quinta-feira, 26 de setembro de 2013

O início do capitalismo moderno

Em “A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo’, Weber discorre sobre a relevância da reforma protestante para a formação de um capitalismo moderno, relacionando as doutrinas religiosas de crença protestante, para demonstrar o surgimento de um modus operandi de relações sociais, que favorece e caracteriza a produção de excedentes, gerando o acúmulo de capital.
Há de se dizer que o modo de vida pregado pelo catolicismo era propagado além dos limites da Igreja e, portanto, atravessava a vida dos sujeitos. Nesse contexto, o catolicismo condenava a usura e pregava a salvação das almas através da confissão, das indulgências e do culto. Assim, seguindo esta cultura religiosa, a acumulação de bens não encontrou caminhos amplos, e permaneceu adormecida.
Com o surgimento do protestantismo, a doutrina e a cultura católica se modificou e a salvação passou a ser para alguns, não mais passível de ser conquistada, mas sim uma providência divina, onde o trabalho era meio crucial para glorificar-se. Para o protestante, o trabalho era o que enobrecia o homem, o dignificava diante de Deus, seria parte de uma rotina que dá as costas ao pecado. Ou seja, durante o período em que trabalha o individuo não encontraria tempo de contrariar as regras divinas. Assim, restava a quem acreditava nestas premissas, o trabalho e a acumulação, já que as horas estendidas na produção excediam as necessidades destes religiosos, gerando o lucro.
Dessa forma, quando se fala em concepção tradicional do trabalho é uma referência à concepção católica, que não acumulava e pensava o trabalho como meio de subsistência. Já quando se vê  o trabalho como fim absoluto, trata-se da concepção protestante, que vê o emprego de esforços produtivos a finalidade da própria existência humana, ligada com os propósitos providenciais de Deus.

Essa mudança no comportamento da sociedade leva, além do choque de culturas, a uma abrupta mudança no aspecto econômico. Inicia-se um ciclo: o católico trabalha para viver, o protestante vive para trabalhar. O protestante gera e acumula o excedente, investe em poupança e gera lucro. O protestante tem como objetivo salvar-se, e se o trabalho é salvador, empregar outros ajuda na salvação alheia. Então o protestante é dono dos meios de produção, tem os funcionários e cada dia mais excedentes, gerando mais capital. Assim é concebida a gênese do capitalismo moderno. 

Graziela da Silva Rosa - Direito Noturno

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