domingo, 24 de maio de 2015

Misérias de um Positivismo Nada Social


      Habitante de mais uma favela do Rio, João era um garoto comum. Desde criança, seu sonho era jogar futebol, mas a miséria de sua casa o colocara desde cedo em seu devido lugar. Sua mãe, a prostituta mais famosa da cidade, abandonara-o após alguns anos para fazer parte da ordem social instalada, deixando para trás as lembranças de seu passado vertiginoso. Era um bicho, o menino concluiu. Pobre, a margem da sociedade e familiarizado com as mazelas dos vícios. A ele restava apenas um consolo: Deus.
      Com o passar dos anos, contudo, o garoto perdeu a fé que lhe impulsionava. Decidiu que faria parte daquela ordem que tanto zombava de si. A partir de agora seria um rapaz trabalhador. Com muito custo, largou as drogas e conseguiu um emprego. Era, finalmente, um membro da sociedade. Acordava todos os dias as três da manhã para entregar jornal na cidade, mal ganhava o suficiente para prover seu sustento, porém tinha sua dignidade intacta.Era -finalmente- um homem.
      Constatada a efemeridade da alegria inicial, João começou a revoltar-se. Um dia, saindo do trabalho, viu um de seus colegas da favela. Ele trajava roupas de marca e tinha nas mãos o mais novo aparelho celular lançado. Quando lhe indagou sobre como conseguira tudo aquilo,ouviu sobre todos os benefícios que ganhara ao adentrar no tráfico.E indignou-se.Largou o trabalho e voltou as drogas.Logo menos começou a traficar.Não era mais homem,mas também não era mais bicho.Fazia parte de uma nova ordem,visando ao progresso daqueles considerados párias pelas instituições dominantes.
       Com o tempo, o rapaz adaptou-se a nova realidade. Tinha dinheiro para comprar o que desejasse, era respeitado em sua comunidade e ninguém mais julgava sua opção sexual. Um dia, a caminho de uma entrega de mercadoria, foi parado por uma batida. ”- Sô trabalhadô”, dissera. Mas não era, e o policial via. Via em sua cor, em sua mão agarrada a de outro homem, em seu olhar vazio. Um único tiro, nada hesitante, foi disparado. Na manhã seguinte, nenhum jornal se importou com sua morte, um deputado importante havia sido assassinado. Afinal,não fora bicho e nem homem,apenas um dentre tantos “João Ninguém”.

2 comentários:

  1. Esse artigo apesar de conter uma historia trágica do dia dia de muitos brasileiros,em nada tem haver com o positivismo,não passa de uma repetição de besteiras acadêmicas/marxistas,que querem apenas desqualificar e caluniar o positivismo por ser uma ideologia oposta a deles.

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  2. Esse artigo apesar de conter uma historia trágica do dia dia de muitos brasileiros,em nada tem haver com o positivismo,não passa de uma repetição de besteiras acadêmicas/marxistas,que querem apenas desqualificar e caluniar o positivismo por ser uma ideologia oposta a deles.

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