domingo, 26 de abril de 2015

Francis Bacon e o movimento socialista

   Ao final do século XIX, os sociólogos e economistas Karl Marx e Friedrich Engels elaboraram um novo sistema de governo, numa pequena brochura chama "O Manifesto Comunista". O livro, considerado um opúsculo por alguns, revolucionou a forma como a Europa pensava a ciência política e abalou as estruturas sociais do continente ao longo do próximo século.
  O discurso socialista foi amplamente difundido e apoiado pela classe operária ao longo dos próximos 50 anos, Ele permitiu que a Revolução Russa de 1917 triunfasse e desse início a um verdadeiro império, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, que reuniu diversos países do Leste Europeu e norte asiático sob suas asas. Devido à fé que a classe trabalhadora colocou no socialismo, o capitalismo, representado pelos Estados Unidos da América, deu início a uma guerra ideológica a partir de 1945, que não terminaria até a ruína da URSS, em 1991.
    Os 46 anos de Guerra Fria esfriaram a ânsia revolucionária que, antes, empolgava operários de todo o mundo. Atualmente, vê-se, no Brasil, uma grande rejeição da classe mais pobre ao socialismo. Parte desse nojo pode ser colocado na conta da falta de propaganda do socialismo, que se fechou ao mundo depois da queda de seu principal pólo representativo. Outra parte, no entanto, podemos justificar usando o discurso de Francis Bacon, um filósofo inglês do século XVII.
   Bacon propôs o "Novum Organum" - um novo instrumento para a transformação do mundo; um novo método de pesquisa científica. Nele, ele criticava duramente as constatações a que se chegam apenas pela dedução, sem ter um substrato na vida real. Isso, para todos os efeitos, inclui o socialismo - uma teoria bonita, mas que tem dificuldade de ser assimilada pelo trabalhador médio, devido à ausência de experiências práticas, ou informações sobre elas. O socialismo é, na prática, nada além de retórica. Tem, portanto, uma grande distância em relação à vida dos trabalhadores, que são os que mais se beneficiariam dele.
   O problema da teoria socialista não é a teoria em si. Ela representa, para a maioria das pessoas, o mundo ideal. A grande dificuldade do socialismo é a sua distância. Ao contrário do capitalismo, facilmente palpável e visível em todos os cantos do mundo em que vivemos, o socialismo é algo distante na história e na geografia; isso afasta o cidadão médio das informações disponíveis sobre o sistema socialista, e facilita sua manipulação por meio da mídia. Para engajar o trabalhador na luta, os ramos atuais do socialismo deveriam expandir as informações sobre a experiência prática do socialismo de forma imparcial, ainda que barulhenta.

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