segunda-feira, 1 de junho de 2015

"Joga pedra na Geni!"

Durkheim, sociólogo francês, coloca como fato social “toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter”. Dentro desta definição, apresenta distinções entre o fato social normal e o patológico: O normal, para Durkheim, sustenta-se na noção de generalidade, enquanto que o fator patólogico consiste naquilo que a sociedade reprova, considera imoral ou criminoso. Proponho então uma reflexão: Seria o estupro, na sociedade brasileira, normal ou patológico?
O Governo o classifica como patológico, mas a prática não revela exatamente isso: Em abril de 2014, foram divulgados pelo IPEA alguns dados alarmantes sobre a visão do brasileiro em relação às mulheres: 58,5% dos brasileiros consideram que “se as mulheres soubessem como se comportar, haveria menos estupros”. De nada adianta o governo sancionar e patrocinar projetos de proteção das mulheres, como a Lei Maria da Penha, se a Sociedade não considerar que a violência sexual seja um câncer social. Como na música de Chico Buarque, Geni e o Zepelim — citada no título deste artigo—, a Sociedade coisifica as mulheres, desconceituando-as e fazendo delas nada mais que meio para saciação de seus desejos animais.
Concluindo a reflexão mais cedo proposta, o que vemos é a normalização do estupro: A noção de que o estupro, enquanto fato social, não apresenta caráter patológico. Enganaremos a nós mesmos enquanto dissermos que as mulheres muito conquistaram no plano social. Os avanços só serão reais quando entendermos que a Geni não é feita para apanhar, nem boa de cuspir: Precisamos parar de inflar esse grande zepelim prateado que é o machismo.

Paulo Saia Cereda
1º ano - Direito (Diurno)
Introdução à Sociologia (Aula 05)

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