terça-feira, 8 de abril de 2014

Enquanto assistia ao filme, “Ponto de mutação”, uma frase, dita algumas vezes por professores nas ultimas semanas, martelava insistentemente a minha cabeça; “Um doutor é aquele que sabe quase tudo de quase nada”.  Tal afirmação me ficou sobremaneira acentuada quando se iniciou a fala acerca do mecanicismo agregado aos mais diversos campos, perpassando da ciência e cultura à natureza e as artes, pós-método cartesiano.
Não obstante, a justificativa apresentada para a problemática socioeconômica e socioambiental, como uma “crise de percepção”, em minha opinião, é absolutamente condizente e está em concomitância com a fala de diversos intelectuais contemporâneos como Leonardo Boff e Zygmunt Bauman, dos quais pretendo tratar de maneira breve e subsequente.
A priori, a questão do mecanicismo e especificidade como ideia dominante nas ciências além de problemático por criar impedimento à interdisciplinaridade e o consequente diálogo com diversas áreas do saber, acaba por estreitar a amplitude dos fins. Com isso o pesquisador vai muito afundo em assuntos que muitas vezes não resultam em grande relevância por estarem desconexos e isolados de outros fins complementares dados por estudos também específicos em outras áreas. Dessa maneira segue-se um desenvolvimento cientifico “picotado”, muito semelhante à um imenso e de impossível quebra- cabeças.
Por outro lado, existe uma tendência mundial à uma reformulação do ensino de modo a torna-lo interdisciplinar. Algumas universidades brasileiras já tem adotado o sistema de ensino em múltiplas áreas. Um exemplo próximo é a Universidade Federal do ABC que adota um modelo de “bacharelados interdisciplinares” em sua grade de ensino, objetivando capacitar pesquisadores aptos a trilhar caminhos amplos e a compreender de maneira abrangente a problemática apresentada; rompendo de fato com o mecanicismo cartesiano.
À posteriori, a elucidação de uma relação de dependência entre problemas sociais, econômicos e ambientais é absolutamente condizente com o cenário contemporâneo; o que impossibilita a resolução de quaisquer desses problemas isoladamente. Com isso, a insistência por muitos, de se manter um método cartesiano na tentativa do trato com tal gama de dificuldade, é conceituada como uma “crise de percepção da realidade”; assunto versado por Leonardo Boff, em sua obra, “Ética e moral : a busca por fundamentos”, e pelo autor Zygmunt Bauman, em sua obra, “Mal estar na pós modernidade”. Para ambos autores, a sociedade contemporânea padece de uma crise de percepção e uma crise moral, extremamente nocivas aos seres humanos e ao meio ambiente.
Por conseguinte, somente com uma visão abrangente  dos problemas atuais, que permita a sistematização correlativa entre eles, teremos eficácia de fins e um melhor entendimento da realidade.

Roberto Renan Belozo 1º direito noturno. 

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