domingo, 27 de maio de 2012

"Científico"


Em “do socialismo utópico ao socialismo científico”, Engels apresenta as bases da ideologia defendida por ele e Marx no século XIX. Ele o faz com uma crítica da dialética idealista de Hegel e uma análise muito perspicaz da sociedade de sua época, análise essa que se adapta perfeitamente à realidade atual e põe em relevo as condições de sujeição de uma classe a outra e os tristes resultados da Revolução Francesa, que em tese defendeu a igualdade entre todos, mas redundou na tão conhecida situação de exploração burguesa do proletariado.
Com seu materialismo dialético, o autor constata que as condições do modo de produção capitalista logo se tornariam insustentável, devido à exploração da classe trabalhadora, que, ao chegar a seu limite, destruiria a ordem existente das coisas, implantando o socialismo. E este, ao contrário do que pareciam pregar os socialistas utópicos, não seria, portanto, uma verdade absoluta a ser revelada à humanidade, mas simplesmente a consequência lógica das condições históricas marcadas pelo capitalismo.
Nessas condições, a imposição da competitividade entre as empresas e a ambição constante pelo lucro levam à exploração cada vez maior da classe trabalhadora. Parece tentador dizer que essa competitividade decorre acima de tudo da ânsia de consumo da população em geral ( em geral porque percebe-se que até mesmo quem não tem condições de efetivar o consumo apresenta essa ânsia). Ou seja, ninguém precisa ter 20 pares de calçados para ter uma vida digna, mas devido a essa ilusão tão preponderante de que é preciso possuir muito para adquirir bem-estar, compra-se muito, e pra atender não à necessidade, mas à demanda da sociedade, as empresas querem produzir mais, mais rapidamente e com os menores custos, o que leva a essa superexploração. Se o próprio consumo em geral fosse apenas o necessário, a importância dada a esse processo de produção seria diferente; ao menos o número de fábricas com funcionários em condições deploráveis seria menor, então a atenção dada a esse modo de produção seria menor e a sociedade se basearia em outras fundações. Não que isso seja uma possível solução, de forma alguma. Essa suposição serve pra demonstrar que pode-se ver também na fraqueza de caráter da população em geral certa responsabilidade pela realidade observada.
E essa fraqueza de caráter leva a outra questão sobre as ideias de Marx de Engels. O que eles propõem é a tomada do poder pelo proletariado com o objetivo de extinguir as classes sociais, fundando uma sociedade igualitária. Acontece que nada garante que esse proletariado, ao chegar ao poder, não se tornará a nova classe opressora, uma “nova burguesia”. Porque em seus princípios, todas as revoluções ocorridas, como a Revolução Francesa ou ainda que não presenciada por esses autores, a Revolução Russa de 1917, visavam ao bem geral da população, e acabaram instituindo novas situações de opressão. Acreditar cegamente na boa-fé de uma classe só por ela ter sido oprimida, ignorando a possibilidade de ela também ter um instinto opressor não seria uma certa ingenuidade? Assim, apesar de toda essa análise impecável da sociedade capitalista feita por Marx e Engels, o futuro que eles declaram como certo e lógico talvez não seja assim tão óbvio, por mais que seja ainda possível que suas previsões se concretizem e o proletariado funde uma nova ordem social no mundo.

sintese x antitese


O socialismo surge como forma de solucionar as patologias do capitalismo. Pretendia erradicar as mazelas sociais, libertando toda a sociedade. E, ao contrário do que uma parcela significativa da sociedade acredita, é fundado a partir da ciência, e não de idealizações. E por ter bases científicas, parte de sua ideologia ainda é atual, como o materialismo dialético, tese socialista que prega que a sociedade está em constante movimento, em constante transformação. Para tanto, tais pensadores do século XIX, propunham que: um sistema, dogma ou tese vigente sempre terá contestações, estas contestações formaram uma antítese, e ao ser sintetizada se transformaram em uma nova tese, se afirmada. Este movimento dialético leva a evolução da sociedade, a qual em algum momento, evoluiria à uma sociedade sem classes sociais, sem propriedade privada, uma sociedade em que se enfatiza o bem estar social.
A ideia socialista, em um primeiro olhar, pode parecer utópica, todavia, seus desdobramentos tem relevância até mesmo na contemporaneidade. A dialética de Engels, por exemplo, abrange diferentes temas do cotidiano da sociedade. Por este motivo faz-se necessário uma revisão de preceitos, para que se abandone visões preconceituosas e deturpadas, e considerar-se a importância dos estudos do socialismo.

Marina Precinotto da Cruz, direito, diurno

A burguesia e o bicho


O Bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

O bicho, meu Deus, era um homem.
Manuel Bandeira

             Engels faz uma crítica a revolução francesa como revolução burguesa e que para ele deveria não apenas “abolir os privilégios de classe, mas de destruir as próprias diferenças de classe” (ENGELS,pg 1) objetivando assim a libertação de toda a humanidade, não apenas de uma classe.Pois, como o próprio poema de Bandeira ilustra a nossa sociedade é desigual, enquanto uns procuram entre detritos seu alimento outros usam das pessoas menos favorecidas como massa de manobra para conquistar o poder político que não irá dividi-lo.
               Uma analise interessante está presente no livro “Cárcere e Fábrica”,de Dario Mellossi e Massimo Pavarini , no qual explica uma artimanha da classe burguesa para manter a estabilidade social pós- Revolução Industrial. No livro deixa claro que naquela época, as condições de trabalho eram péssimas, com longas jornadas de trabalho, nenhuma garantia ao trabalhador e baixa remuneração, tudo isso teria que ser melhor que as condições vividas no cárcere, pois se não a grandiosa massa de desempregados cometeria atitudes ilícitas para ir viver lá e isso desestabilizaria a ordem social ameaçando a burguesia que estava no poder. Essa lógica apresentada no livro continua atual em muitas sociedades, e devemos refletir se o Brasil não é uma delas.
               Numa comunidade repleta de contradições, a abolição das diferenças de classe como propõe Engels, seria o socialismo primitivo. Essa abolição faria com que episódios como o do poema e o retratado na música Miséria SA do Rappa:: “Senhoras e senhores estamos aqui, pedindo uma ajuda por necessidade”, não ocorreriam já que todos teriam uma quantia pecuniária que bastaria para suprir suas necessidades básicas.

  
  
 
  

Os frutos de Engels

                Diferentemente da revolução promovida pela burguesia na França (a famosa Revolução Francesa) que procurou não só expurgar, mas também castigar a classe dos nobres, devido ao secular abuso de poder de que esses usufruíam, o socialismo primitivo propunha não a eliminação de uma determinada classe social, mas a destruição da diferença entre todas as classes, fazendo a assim a libertação da humanidade como um todo.
                Mas, para Engels, este tipo de socialismo, além de primitivo, mostrava-se utópico; a ideia deveria ser vista por uma nova ótica em que não se analisaria apenas o momento, mas o que ele traz de contradição e de mudança. Era preciso superar a própria filosofia e ir além da metafísica.
                Como todos os outros pensadores anteriormente estudados, Engels traz uma importante inovação ao modo de pensar e analisar a sociedade para a sua época. Ele não se preocupa somente em observar o fenômeno social, mas também com as consequências do mesmo. A defesa de um olhar mais prático mediante a sociedade de exploração e miséria em que vivia trouxe grandes mudanças no pensamento da massa trabalhadora da época e grande temor por parte da classe burguesa.
                A própria burguesia, ao notar que de fato a chegada do socialismo era uma realidade palpável, preferiu “perder os anéis a perder os dedos” e passou da intensa exploração do trabalhador ao conhecido “estado de bem estar social”.
                Ainda assim, algumas tentativas de implantação de um chamado comunismo/socialismo foram realizadas, como a União Soviética, Cuba e China; tais experiências, entretanto, se mostraram falhas por diversos motivos.
                Uma contradição encontrada hoje é o fato muitos trabalhadores que vivem em países capitalistas como Estados Unidos e Brasil possuírem condições relativamente boas de trabalho e uma variedade de direitos como férias, aposentadoria e décimo terceiro graças às ideias defendidas por Engels; enquanto países que se dizem comunistas como a própria China mantém trabalhadores em condições bem próximas àquelas da época em que Friedrich Engels vivia.
                Mesmo que a previsão de Engels sobre como a chegada do socialismo era inevitável não tenha se realizado, suas ideias trouxeram, mesmo que lenta e gradativamente, importantes mudanças nas então péssimas condições de vida dos trabalhadores não só da Alemanha ou Inglaterra, mas do mundo todo.
O porque de produtos chineses serem tão baratos.
Reportagem exibida no Jornal da Globo sobre a Apple e as condições de trabalhadores chineses em fábricas que participam da produção de seus luxuosos (e caros) produtos.

"Antitetizando" o Mundo


Fredrich Engels defendia a ideia de que a história percorria o caminho da dialética, em que se cria uma tese, a partir disso surge uma antítese, e tem como resultado uma síntese, sendo que essa síntese se torna uma tese, e dessa forma a sociedade evolui. Baseando-se nessa teoria, os problemas mundiais estariam encaixados de melhor forma em que posição?
                               Teses não faltam ao mundo, ideias são consideradas mercadorias na contemporaneidade, o que estimula a criatividade humana. As sínteses são incontroláveis, elas seriam o resultado prático da junção entre cada uma das infinitas teses com uma respectiva antítese, sendo que a mesma tese com a mesma antítese pode ter infinitas sínteses. Por outro lado, as antíteses são uma resposta, uma reação à tese, logo este é o fator que realmente podemos ter certo tipo de análise e controle.
                               É fato que, sendo a reação do homem às teses algo mais refletido e vivido, a antítese talvez seja o ponto em que o mundo pode chegar perto de ter certo controle sobre si mesmo, e falha. As opiniões surgem mais uma vez como algo essencial para uma evolução satisfatória do ser humano, já que trazem consigo ações, porém a mídia, mesma com toda globalização presente, tem o poder de manipular essas opiniões, criando antíteses ruins e resultando em sínteses piores.
                               Logo, os problemas mundiais encontram-se em grande parte na formação da antítese, da opinião, na resposta a todo esse bombardeamento de teses na atualidade. 



                                            Murilo Thomas Aires

Materialismo jurídico dialético


Ao pensarmos no socialismo, logo vem em nossas mentes propostas políticas utópicas ou um modo de produção ultrapassado. Afinal a queda do Muro de Berlim em 1989 não representou o seu fim? Ou o desmantelamento da URSS, em 1991, não representou de modo definitivo a consolidação do capitalismo?
Engels, em sua obra “Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico”, foi muito além de uma mera ideologia política, compreendeu que o socialismo é indissociável do capitalismo, necessitando absorver os avanços desse para superá-lo e aprimorá-lo. Juntamente com Marx, desenvolvem o materialismo dialético, que não se limita a um mero conceito, mas concebe a sociedade como algo em constante movimento, no qual cada elemento que a constitui interage com seu oposto, transformando-se e resultando em progressivas contradições. Há sempre uma tese, elemento de dominação, que reluta com a sua antítese (resistência), resultando em uma síntese, tornando-se essa posteriormente uma tese que será refutada e assim sucessivamente. Um exemplo prático em nossa historia é o próprio capitalismo, manifestado como tese, tendo como antítese um combate à sua liberdade de mercado, soergue-se então em 1917, como síntese, a Revolução Russa.
De acordo com Engels e Marx, o materialismo possui a missão de desvendar as leis do desenvolvimento histórico. Os autores incessantemente buscam onde estaria a dialética na compreensão da história, e chegam à conclusão que a luta de classes é o motor desta, pois desde a Antiguidade havia a oposição entre proprietários e escravos; no feudalismo, senhores feudais e servos; e na época em que viviam, o intenso embate entre capitalistas e proletários.
Se Marx ainda estivesse vivo, ao deparar-se com a realidade jurídica brasileira nas últimas décadas, se surpreenderia, pois o direito passou a ser o instrumento central da dialética. Partindo-se da premissa que todo direito adquirido faz com que surjam grupos que almejem a anulidade desse ou que ajam de modo semelhante, percebemos que esse é o elemento impulsionador da dialética atualmente. Essa transformação é facilmente percebida pela proteção que os órgãos jurídicos estão oferecendo aos menos favorecidos e segregados socialmente. Um exemplo recente foi a aprovação pelo Supremo Tribunal Federal da política de cotas raciais nas universidades, no qual a tese é o critério de meritocracia, a antítese é a universalização do acesso,e a síntese essa lei. Essa análise não refuta a teoria marxista, apenas a complementa, pois como conceber o direito como um elemento da dialética nas sociedades teocráticas?
É de suma importância que as normas jurídicas possuam essa maleabilidade advinda com a dialética, pois assim estão em constante transformação, suprindo as anomias que possam surgir. Logo, a marginalização dos preceitos estabelecidos por Marx e Engels resume-se a uma grande ingenuidade, pois manifestam-se diariamente nos tribunais e fóruns como um materialismo jurídico dialético.

Utopia Científica

Marx e Engels ( a dupla mais famosa do socialismo) condenaram os socialistas utópicos por não leveram em conta as aplicações reais e concretas de suas idéias. Elaboraram o chamado "socialismo científico", que avaliava as relações de poder durante a história, a luta de classes, a mais-valia, e propunham uma tomada do poder por parte dos operários, que tanto sofriam nas mãos dos burgueses detentores dos meios de produção. Valeram-se também da Dialética Materialista para formular seus conceitos de modo científico.
Mas o resultado de tanta pesquisa, elaboração, revolta, formulação, análises, etc,etc, etc foi a consolidação quase que absoluta do capitalismo que existe atualmente.
Será que o motivo de o socialismo científico não ter tido sucesso e ser derrotado pelo capitalismo foi as falhas daquele ou a força deste? O fato é que vivemos, séc. XXI, num mundo CA-PI-TA-LIS-TA! Um mundo mcDonalds, Nike, Coca-Cola, enfim, de todas as maravilhas ( para os ricos) e desgraças (para os pobres) que só o capitalismo é capaz de oferecer.
Isso nos leva a concluir que a solução para todos os problamas de desigualdade, fome, miséria, péssimas condições de vida dos operários não era  o socialismo. Esses problemas continuariam a existir numa sociedade socialista pelo simprles fato de ser uma sociedade, de envolver pessoas. Não existe um modelo perfeito que exclua esses problemas sociais na prática, porque uma vez os operários no poder, quem sofreria seriam os burgueses. Sempre haverá os favorecidos e os prejudicados, e sempre haverá problemas sociais enquanto houver sociedade. Tentar fugir disso seria entrar na utopia, tão condenada.
O que se deve fazer é tentar atenuar e reduzir os problemas sociais, dentro do próprio modelo instalado, acreditar que mudar o sistema resolverá tudo é ilusório e ingênuo.

Sábia Mafalda!


                        Engels é muito feliz ao negar a dialética de Hegel, que, por sua vez baseava-se nos pensamentos, idéias. A dialética materialista proposta em  "Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico" busca superar o mencionado autor através de uma nova  linha de pensamento: o mundo material e a luta pela vida que determinam os vícios humanos.
                       Tendo em vista que a ciência configura-se pela compreensão e prática, o autor propõe a análise da sociedade concreta para compreender o que se afirma e, simultaneamente, o que se nega (devido a necessidade de superação dessa última). Em sua obra, enfatiza-se o sentimento de opressão compartilhada por toda a classe operariada (tese), e a suposta mudança possível (antítese). A partir desse método, chegava-se á uma mudança na situação inicial - fundamental para sua dialética.
                       Mas esse método proposto pode ser aplicado a muitas temáticas do nosso cotidiano. Um exemplo disso é o desequilíbrio econômico: é causado pela mais valia, característica do sistema capitalista, que, por sua vez promove a concentração de renda; com essa última, o consumo é restringido, e o consumo é essencial ao sistema capitalista; logo, ao equilibrar a sociedade economicamente (ato "socialista"), o consumo aumentaria, realizando a manutenção do sistema capitalista. Confuso, não?

Preço do sossego

"Neste mundo é mais rico, o que mais rapa / quem tem mão de agarrar, ligeiro trepa/ quem menos falar pode, mais increpa / quem dinheiro tiver, pode ser Papa”
Gregório de Matos, adaptação por Zeca Baleiro


Grandiosa é toda a tecnologia que possuímos hoje, e que se desenvolve cada vez mais a cada segundo. Notável é o nível de produção que o homem alcançou nos últimos séculos, possibilitando uma vida cada vez mais confortável. Podemos sim dizer que esses avanços na humanidade são frutos do capitalismo, alcançados devido às necessidades do mercado e a constante competição. Porém, ao mesmo tempo que carrega a abundância como um de seus preceitos, essa mesma só pode ser usufruída por uma pequena parcela. O sistema carrega dentro de si a riqueza de uma classe em favor da miséria de outras.
Ele se mantém devido à força de trabalho operária, que põe as máquinas em movimento. Antes, o trabalho que era feito artesanalmente, cada um com suas ferramentas, aliando produção ao aprendizado, agora, é explorado pelo detentor dos meios de produção. Estes, pertencendo a um único dono, possibilitam uma grande divisão do trabalho, que afasta cada vez mais o produto final de quem realmente o fabrica. Dessa forma o trabalho é explorado em grande escala, pois o operário, alienado, é incapaz de perceber que parte realmente o cabe, e todo o trabalho que não lhe será pago torna-se lucro do patrão.
O sistema é opressor e se sustenta no abuso de outrem, subjugando a maior parte da população, que não pode gozar de seus frutos. Ele deverá então ser superado, não abalando totalmente sua estrutura, mas adaptando-a à um novo sistema mais igualitário. Os meios de produção deverão ser tornar de proveito de todas as classes. A abundância será repartida por todos, assim como a tecnologia também será utilizada para o bem geral, garantindo o conforto e bem-estar. Deve-se inverter o paradigma atual de Produção, pelo de Humanidade.


Zeca Baleiro - Eu Despedi o Meu Patrão

Socialismo, eterna utopia?


Marx e Engels foram os principais percussores do socialismo científico, antes deles o socialismo pregado era chamado de utópico, porque segundo esses dois principais autores, o mundo ainda não estava preparado para receber esse novo sistema de organização. O fato é que, para o mundo capitalista, qualquer tipo de socialismo é utópico, até mesmo o de Marx e Engels. O capitalismo prega a competição, o liberalismo e o consumismo.  As leis do mercado se tornaram mais importantes do que os valores éticos e morais. O mais próximo que o mundo já presenciou do socialismo foi a Revolução Russa em 1917, que resultou na criação da União Soviética, o primeiro país realmente socialista que teve a duração de 74 anos. O fato é que no fim, o capitalismo ganhou e esse imenso país não resistiu às pressões da Guerra Fria, sua economia ruiu e a maior parte da população foi prejudicada.
Segundo Marx, só seria possível implantar realmente o socialismo, se o mundo inteiro estivesse disposto a isso, porque enquanto houver o capitalismo os homens continuarão a se corromper. Isso é uma verdade plena, porque faz parte da natureza do homem essa competição e segundo o capitalismo a pobreza é necessária para o funcionamento da sociedade, a mais valia não é uma prática condenável. O modelo de vida atual proporciona luxo para alguns e miséria para outros, os que possuem condições de vida favoráveis não vão querer abrir mão disso por uma sociedade igualitária. É por isso que talvez o socialismo continue sendo uma ideia utópica durante muito tempo, há muito interesse em manter o atual sistema e derruba-lo não será uma tarefa fácil, talvez uma revolução mundial, mas até lá os interesses das grandes empresas se manterão acima de qualquer ideal humanitário. 

A luta de classes diária

   Independentemente das opiniões acerca do socialismo de Marx e Engels, é inegável a pertinência de alguns aspectos desta doutrina em nossas vidas. Na análise de Friedrich Engels em seu texto; "Do Socialismo útopico ao socialismo científico", são estabelecidas considerações históricas e sociológicas para se chegar ao que viria a ser a metodologia do socialismo.
   Aquela que sem dúvidas  é a consideração chave da teoria socialista, é a afirmação da presença da luta de classes durante toda a história da humanidade. É perceptível  desde  os primórdios da civilização que há  exploradores e explorados, os possuidores dos meios de produção e aqueles que vendem a sua força de trabalho.
   Outro elemento importante é o método marxista de análise da história; o materialismo dialético. A dialética é um conceito nascido da filosofia hegeliana e que consiste na descoberta da verdade atráves do embate entre duas ideias contrárias.No entanto, a dialética de Hegel afirma o permanente processo de evolução da humanidade impulsionado por "leis históricas",que são as diferentes ideias marcantes dos diferentes períodos, afirmando assim o seu caráter idealista. Já a dialética marxista se denomina materialista, pois se concentrava em desvendar as razões dessas tais leis do desenvolvimento histórico, ou seja, a resposta não estava nas ideias, mas na própria história.
    Estabelecendo uma relação da luta de classes e da dialética materialista com as nossas vidas percebemos que ela tem uma influência que vai muito além do óbvio. É claro que estamos presenciando a manifestação destes princípios quando há uma greve ou uma manifestação de operários , porém, o embate entre opressores e oprimidos está presente em várias outra situações.. A ditadura da moda, por exemplo, estipula como devemos nos vestir e como deve ser a nossa aparência. No entanto, são pouquíssimos os que realmente se enquadram nas imposições dos "ditadores da beleza" e assim a sociedade se fragmenta em uma pequena parcela considerada dentro dos padrões, e a avassaladora maioria excluída, que não está "na moda". Diante dessa situação, é perceptível que essa ditadura sem sentido pode acabar em um instante se os "fora da moda" pararem de sustentar esses padrões ao tentarem se enquadrar neles. O mesmo ocorre com o capitalismo, os operários sustentam o sistema que os oprime, sendo que apenas eles possuem a capacidade de destruí-lo. Comprovando assim a afirmação de que a classe opressora como um todo, alimenta o seu único rival letal.
    Utilizando um conceito da dialética; cada elemento carrega em si o seu contrário, e isso se aplica a quase todas as situações cotidianas. Logo, se há uma situação que nos incomoda, que vai contra os nossos ideais, é preciso lembrar que existe sempre o contrário disto . O importante é se coscientizar de que tudo pode mudar desde que haja vontade dos oprimidos de reverter o quadro, e isso se aplica tanto ao capitalismo , quanto a situações perturbantes do cotidiano.
   

Engels e a atualidade


Houve um tempo no qual a classe daqueles que trabalhavam arduamente para sustentar as outras duas não era valorizada. Essa classe exigiu de início maiores vantagens, e conseguiu, em troca de outros favores, certos privilégios. Basicamente, essa foi a burguesia antes da Revolução Francesa (1789), sem prestígio social e dependendo de acordos econômicos e políticos com o Rei e a nobreza. A Revolução, apesar de suas várias fases de liderança, engrenou a burguesia nos ditos e não ditos do país, e afirmou a auto confiança burguesa.

Século XIX, quando o mundo já estava aos moldes do capitalismo, o poder da burguesia tinha função essencial na economia do país, já que era dona dos meios de produção e aquela que comercializava interna e externamente. Inevitavelmente, os países adeptos dessa conduta cresceram, desenvolveram-se muito economicamente e politicamente, mas grande parte da população, a miserável, vivia sob péssimas condições, explorada por um sistema que não lhe dava saída se não trabalhar muito em troca de muito pouco. É baseado nessa realidade que Engels exemplifica a mais-valia, ou seja, o lucro produzido pelo trabalhador e absorvido pela burguesia. Consequentemente, a desigualdade social e econômica aumentou, e o lucro excessivo permaneceu nas mãos de uma parcela pequena da sociedade.

O homem, segundo Engels, saiu do reino animal e se tornou senhor consciente e efetivo da natureza, o poder concentrou-se na arte de transformar a natureza. As desigualdades, a hegemonia, talvez não seriam vencidas se o socialismo tivesse sobressaído no final da “luta de classes”, afinal, o socialismo seria concretizado no poder pela nova classe dominante, o proletariado. Seria o fim das desigualdades? Da dominação? Acredito que não...

Ao final, o que importa, independente do sistema em que se vive, é se o bem estar está sendo proporcionado à nação. Os lucros são de extrema importância para se aprimorar a produção e a infraestrutura, mas o reajuste de salário também é um investimento; a economia em crescimento, o descobrimento do pré-sal, são de extrema importância, mas uma boa e significativa porcentagem desses lucros destinada à educação, à saúde, ao social, é mais glorioso ainda. É custoso de início, é demorado e complicado, porém a melhor forma de crescimento e desenvolvimento é aquela que abrange toda a nação, ou que pelo menos visa ao bem estar social dela; não aquela que foca apenas na economia de mercado mundial.


Tribos de Engels

Vivemos em um tempo no qual as mazelas, principalmente sociais, são os principais problemas da sociedade. Estes problemas afetam bilhões de pessoas no mundo. Um exemplo é que uma em cada sete pessoas do mundo não tem o que comer. Em números absolutos, um bilhão de pessoas. Como resolver isso ?

Segundo Friedrich Engels, devemos buscar soluções na história, preterindo as ideias. Caso façamos isso, encontraremos exemplos de solução em sociedades indígenas, nas quais o sistema capitalista não era ativo e muito menos fazia sombra ao modo de produção vigente nas aldeias. Nesse lugares, embora houvessem rituais de passagem que poderiam ceifar a vida de alguns integrantes da tribo, cada um tinha seu papel na economia, se é que podemos chamar assim o que eles desenvolveram para sua sobrevivência, com pessoas coletando e outras caçando.

Contudo, imaginar que não existia luta de classes é irreal. Como Engels diz, apenas nas sociedades primitivas isso não existia. Apesar disso, nessas sociedades tidas como “primitivas”, a briga pelo poder, por quem iria ser o chefe sempre existiu, sendo possível caracterizar duas classes, as dos dominados e a dos dominantes, semelhantes ao proletariado e a burguesia, que foi o modelo instituído por Engels.

É possível a solução, a pacificação dessa guerra entre as classes? Dificilmente. Quem está no topo da pirâmide social não quer vê-la como uma linha, tal qual a do horizonte. Assim como quem se encontra na base, passando fome, sendo explorado pela classe dominante não aceitará sua permanência no alicerce da estrutura social. Enquanto continuarmos mantendo tal estrutura, a tendência é que aumente a quantidade de pessoas passando fome, sem ter o que vestir nem ter onde morar.

Apesar de parecer, a solução não é o socialismo, muito menos o capitalismo. Devemos tomar como base um sistema no qual seja dado a cada um o que cada um merece e que necessita, mas sem deixar faltar o necessário, garantindo ao menos uma vida digna a toda a sociedade inserida em tal sistema.

Socialismo na atualidade


            “[...] as condições de superação das contradições devem ser buscadas na estrutura material (econômica) da sociedade”
F. Engels

            A burguesia utilizou seu poder econômico para modificar as formas de governo em muitos países do mundo. As Revoluções Industriais provaram que o homem é capaz de transformar a natureza em bens de consumo. Engels acerta em dizer que a “estrutura material” de uma sociedade é influenciadora política e social e origem das desigualdades.
            O capitalismo, resultado do esforço da burguesia em garantir todos seus interesses, garantiu o salto dos meios de produção de um patamar insuficiente dentro do sistema feudal até a fabricação em grandes escalas. Até aqui, Engels admite os bons aspectos, porém a grande crítica é a apropriação por parte dos burgueses pelo produto que os trabalhadores produzem. E o excesso, a superprodução alavancou a pobreza, as contradições sociais e engessou os indivíduos em classes sociais sem aparente mobilidade, uma sociedade estamental moderna: as oportunidades não alcançam nem a maior parte da população.
            Então como buscar, atualmente, as “condições de superação das contradições na estrutura material”? A resposta está na associação entre os a participação do Estado e da parte da sociedade que possui ativismo social. Contrariando Engels, que escreveu sobre o mundo em seu tempo, não há em vista na atualidade uma revolução como o socialismo: com a tomada de poder pelo proletariado, que hoje se encontra em situação mais complexa em relação aos seus componentes, haveria uma verdadeira guerra e os modos de produção seriam mais uma vez apropriados por outra classe social, agora dominante. Não se extinguiria as desigualdades, a propriedade privada, as opressões e, por último e ainda menos viável, o Estado.
            Pode-se afirmar que a herança do socialismo para o nosso tempo é o ideal de progresso humano. Os benefícios da modernidade que devem ser transferidos a todos dever estar sob a responsabilidade dos direitos humanos, auxiliados pelo próprio sistema capitalista, que parece ser inerente a personalidade humana.

O Futuro e a Síntese

  Presente em toda a obra de Friedrich Engels, o Materialismo Dialético é o fruto da confrontação de ideias contraditórias. Assim, quando postas em contato, tese e antítese geram uma síntese. Esta síntese, por sua vez, torna-se uma nova tese a partir do momento em que se choca com ideias contrárias às suas. Apesar de aparentemente abstrato, o Materialismo Dialético é facilmente identificável tanto historicamente quanto cotidianamente.
  Um exemplo histórico pode ser encontrado na Revolução Francesa. A França absolutista (tese) era marcada pelo total descaso para com o Terceiro Estado, o qual, além de ser o único a pagar impostos, possuia péssimas condições de vida. A situação de injustiça social ocasionou um sentimento de indignação no povo, que, sentindo-se explorado, foi às ruas e, incentivado e financiado pela burguesia, concretizou a revolução (antítese). Com o fim dos privilégios da nobreza, o povo ganhou o direito de maior participação política e melhorias na qualidade de vida (síntese). Surge, porém, uma nova classe privilegiada: a burguesia. Existiam, no entanto, diferenças ideológicas dentro dessa mesma classe, disparidades essas que causaram a segmentação da própria burguesia e que podem ser vistas como novas teses e antíteses a partir de uma síntese.
  No cotidiano, o Materialismo Dialético pode ser encontrado de forma menos complexa, como em debates e críticas.
  Assim, pode-se inferir que a necessidade por transformação é uma característica essencialmente humana. A dúvida sobre a qual ainda é preciso refletir é se homem está caminhando em direção à síntese final, aquela à qual seria desnecessária qualquer oposição. Provavelmente esse ainda é um futuro muito distante.

O sistema jurídico na óptica socialista


No contexto do socialismo cientifico, oque o diferencia das doutrinas que o precederam é a ligação intima entre o direito e certa organização politica e social. Segundo Henri Lévy-Bruhl  para Marx e Engels “ O direito não existe sem o Estado, nem o Estado sem o direito, e o Estado nada mais é que instrumento de dominação de uma classe burguesa sobre o proletariado”. Desta forma, a formação do direito baseia-se em uma sociedade hierarquizada, servindo de arma na luta de classes. 

Como consequência, a percepção marxista entende o direito como um conjunto de instituições, que estão destinadas a ser abolidas com o fim da luta de classes, ou seja, quando se implantar a ditadura do proletariado. No livro “Do socialismo utópico ao socialismo cientifico”, Engels critica o pensamento dos utopistas, por não proporem uma ruptura com o sistema capitalista e não se basearem em uma vocação global. Porem da mesma forma que os utopistas aderiram a ideias impraticáveis, o socialismo cientifico, quando analisado de modo jurídico torna-se tão utópico quanto os outros. 

Citando novamente Henri Lévy-Bruhl, ele afirma que “É certamente utópica a asserção segundo a qual qualquer organização jurídica desaparecerá no dia em que cair o regime capitalista, pois é demasiadamente ingênuo imaginar um regime social em que os interesses de todos se ajustem automaticamente à satisfação de cada um”. Na verdade o sistema jurídico é mais do que um conjunto de instituições burguesas. É absolutista em uma sociedade absolutista, é burguês em uma sociedade burguesa e é socialista em uma sociedade proletarizada.

Em suma, parece indispensável, a contribuição do socialismo cientifico, pois este tem como objetivo principal compreender as estruturas complexas de funcionamento do sistema capitalista a fim de planejar os alicerces de sua superação. Da mesma forma que nos parece indispensável a presença de um sistema jurídico e do Estado, pois estes são fundamentais ao progresso da sociedade.


O conceito de mais-valia e a exploração da classe trabalhadora nos dias atuais


Karl Marx e Friedrich Engels, desenvolvedores das teorias socialistas, viveram em uma época de profundas mudanças no âmbito econômico da cidade. A nova classe dominante passava das mãos da nobreza para a burguesia, surgindo, assim, uma nova classe social: a do proletariado.
Os burgueses, como classe em ascensão e detentores dos meios de produção, tiravam cada vez mais proveito da classe operária, utilizando-se da sua força de trabalho e dando em troca salários irrisórios. A classe operária, cada vez mais encurralada pela perca de seus trabalhos (que antes era manual, e em consequência da Revolução Industrial passou a ser de maquinário), se via obrigada a aceitar empregos horríveis, com baixos salários e condições de trabalho péssimas.
Mas isso nos faz pensar: “Essa fase já acabou, aconteceu no século XVIII e agora os tempos são outros!”. Mas será que acabou mesmo? Ainda nos dias atuais vemos notícias de abuso da mão-de-obra, pessoas com salários atrasados, sem contar na baixa quantia oferecida à população como salário mínimo para a sobrevivência. Assim, a teoria de Marx e Engels ainda se mostra atual no século XXI, quando ainda existem pessoas que condições indignas de trabalho, sendo exploradas pelos seus patrões.
O conceito de mais-valia, principal mecanismo de exploração da classe trabalhadora, no qual a operário ganha uma quantia menor do que o que foi produzido por ele, se mostra muito presente nas condições de trabalho. O patrão, querendo cada vez mais o lucro, faz o que for preciso para consegui-lo, mesmo que tenha que ser em detrimento de muitas pessoas e famílias que necessitam do salário para sobreviver. 

A Razão é Base para Tudo?



Edmund Burke, em seu livro “Reflexões sobre a Revolução em França”, faz uma análise dos resultados da Revolução de 1789 para a França, e os critica duramente, alegando que o rompimento com as bases históricas de formação do país tornaram a revolução sem fundamento, sendo que a quebra com as tradições a deixou sem rumo e acabou levando ao despotismo napoleônico.

Embora Friedrich Engels concorde que a Revolução Francesa tenha fracassado em grande parte, acredita que foi por causa do pequeno e recente proletariado, que ainda não era capaz de levar a cabo uma revolução com tamanha magnitude. Segundo ele mesmo afirma em “Do socialismo utópico ao socialismo científico”, “Todas as formas anteriores de sociedade e de Estado, todas as leis tradicionais, foram atiradas no monturo como irracionais; até então o mundo se deixara governar por puros preconceitos; todo o passado não merecia senão comiseração e desprezo. Só agora despontava a aurora, o reino da razão; daqui por diante a superstição, a injustiça, o privilégio e a opressão seriam substituídos pela verdade eterna, pela eterna justiça, pela igualdade baseada na natureza e pelos direitos inalienáveis do homem.”

Analisando a afirmação pode-se inferir que para Engels todos os governos são irracionais a menos que não reconheçam autoridade exterior de nenhuma espécie, submetendo a religião, a concepção de natureza, a sociedade e a ordem estatal à crítica mais impiedosa; uma vez que tudo quanto existe deve se justificar através da razão ou renunciar a continuar existindo.

Mas o que é a Razão para que tudo conteste? O Homem é fruto não só da razão, mas também em grande parte de suas emoções e instintos, que não podem ser desconsideradas na análise e justificação da realidade. Acreditar que o Homem é só razão é também utópico e impeditivo, uma vez que tira parte do seu caráter humano. Dessa forma, desconsiderar tradições, religiões e a forma de se organizar de uma dada sociedade para elaborar somente pela razão o que seria melhor para ela é desumanizador. 

O socialismo científico


     Karl Marx previu o fim do capitalismo, encontrando mais do que fatores econômicos para essa proposta, considerando que os fatores sociológicos influenciariam nessa derrocada. Para analisar esses fatores contribuintes, deveria ser realizada uma análise da historia. Assim, tanto para ele como para Engels, o socialismo viria de forma natural, uma consequência da historia.
     Partindo dos ideais socialistas dos utópicos, a nova concepção de socialismo, o científico, viria para quebrar os paradigmas da sociedade em que viviam. Fatores como a criação de classes devido à apropriação dos métodos de produção por uma parte da população, e a consequente mais-valia, advinda do lucro sobre o trabalhador, iriam levar a conflitos, chegando a um ponto que o socialismo seria a melhor saída.
     Ainda que essas ideias preconizadas por Marx e Engels, não tenham se implantado de fato, não podendo considerar a tentativas russa ou a atual realidade cubana como sucessos dessa teoria, vemos que a análise do que Engels considerava ser uma transformação pela necessidade, falhou, pois o próprio sistema capitalista se adaptou às novas necessidades. Sendo assim, mais do que revolução no método utilizado pela sociedade, a ideia era de que o socialismo viria como um aliado da população, uma nova ferramenta que permitiria ao homem o controle de si próprio, uma ampliação dos benefícios gerados para todos, não apenas a uma parcela da sociedade.
                                                                                     Murilo Martins
Do socialismo científico ao socialismo utópico

Quem lê tal título pensa que é um erro do autor, pois está acostumado a ler "do socialismo utópico ao científico", uma alusão ao desenvolvimento do socialismo, que com o tempo passou a ser melhor idealizado, com idéias coerentes por parte de seus autores.

Entretanto, o texto que aqui escrevo tem a finalidade de mostrar poque o socialismo de Mark e Engels não teve sucesso, ou seja, passou a ser considerado pela maior parte da nossa geração atual como um sonho que jamais se realizará.

De fato quem observa a situação atual de Cuba, ou então a situação da Coréia do Norte em comparação com a Coréia do Sul, por exemplo, pode ficar instigado com os resultados do socialismo.

Primeiramente, então, é bom constatar que o sistema fora implantado de forma errada por uma simples questão de lógica: para repartir é preciso ter. Assim, não é possível imaginar um sistema igualitário que fincione bem dentro de países pobres, como é Cuba, como era a Rússia, Coréia do Norte e por aí vai.

Além disso, o sistema sofre com alguns erros, como a falta da chamada meritocracia. Se eu for ganhar sempre a mesma coisa, porque é que trabalharei melhor ou por mais tempo? Essa pergunta explica o porque da diminuição cade vez maior da produção e consequentemente da renda em países socialistas...

José Eduardo Garcia Tavares
O socialismo pode ser considerado a síntese entre o modo de produção capitalista e o conflito das masas. Para Engels, é uma consequência inevitável, visto o processo histórico precursor.

O capitalismo é a junção de opostos imersos na lógica da lei da oferta e da procura, a competição é contínua. O trabalhador perde seu tempo ocioso e com ele a chance de desenvolver outras atividades que estimulam o raciocínio, além da oportunidade de usufruir da recompensa do seu labor.

O mercado é uma provação incansável de competência e disponibilidade, quando poderia ser um espaço construtivo de experiências, formando a base de uma ordem social mais justa.

No socialismo a apropriação do Estado pelo proletariado possibilitaria a transformação das forças produtivas em um meio de vida do qual todos poderiam tirar proveito, tornando sua existência desnecessária.