domingo, 24 de março de 2013

Além do horizonte

O filme Ponto de Mutação, produzido em 1989, é baseado no livro de mesmo nome do escritor Fritjof Capra. A história narra uma conversa entre três personagens: Thomas Harrimann,  poeta que se mudou para um vilarejo, Jack Edwards, político o qual acaba de perder a eleição para presidente e encontra-se em conflito com suas ideias, e Sonia Hoffmann, física desiludida com os fins –destruição, caos- para os quais sua pesquisa serviu. A ilha em que o trio se encontra, com seu isolamento pelas marés, faz uma analogia à ideia do isolamento do pensamento.
Dentro desse contexto, as personagens discutem sobre as formas de conhecimento, sobre  o comportamento social e sobre uma mudança de perspectiva que se faz necessária em uma sociedade marcada pela busca do desenvolvimento e pelo progresso científico. A exemplo dessa problemática, eles analisam o método de buscar o conhecimento desenvolvido por Descartes, o qual consiste na dúvida e então na fragmentação de um problema, de forma que se possa entender o todo. Em contrapartida, o filme sugere que não devemos olhar as partes separadas, mas juntas e assim, mudar tudo de uma vez, ao mesmo tempo, visto que somos parte de uma grande teia inseparável de relações. Isto posto, a cegueira humana está baseada na falta de abertura para o novo. Logo, é necessária uma nova perspectiva, visão de mundo, com o intuito de encontrarmos diferentes horizontes e escaparmos do conforto dos processos, dos quais muitas vezes não temos a compreensão. Os sistemas existentes no mundo afora visam apenas ao controle das consequências de um determinado problema e não de suas causas, o que leva a uma inversão da realidade.
A questão abordada pelo filme está diretamente relacionada a sociedade atual. Muitas vezes julgamos um fato baseados no senso comum, que é um conhecimento superficial, medido pelas aparências em detrimento do bom senso, um conhecimento profundo e questionador. Não devemos naturalizar o cultural e aceitar tudo o que nos é imposto, mas refletir e tentar mudar aquilo que não nos agrada, buscando novas perspectivas e, consequentemente, um equilíbrio da vida.

Marina Cavalli - direito diurno

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