, muitas vezes, é vista como algo negativo, uma vez que retira o status quo. Para o trabalhador que tem sua rotina, sua moradia e sua comida mudar pode ser perigoso, o que já impossibilitaria a ditadura do proletariado – etapa proposta por Marx como essencial para atingir o socialismo. 
Por fim, deve-se entender que o problema não está em qual sistema deva ser utilizado para acabar com a exploração e sim nos homens que o conduzem.
Assim, nada adiantaria implantar o socialismo se todos os indivíduos não mudassem seu modo de pensar, analisar e viver o mundo. Mesmo que a exploração findasse, a igualdade fosse estabelecida e os homens vivessem livres, o homem continuaria dotado de paixões que não o deixariam viver de forma igualitária, já que a ganância e inveja estariam presentes.
Conclui-se então que, antes de mudar o sistema, deve-se mudar a consciência dos indivíduos. Se, por exemplo, os donos do meio de produção abdicassem da parte exorbitante de seus lucros a favor do trabalhador, o capitalismo poderia ser mais justo e a classe proletária teria condições mais dignas. Nesse sentido, entende-se a importância de Marx ter abordado e criado certos conceitos sobre o capitalismo existente, ter buscado soluções e ainda que o seu sistema seja inviável, a sua contribuição para o entendimento da sociedade foi essencial para que mudanças positivas pudessem ser realizadas.

                   Leonardo Borges Ferreira - 1 ano direito noturno

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