domingo, 18 de maio de 2014


Coesão e anomia

Durkheim é considerado, junto a Marx e a Weber, um dos pais da sociologia, suas ideias inicialmente aproximavam-se da corrente positivista, contudo, o autor refuta a “Religião da Humanidade” e ainda critica Comte por reduzir “toda a força progressiva da espécie humana a tendência fundamental ‘que leva o homem diretamente a melhorar, sob todos os aspectos e sem cessar’”.
Entretanto, manteve a análise de caráter coletivista de Comte e assim desenvolveu o funcionalismo que afirma a existência de funções sociais, que são regidas pelo fato social, definido por Durkheim como “maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção”. Por sua vez, os fatos sociais tendem a relacionar-se entre si, o que leva a união da sociedade por laços que ligam os indivíduos dando origem à coesão social.
Todavia, essa “coesão social” pode ser ameaçada quando os laços enfraquecem-se, gerando o que o pensador chamou de anomia. No caso de uma sociedade marcada pela moralidade, tradições e costumes que chega ao ponto da anomia, pode surgir outro grupo que substitua os tais valores impondo suas ações morais.
Pode-se relacionar o pensamento durkheimiano ao que se vê em vários locais no Brasil: os linchamentos. Estes são frutos, portanto, de laços enfraquecidos que levam ao surgimento de grupos organizados, como o Reage Flamengo, ou mesmo massas desordenadas. Estes chamam para si as funções de instituições e na ânsia de manter de fazer justiça e chegar à harmonia social, geram o caos. Exemplo máximo disso, foi o caso do Guarujá, no qual uma inocente foi brutalmente morta.
Assim, as proposições sociológicas feitas por Durkheim no século XIX ainda aplicam-se no século XXI. O estado anômico da sociedade hodierna coloca em risco toda a sua coesão e, a menos que os fatos sociais e as instituições reforcem seu poder coercitivo, haverá um grande colapso, que já começa a ser sinalizado.

 Letícia Raquel de Lava Granjeia – 1º Ano – Direito Noturno

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