sexta-feira, 8 de março de 2013

O “método” de sobrevivência racional


Em sua obra “Discurso do Método”, Renée Descartes mostra o seu caráter de rompimento com as tradições antigas de busca do conhecimento, segundo faziam as “Escolas Clássicas”, os “homens de letras”. Isso se deve ao fato de ele utilizar a arte da dúvida para construção de raciocínios, a fim de chegar ao verdadeiro conhecimento, aplicável, sem especulações e influências das pessoas que parecem sempre ter certeza da conduta de suas ações.

Na época de conturbada transição histórica, entre a Idade Média e Renascimento, Descartes não deixa de ser influenciado, ao mesmo tempo, pela escolástica e pelo racionalismo cientifico. Então, evitando permitir sua teoria se tornar dogmática como foram as da época anterior, ele diz que irá relatar como se esforçou para conduzir sua razão e a forma que estudou a si próprio. Isso não deixa de ser um convite para que todos seus leitores pensem na possibilidade de buscar o autoconhecimento, além de futuramente debater sua obra.

Para desenvolver sua teoria, Descartes apresentou o método que ficaria famoso como cartesiano, com a repartição dos problemas em partes menores, a fim de serem solucionadas mais facilmente. Esse processo foi utilizado tanto na área matemática, como também na social, como acontece com George Simmel, que dividiu a sociedade em micro sociedades para estudo. Ao mesmo tempo, Descartes não deixa de utilizar seu método para demonstrar a existência de um Deus perfeito, pois Ele próprio teria dado a noção de Sua existência aos seres  imperfeitos que criou.

Finalmente, após séculos de desenvolvimento científico, a teoria cartesiana esteve cada vez mais ligada ao racionalismo cético, no qual os fragmentos, que possibilitariam a aproximação de um Criador, passaram a aproximar do próprio homem, não mais dependente da natureza para criar e evoluir.  Fica aí a perigosa manipulação da esperança por um grupo minoritário, se não existir o constante questionamento e autoconhecimento citados acima.
(Aula 2- "O discurso do método")
 

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