sábado, 5 de abril de 2014

O mundo como um todo X o todo do mundo


  O filme "Ponto de Mutação" tem sua trama em torno de um diálogo principal. Uma cientista frustrada por descobrir que seu trabalho estava a ser usado na manutenção da guerra, um político frustrado por se ver incapacitado e silenciado em meio a seus acessores e a mídia, sem a devida liberdade de expressão e um poeta, em meio a sua crise de meia idade dissertam acerca da conjuntura na qual os seres humanos estão inseridos e da forma de entendimento dessa.
  Cria-se então um interessante debate: é válido o desmembramento dos objetos de estudo (tais como a organização social e o meio ambiente) para que se tenha um entendimento específico das partes que o compõe e uma posterior noção do todo? Não seria melhor tentar entender todas as relações, isto é, iniciar a busca pelo conhecimento diretamente pelo objeto de estudo?
  Ao meu ver, o filme contrapõe as noções de mundo como um todo e do todo do mundo. A partir do pensamento cartesiano, configura-se a tentativa de tentar entender o todo do mundo, ou seja, de explicar todas as partes que o formam para que - posteriormente - se entenda o mecanismo completo. Essa busca, no entanto, parece inútil, uma vez que há uma infinidade de partes a serem compreendidas.
  Dessa forma, tentar entender todos os diferentes componentes específicos do objeto em questão seria uma forma de suprir o ego humano, que não aceitaria admitir a existência de aspectos incompreensíveis dentro de algo compreensível a ele. Assim, a noção de mundo como um todo, ou seja,  entender a totalidade e as relações com as mais diversas áreas do conhecimento para que se tenha compreensão do objeto amplo a ser estudado, é deixada de lado. Em consequência disso, a ciência torna-se ineficaz devido a sua forma, que não prioriza o essencial, mas sim o completo (gastando tempo com o estudo do desnecessário).

Victor Bernardo C. Dantas - 1º ano - Direito Diurno

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