Este é um espaço para as discussões da disciplina de Sociologia Geral e Jurídica do curso de Direito da UNESP/Franca. É um espaço dedicado à iniciação à "ciência da sociedade". Os textos e visões de mundo aqui presentes não representam a opinião do professor da disciplina e coordenador do blog. Refletem, com efeito, a diversidade de opiniões que devem caracterizar o "fazer científico" e a Universidade. (Coordenação: Prof. Dr. Agnaldo de Sousa Barbosa)
domingo, 24 de março de 2013
Análise de "O Ponto de Mutação"
De um ponto de vista abrangente, podemos afirmar que "O Ponto de Mutação“, de Fritjof Capra, é uma obra cujo caráter central é o de questionamento crítico acerca da aplicabilidade dos pensamentos de René Descartes e Francis Bacon no contexto e realidade atuais, colocando em questão se estes podem ser considerados plausíveis ou até mesmo benéficos na época na qual vivemos.
Tomando por base a exploração exaustiva de recursos naturais e a construção desenfreada de usinas, fábricas e quaisquer outros instrumentos de transformação do ambiente, o autor aponta para o fato de que fora, a partir da defesa Baconiana de um “domínio” da natureza por parte do ser humano (“Saber é poder”), que se instaurou a cultura corrente de que o planeta deve suprir as necessidades do homem de maneira ilimitada.
Do mesmo modo, atenta-se para a fragmentação da visão do mundo como um todo no momento em que se difundiu a teoria Cartesiana de que, a fim de conhecer melhor o objeto de estudo – seja ele qual for -, faz-se necessária a “repartição” da ideia total até que se tome entendimento sobre cada pequena parte, separadamente.
É preocupante que se interprete de maneira tão denotativa algo dito há séculos, especialmente quando se pretende aplicar tais ideias na solução da problemática atual, a qual envolve progresso sustentável, melhoramento das relações em sociedade – bem como as internacionais - e política.
A fim de reverter o quadro formado a partir de tais pensadores, é intrínseca a reformulação do pensamento geral, a exemplo da oposição de Auguste Comte à especialização nas subdivisões do saber, restaurando o ponto de vista de que há forte interrelação entre todos os acontecimentos advindos de quaisquer partes do globo – principalmente no contexto da globalização -, em detrimento da visão fragmentária da realidade, tal como sugerida por Descartes.
Por fim, partindo do mesmo princípio, o autor faz menção à urgência com a qual devemos rebater o pensamento Baconiano de “dominação” do meio ambiente, priorizando um pensamento racional e prudente que nos faça perceber que a verdadeira sabedoria baseia-se, muito pelo contrário, na ciência de que ele possui suas limitações e merece, acima de tudo, respeito.
- Iara da Silva, Direito noturno
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