domingo, 29 de abril de 2012

    Precursionado por Descartes e Bacon, Augusto Comte funda, no século XIX, o Positivismo como forma de um idealismo filosófico.
   A filosofia positiva de Comte surge como o último estágio do desenvolvimento intelectual tomando os estágios anteriores (teológico e metafísico) como necessários ao amadurecimento do espírito dos homens.Assim, defende a ideia de privilegiar as leis que regem os fenômenos , em detrimento das causas que o geram, pois estas são consideradas insolúveis.
   Porém, com o crachá de uma ciência da sociedade, o Positvismo, ao descartar a análise das causas, tende a promover a manutenção de um ciclo de problemas que demandam uma visão menos pontual dos fatos.
   Desse modo, seguindo essa orientação, podem ser adotadas ideias de cunho paliativo  em detrimento daquelas que resolveriam efetivamente certas patologias sociais afirmando, assim, sua perpetuação.  

                                                                                                                     Renan Silveira

Os três estados


     Em Curso de filosofia positiva, Augusto Comte propõe uma filosofia que pudesse descrever e explicar por meio de leis como funciona a sociedade. Suas teses são de grande importância, criando algo que é até hoje identificado em vários Estados do mundo, inclusive no nosso próprio país, como na bandeira nacional.
     Segundo Conte, em uma das suas mais celebres criações, existem três estados pelos quais a historia da sociedade atravessa. O primeiro, teológico, é os influenciados pelo sobrenatural, que é utilizado pelo homem para explicar os fatos que ocorrem ao seu redor. Após ele, vem o estado da metafísica, que é uma transição, onde a busca por respostas já se encontram mais ligadas à natureza, ainda que com caráter sobrenatural. Por fim, chegam ao estado Positivo, onde as respostas são prioritariamente cientificas, numa busca por aquilo que é útil ao ser humano, àquilo que é real.  
    Comte buscava assim, definir um novo conhecimento, que é uno, mas parte do amadurecimento das ciências naturais, sendo que estas são fundamentais para sua compreensão. O positivismo serve na sociedade moderna, portanto, como uma base, para que o conhecimento se fundamente e desenvolva.


Murilo Martins

Do positivismo ao Comte

Auguste Comte, um sistemático francês do século XIX e genitor de uma filosofia que ficou famosa não apenas por ser, em parte, inovadora, mas também pelo grande número de adeptos e críticos que produziu: o Positivismo. Dentre os influenciados por essa corrente filosófica pode-se citar as Forças Armadas brasileiras e também a nossa própria bandeira nacional por conter a frase positivista "Ordem e Progresso". Na obra "Curso de filosofia positiva", o filósofo apresentou suas ideias centrais acerca do tema, dentre os quais vale ressaltar a concepção mecanicista e solidária que ele tem da sociedade humana. Por outras palavras, analogamente a uma máquina, cada indivíduo seria uma espécie de engrenagem com determinada função, e as demais engrenagens agiriam ordenadamente com essa última, ou seja, todas as engrenagens seriam interdependentes. Disso conclui-se que se alguma dessas peças parar de funcionar, a máquina quebraria, ou, saindo da analogia, a sociedade entraria em colapso. A palavra "Ordem" da famosa frase de Comte parte desse raciocínio: que todos cumpram seus papéis dentro da sociedade que vive, do açougueiro ao professor de matemática.
Já a palavra "Progresso" significa para Comte uma evolução disciplinada da humanidade, sem revoluções e transformações bruscas. Ora, lembram-se das Forças Armadas nacionais, as quais tinham um caráter totalmente positivo? E do processo revolucionário de ascensão da república dirigido por elas? Percebeu algo estranho? Sim, sim. O Exército da época deixou de respeitar um dos conceitos principais do lema que posteriormente transportariam para a nossa bandeira nacional: o progresso positivista.
Além disso, Comte preconizava que a solidariedade seria um ato natural do homem e que as escolas seriam os agentes encarregados de aflorar e promover-la. Ora, seria muito interessante se tal ideia positivista se firmasse em todas as instituições de ensino nacionais, e não permanecesse apenas o simples escrito "Ordem e Progresso" como registro positivista nacional.

O Positivismo no mundo contemporâneo

Em meio a uma grande transformação, tanto social como econômica, devido à industrialização vinda da Revolução Industrial e ao êxodo rural por ela provocado, era necessária uma nova doutrina para  os tempos modernos, uma ideologia que rompesse com os antigos costumes e que acompanhasse os avanços que a humanidade havia conquistado, neste contexto Augusto Comte, influenciado por Descartes, Bacon e pelo Iluminismo,  redige sua teoria através do denominado Positivismo, onde a imaginação subordina-se ao real e concreto.
A influência atingida por este movimento é muito abrangente, chegou também no Brasil, onde a frase da bandeira brasileira faz referência ao grande lema positivista: ordem e progresso; onde que para o sucesso de uma sociedade, era necessária a ordem.Um grande exemplo deste ato foi o governo de Getúlio Vargas, que utilizou destes ideais para comandar o país, onde criou diversos institutos para as baixas classes com o objetivo de manter a ordem, preservar cada engrenagem em seu lugar, pois toda função exercida é fundamental para o sucesso de um país, desde recolher o lixo das ruas até governar uma nação.
Entretanto sempre que mencionado o adjetivo "ser positivista" é considerado como pejorativo, alguém conservador e de direita, porém não é ressaltado que um regime que adota o Positivismo se for bem administrado pode levar ao sucesso, todas as formas mal utilizadas levam ao fracasso, inclusive a democracia.
Este sistema e ideologia não pode ser considerado utópico, as formas de governo são perfeitas em sua teoria, o que as tornas inaptas são os governantes e seus atos.A busca pelo real e concreto foi útil para a desmistificação da época como também para os dias atuais, o Positivismo não é totalmente útil para o século XXI, mas existem vários pontos que são consideráveis, dados como exemplo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, que criou programas como o "Bolsa Família" para atender os necessitados e gerar o progresso.


João Pedro Leite - Direito Noturno, primeiro ano.

COMTE-me




A idealização de um mundo massacrado por objetos tecnológicos que facilitam a vida dos indivíduos vem crescendo de modo avassalador. Com isso, as relações interpessoais se degradam por motivos essencialmente abstratos, nas quais um certo número de “amigos” em uma determinada rede social se faz mais importante do que a existência concreta de amigos na realidade.

É contraditório pensar no verdadeiro significado do nome que Augusto Comte deu ao seu “curso”: Curso de Filosofia Positiva. Era claro o objetivo dele em demonstrar que o Positivismo era uma maneira de amadurecer, em todos os aspectos, o espírito humano, seja racionalmente ou através da relação e interposição de várias ciências num mesmo plano. Porém, com a análise profunda sobre a atualidade, nota-se que as desigualdades sociais e as disparidades econômicas surgiram em conseqüência de vários fatores, entre eles a possibilidade da existência de dominantes e dominados. Essa possibilidade se concretizou com o aparecimento dos moldes capitalistas, determinando sobre a sociedade uma segregação.

Assim, aprofundando-se nos conceitos gramaticais, é possível a inserção da interpretação de que a palavra “Positiva”, no título do texto, é um adjetivo e pode estar acrescentando um juízo de valor sobre a o próprio curso de Comte. Logo, mister se faz uma crítica, relevando-se o fato de que ele não é totalmente positivo, mas também possui características negativas para o desenvolvimento e a coexistência social, elementos importantes para a organização das pessoas e da sociedade em si.

Outrossim, pode-se adicionar que a idealização de Comte de formar uma sociedade baseada na ordem e no progresso, é onipresente ainda nos dias atuais. A primeira pode ser exemplificada pela presença da polícia e do Estado, já que ambos objetivam a organização social, sem que haja uma conspiração popular. A segunda é facilmente observável pela indústria, que utiliza-se cada vez mais do desenvolvimento científico e tecnológico para o futuro progresso, seja ele individual (preferido pelos indivíduos atualmente) ou geral.

Portanto, é impossível, agora, fugir das ciências. Estas estão presentes nas escolas, nas provas de vestibulares, nos produtos farmacêuticos, nas ruas, no cotidiano de cada um. Elas, inegavelmente, se entrelaçam e possibilitam um campo vasto de pesquisas e descobertas, como previsto e demonstrado por Comte. O que resta a todos, é simplesmente a aceitação das possíveis teorias científicas e das camadas futuras que elas estão prestes a moldar.

Ordem sangrenta


Ordem. Objetivo fundamental dos positivistas. Auguste Comte foi quem iniciou o movimento positivista, no qual o bem maior, o bem do Estado, é mais importante que o bem individual.
Com isso, conseguiu conquistar os quartéis, que têm como carro-chefe o Estado forte. Contudo, para manter tal ordem, muito foi sacrificado. Tal qual a banda irlandesa “U2” descreve em “Sunday Bloody Sunday”, “and the battle's just begun, there's many lost, but tell me who as won? The trenches dug within our hearts, and mothers, children, brothers, sisters torn apart” (E a batalha apenas começou. Há muitos que perderam, mas me diga: quem ganhou? As trincheiras cavadas em nossos corações, e mães, filhos, irmãos, irmãs dilacerados).
Essa música representa o “Domingo Sangrento” irlandês, no qual morreram 14 pessoas, com 26 feridos. Esta manifestação ocorreu para reivindicar direitos civis e em protesto contra o governo norte irlandês. No entanto, foi combatida com armas para manter a “ordem” que o governo desejava. Mesmo não sendo um país que tem o positivismo como bandeira, este, ainda que não intencionalmente, foi invocado pelos governantes.
Temos que refletir sobre casos como o citado, e como tantos outros não mencionados neste excerto. O bem do Estado é fundamental, mas devemos abrir mão de nós mesmos para favorecer alguns poucos que detém o poder sobre esse Estado ? O ideal não seria um equilíbrio, no qual cidadão e Estado são um, e o que é bom para um, é bom para outro ?

O Positivismo na sociedade


A Sociologia é a ciência da sociedade. Surgiu no século XVIII, século marcado por profundas transformações decorridas da Revolução Industrial, sendo essa responsável por um profundo impacto no processo produtivo em nível econômico e social. Sendo a sociedade o foco da sociologia, essa revolução foi responsável pelo rompimento dos vínculos sanguíneos e maternos até então vigentes, substituindo-os pelas necessidades e valores de mercado. É nesse momento conturbado da sociedade em que surge o Positivismo, linha teórica da sociologia, criada pelo francês Auguste Comte. Para Comte, a sociedade funciona como um mecanismo de engrenagens, em que cada indivíduo ocupa um lugar específico, sendo o seu papel vital para o funcionamento da sociedade, e quando um se desvirtua de seu papel social, acaba causando desordem e caos, pois a sociedade se organiza por regras imutáveis semelhantes as regras que regem seus corpos no universo. De acordo com sua  teoria, a miséria e outros problemas sociais são vistos como uma patologia que deve ser tratada com o objetivo de “curar” a sociedade e livrá-la desses cânceres.

No Brasil, o Positivismo desempenhou um papel fundamental na formação dos ideais republicanos e militares, pois com o intuito de manter a ordem na sociedade, mantendo assim os indivíduos em seus respectivos lugares, e o progresso do país, as idéias positivistas foram adotadas pelos militares durante o regime militar após a proclamação da República, sendo o exemplo mais evidente a frase de nossa bandeira, “Ordem e Progresso”. 




Até que ponto
É num período de efervescência social que surge a corrente filosófica chamada Positivismo. Esta escola originou-se na França no início do século XIX, ganhando força na segunda metade deste século e no início do século seguinte, período este que compreende o surgimento de uma sociedade industrial.
Criada por Auguste Comte, a filosofia positiva difere da filosofia tradicional, abstrata e metafísica, por vislumbrar a realidade. Ou seja, os positivistas buscam interpretar e entender a sociedade para intervir nela, diagnosticando seus problemas. Sendo assim, ela é uma ciência da ação e da utilidade, tal como a baconiana.
Com o Positivismo, o poder espiritual passa a ser dos cientistas e dos sábios, não mais dos religiosos, assim como o poder material passa a ser dos industriais. Por isso, Comte resume que “saber é poder”.
O Positivismo comteano influenciou diversos países da Europa e da América do Sul, principalmente o Brasil. O maior exemplo de tal influência no Brasil é notada no lema de nossa bandeira, extraída da fórmula máxima do Positivismo: "O amor por princípio, a ordem por base, o progresso por fim". O lema “Ordem e Progresso” mostra que a ordem é uma condição inerente ao progresso e que cada coisa em seu lugar conduz a uma orientação ética da vida social. Por isso, o Positivismo é tido como conservador.
Neste contexto de aplicação do positivismo como forma de se evitar a desordem, tem-se, em janeiro de 2012, a desocupação de Pinheirinho, área ocupada irregularmente por cerca de 9 mil pessoas, localizada no município de São José dos Campos. Devido à finalidade de manutenção da ordem, a retirada das famílias dessa área tem um certo caráter positivista, já que se optou por devolver a área ao proprietário, que tem o direito legal, ao invés de se pensar no bem-estar daquela população carente, sem condições pecuniárias suficientes para se estabelecer em outro local sem ajuda do Estado.
Apesar dos legados positivos que a filosofia de Comte trouxe para a ciência e para o desenvolvimento da humanidade, alguns conceitos são levados ao extremo e acabam por ser mal utilizados. Pelo exemplo comentado anteriormente, fica a seguinte pergunta: até que ponto alguns conceitos positivistas devem ser utilizados na sociedade moderna?

O positivismo de Comte e a sua relação histórica




         A corrente filosofica conhecida como positivismo teve sua origem no século XIX na Europa e por lá teve grande expressão. No Brasil, a mesma teve seu auge entre o fim do século XIX e a primeira metade do século XX, em episódios como a Proclamação da República. O desenvolvimento tecnico-industrial assistido nesse periodo da história mundial foi acompanhado e influenciado pelas ideias positivistas.
O positivismo tem como fundamento a ideia de que a ciência  seria o elemento fundamental frente a todos os problemas e conflitos da sociedade e do mundo. Na obra "curso de filosofia positiva" Augusto Comte, o autor, analisa a sociedade e alguns fenomenos, e quais seriam as suas mudanças com a utilização da nova "ciencia social".
Na Europa o positivismo se relacionou muito com o impressionante desenvolvimento cientifico que ocorreu após a revolução industrial, já no Brasil, o positivismo teve muita importancia na formação das ideias do contingente militar, afinal, os militares possuem grande afinidade com as ideias da filosofia positivista, já que a mesma afirma os conceitos referentes a hierarquia, a ordem, que refletem as bases que constituem a formação militar. Um claro exemplo disso, é na Proclamação da República, movimento que teve grande participação do exército, a bandeira que foi utilizada e permanece até os dias atuais possui a frase "Ordem e Progresso", claramente uma referencia a filosofia positivista.
Por fim, o positivismo foi um movimento que influenciou muito o desenvolvimento das ciências sociais como um todo, assim como também das ciências naturais, que juntas favoreceram o florescer científico-industrial.

A justiça torta de Comte.

"O Progresso é a lei da história da humanidade, 
e o homem está em constante processo de evolução."
Auguste Comte

  Patologias sociais. Duas palavras que trazem não só um imenso contexto histórico consigo, mas também uma valoração negativa, talvez por ideologia, talvez por ignorância. Ser positivista, no pós-positivismo, nunca costumou ser algo louvável, simplesmente pelo fato de Comte não ser bem compreendido.
  Evidente que cada homem pode ter suas idéias e não concordar com as demais, contudo é inegável o esforço do filósofo para a melhoria da sociedade.  A sociedade estamental, aspecto da teoria de Auguste Comte, mesmo não bem aceita, ela traz toda uma gama de soluções para os problemas da população, e essa imobilidade é o que possibilita essa harmonia. Pode não ser a única teoria para a melhoria social, ou a melhor, mas ela existe e é completamente executável.
  Devaneios com sociedades ideais como comunistas, onde se pressupõe uma bondade humana intrínseca, apesar de geniais, não passam de ideais, utópicas. Lutar por elas não traz efetividade nas resoluções das problemáticas reais.  
  Este aspecto é um dos grandes problemas que hoje a sociedade encontra, pois está sem ideologias palpáveis.  O capitalismo é constantemente criticado por não proporcionar igualdade, oportunidade além de diversas vezes causar imensas inversão de valores. O comunismo atuante está morto e os partidos brasileiros estão andando entre a linha da utopia, da corrupção, da ilusão do povo e desenvolvimento sustentável.
  A sociedade continua com problemas insolúveis, com pobreza, miséria e desonestidade generalizada e, mesmo depois de tantos anos,  ainda não foi encontrada a solução. Solução que Comte, tortamente deu. Mas temos direito de criticá-lo e julgá-lo teoricamente injusto quando pouco mudamos e evoluímos ? 


MARIANA MORETTI RIBEIRO

Sociedade Racional


Sem duvida alguma, Augusto Comte foi um dos principais percussores do positivismo. A filosofia positiva defende a observação da realidade, é contra conclusões tiradas a partir da imaginação ou do misticismo. Além disso, o positivismo se considera a última fase de evolução da sociedade, prega que cada indivíduo possui um determinado papel na sociedade e por isso a dinamicidade do mundo continua, desta forma, acredita que as enfermidades mundanas devem ser identificadas para depois serem eliminadas. 
O positivismo pode ser mal interpretado, a ditadura militar brasileira se baseou nesta ciência, o que para algumas pessoas faz da filosofia positiva com uma fama ainda pior. O fato é que a ciência acredita na ordem e no progresso ( da maneira que está escrito em nossa bandeira), ela se considera o apogeu da evolução humana, mas se esquece de que não é fácil racionalizar uma população. Porque de fato, no Brasil, durante os governos positivistas, o país progrediu, a economia evoluiu e as tecnologias foram avançadas, mas o povo praticamente ficou sem voz para expressar suas vontades. Na teoria a ciência é praticamente perfeita, cada um exercendo o seu papel social e as enfermidades mundanas sendo identificadas e logo após curadas, mas na prática não é tão simples assim. Além disso, o positivismo não pode ser utilizado com desculpa para as injustiças capitalistas, o que é comum atualmente, principalmente pelas classes com alto poder aquisitivo.

Ponto de Vista



"'Cause I don't care where I belong no more./ 

What we share or not I will ignore./ 
And I won't waste my time fitting in./ 
'Cause I don't think contrast is a sin.
 
Millencolin


O grande desenvolvimento técnico-científico que existiu no século XVIII durante a Revolução Industrial e as consequentes transformações na sociedade decorrentes dele levou à concepção do cientificismo, que defende a utilização do método das ciências da natureza para todas as outras áreas do conhecimento. Comte, com sua filosofia positivista, instala, em detrimento da teoria do conhecimento, a teoria das ciências, classificando-as em: matemática, astronomia, física, química, biologia e sociologia, indo da mais simples e abstrata à mais complexa e concreta. Para ele toda forma de conhecimento agora adviria das realizações das ciências empíricas, alcançando até a religião.
A sociologia, da qual se diz fundador, é definida utilizando modelos da biologia, tratando da sociedade como um organismo vivo, onde cada órgão teria sua função definida e vital para o corpo. Nesse caso a vontade do indivíduo se perderia frente a vontade coletiva, pois esta última deveria prevalecer para que haja o bom funcionamento do todo.
Porém é impossível defender a objetividade e neutralidade das ciências, pois sendo produzida por humanos, está sujeita a impressões e paixões pessoais, marcadas principalmente pela ideologia do pesquisador. Pode-se observar dessa forma a filosofia de Comte como reação conservadora frente à Revolução Francesa, da qual tomou postura anti-revolucionista. Instituindo a ordem em todo o seu trabalho, desde a organização das ciências em hierarquia, até a justificativa da imobilidade e da estratificação social, exaltando um dogmatismo sem limites.
Não há como obter dados brutos da nossa percepção do mundo, da mesma maneira que não podemos traçar objetivos sem os influenciar, pois cada um dará uma significação ao seu objeto de estudo.



Millencolin - No Cigar

Compreendendo o positivismo

Auguste Comte (1798-1857) foi o criador do positivismo, cujo contexto social foi o da Revolução Industrial no qual as mulheres começaram a se inserirem no mercado de trabalho, as máquinas tornaram importantes no processo de produção. Ele primeiramente denominou “física social” que para ele seria a ciência da sociedade, entretanto mais tarde passa a ser chamada de filosofia positiva.
Para Comte, o Positivismo seria o terceiro e mais avançado estágio do conhecimento humano. O primeiro seria o teológico no qual agentes sobrenaturais por ação direta e continua produz os fenômenos; o segundo, que seria o estado metafísico no qual basta substituir os agentes sobrenaturais por forças abstratas, e estas por sua vez teriam a capacidade de produzir os fenômenos observados. No terceiro estágio, segundo o filósofo, “a explicação dos fatos, reduzida então a seus termos reais, se resume agora em diante na ligação estabelecida entre os diversos fenômenos particulares e alguns fatos gerais (...)”, ou seja, o primeiro estágio seria primitivo, o segundo uma transição e o terceiro o ápice, auge social no âmbito do conhecimento humano. Todos os estágios são necessários para o  amadurecimento das formas de compreensão e explicação do mundo e Comte admite que as ciências mais aperfeiçoadas conservam traços tanto do estado teológico quanto do estado metafísico. Ele ainda faz um paralelo com a vida de uma pessoa, a infância seria teológica, a juventude metafísica e a virilidade seria positiva. Depreende-se também que seria no positivismo que o espírito humano estaria amadurecido, pois ele lida somente com temas concretos que são respondíveis.
O positivismo analisando a ligação dos diversos fenômenos particulares com os fatos gerais seria uma “ciência de combate, de ação que interpreta para intervir”. Até porque diferentemente das outras filosofias, o positivismo esta interessado no real, no concreto e não no metafísico.
Por fim, o pensamento positivista continua moderno, pois tem reflexos até hoje, são alguns deles: a influência exercida entre os militares entre eles Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto o que fez com que o lema de nossa bandeira “ordem e progresso” fosse positivista; a fundação da igreja positivista que até hoje atua no país e ainda a forma de pensar positivista que até hoje muitas pessoas possuem até mesmo sem saber. Por isso é fundamental compreender o positivismo. 

O relógio social




        O texto a seguir trata a respeito do pensamento Positivista, que possui como fundador o francês Augusto Comte.
    Pegue um relógio antigo em funcionamento, e abra-o. Ao fazê-lo observe com atenção aos mínimos detalhes, nas menores engrenagens com seus múltiplos dentes, que as unem umas às outras em um movimento perfeitamente sincronizado. Agora, imagine que repentinamente, um único dente da menor engrenagem simplesmente se solte, mudando a forma e a complexidade da mesma. O relógio continuaria a funcionar da mesma forma? Evidentemente não.
   Tente transferir este mesmo pensamento a respeito do maquinário do relógio, para um universo muito mais complexo: pense em uma sociedade que funcionasse dessa forma. Mesmo o menor grupo de indivíduos que se desvirtuasse de sua função poderia comprometer toda a estrutura, prejudicando aqueles que seguem fiel a sua função.  Dessa forma, seria dever do Estado, de acordo com a teoria positivista, “concertar” suas engrenagens para que voltassem ao estado ideal.
   Entretanto, o grande dilema seria: qual o seu estado ideal? Será mesmo que o chefe de Estado tem o direito, ou melhor, a capacidade de estabelecer qual o ideal para toda uma sociedade? Provavelmente não.
   Temos que levar em consideração que uma mudança inesperada, que fuja do controle de um “governante”, que seria a peça mestra do nosso “relógio social” nem sempre é algo negativo. Muitas das mudanças históricas surgiram de situações em que o governo se opunha totalmente, porém não conseguiu reprimir. Portanto é muito complicado estabelecer que um grupo, ou mesmo uma pessoa se encontra prejudicando o sistema, quando  na realidade ela pode estar revolucionando a forma de agir, o quê, ao contrário do que era imaginado pode ser a manutenção, o elemento que promove a continuidade. Até porque, remetendo novamente ao nosso paralelo, mesmo os mais perfeitos e complexos maquinários, se não sofrerem manutenções, eventualmente deixarão de funcionar.



Um progresso enlouquecido



O positivismo surge na Europa durante o século XIX, no qual gradativamente disseminava-se o estereótipo de que a ciência caminhava sempre em direção ao progresso e de que a tecnologia solucionaria todas as mazelas da humanidade. Entretanto, a religião do progresso defendida por Comte, com todos seus fundamentos e dogmas, ruiu-se diante das guerras mundiais e Verdum tornou-se, definitivamente, o túmulo do positivismo. Como reverberou Albert Einstein: "A ciência era para trazer avanço e liberdade, mas trouxe fome e angústia".
Um dos alicerces da teoria comteana é o lema: "o amor por princípio e a ordem por base; o progresso por fim". Esse progresso divide-se em duas vertentes: o quantitativo ou material que resultaria no avanço tecnocientífico; e o qualitativo ou social que proporcionaria uma melhor qualidade de vida. Teoricamente, o desenvolvimento do progresso qualitativo resultaria na ampliação do âmbito da liberdade, proporcionando o desaparecimento da escravidão, do arbítrio, da opressão e do sofrimento. Entretanto, essa premissa tão humanitária limitou-se a um universo quimérico e milhares de pessoas mortas por ambição de superioridade de determinadas nações.
Definitivamente, os preceitos positivistas apesar de estarem enraizados na essência da sociedade moderna, devem ser submetidos a uma severa crítica, pois assim como a ciência resolve inúmeros problemas, também os cria (um explícito exemplo é a interferência humana no meio ambiente, moldando às suas necessidades, mas o destruindo).

Comte e o positivismo


O positivismo surgiu na França no século XIX, essa corrente filosófica defende que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento válida, portanto, os conhecimentos adquiridos por meio do senso comum e costumes devem ser descartados, foi a corrente que apoiou a evolução do progresso industrial e científico.
Augusto Comte em sua teoria positivista buscava a compreensão das leis que regem as disfunções da sociedade.  A sociedade, segundo o positivismo, assim como os fenômenos naturais, possui leis regulares que regem os fenômenos sociais, seguindo uma linearidade,  Comte propõe então uma filosofia de intervenção social.
O modelo positivista de regime é republicano é estruturado sob a forma de uma ditadura científica. Um dos princípios do positivismo é a separação entre o poder religioso e o poder civil, somente homens esclarecidos e honestos seriam os verdadeiros sacerdotes do saber.
Comte explica que o desenvolvimento intelectual e espiritual se dá por uma lei, enunciada como "Lei dos Três Estados", em que há três estágios do conhecimento:  o teológico, o metafísico e, por fim, o positivo, sendo os dois primeiros necessários para se alcançar o último.
Os positivistas abandonaram a busca pela explicação de fenômenos externos, como a criação do homem, por exemplo, para buscar explicar coisas mais práticas e presentes na vida do homem, como no caso das leis, das relações sociais e da ética.
O positivismo teve grande influencia no Brasil durante o século XIX e XX, pode-se constatar pela presença da frase “Ordem e progresso”, frase que sintetiza o objetivo da filosofia de Comte, em nossa bandeira adotada após a proclamação da República.

(Des)Ordem


Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
É seu dever manter a ordem?
É seu dever de cidadão?
Mas o que é criar desordem,
Quem é que diz o que é ou não?
São sempre os mesmos governantes,
Os mesmos que lucraram antes.
Os sindicatos fazem greve
Porque ninguém é consultado,
Pois tudo tem que virar óleo
Pra por na máquina do estado.
Quem quer manter a ordem?
Quem quer criar desordem?
“Desordem” – Titãs

Essa tão esperada ordem discutida pelo francês Augusto Comte no começo do século XIX ainda se torna atual nos dias de hoje. Afinal, qual seria a definição de ordem em mundo com tantas diferenças e tantas desigualdades? É evidente que a idéia de ordem faz jus aos decretos do Estado, que como elemento máximo da nação impõe suas vontades ao cumprimento da sociedade, afinal “tudo tem que virar óleo pra por na máquina do Estado”. Os governantes de hoje, principalmente dos Estados capitalistas, preocupam-se em manter a sociedade organizada de acordo com as suas ambições, para evitar rebeliões, e continuarem com a mesma comodidade e conforto que sempre tiveram, recebendo salários cada vez mais altos, enquanto a grande maioria da população sofre com a falta de dinheiro, a falta de saúde, a falta de emprego, ou seja, com a falta. Assim, a letra da música acima faz uma pergunta que deve ser questionada: “Quem quer criar desordem?” A sociedade que vive aprisionada em suas vidas sem auxilio estatal, ou o próprio Estado, que não faz nada para mudar o alto nível de discrepância social vivenciado atualmente?

Comte afirmava que cada indivíduo desempenhava uma função específica, e que era fundamental que esse indivíduo se mantivesse no seu papel para dar continuidade ao funcionamento da sociedade e, dessa forma, assegurar que a ordem fosse garantida. Dessa maneira, Comte justifica a existência de todas as classes sociais e das mazelas existentes no mundo. O positivismo compara a sociedade a um organismo biológico, no qual nenhuma parte tem existência independente, assim, pode-se fazer um paralelo com as idéias de Karl Marx, na qual a existência das classes sociais menos favorecidas é justifica pela existência dos ricos. Comte tinha a ordem como valor supremo e para ele era importante que as pessoas entendessem o valor da obediência e da hierarquia. Ao contrário de Marx, que lutava por uma revolução do proletariado para que os pobres pudessem alcançar uma vida melhor, Comte afirmava que cada cidadão tinha que aceitar o seu papel dentro da sociedade, pois não importava de que maneira, seja por repressão do Estado, ou injustiças, mas a ordem tinha que ser garantida. De acordo com esse ideal de manutenção da ordem a qualquer custo, novamente pode-se fazer um paralelo com as idéias de outro filósofo, Nicolau Maquiavel, que afirmava que “os fins justificam os meios”, assim, não importam os caminhos que forem adotados para se chegar a uma sociedade perfeita, a ordem é de importância máxima e tem que ser alcançada a qualquer custo.

Sendo assim, “È seu dever manter a ordem? É seu dever de cidadão?”. Até quando um cidadão deve aceitar o seu papel na sociedade, seja ele bom ou ruim, em função de tal ordem utópica que põe em detrimento o bem estar da população menos favorecida em função da continuidade perfeita da máquina do Estado? Para Comte, o progresso só pode ser alcançado dessa maneira, com uma sociedade organizada e hierarquizada, na qual cada indivíduo faz parte da sua esfera social e não deve ambicionar uma condição de vida diferente da sua. Assim, surge um questionamento inevitável: seria essa realidade Comteana, uma forma de vida justa para todos os cidadãos ou somente para a classe dominante?

A filosofia positivista de Comte e seu contexto histórico




               Em sua obra, Comte promove a perspectiva da física social, a medida em que procura perceber o que faz mal á sociedade, para então curá-la. O contexto histórico da obra traz agitações sociais promovidas pelo modo de produção capitalista recém implantado, que alterou todas as relações sociais, adaptando-as ao mercado.

               A partir de então, as exigências mercadológicas superaram as necessidades humanas, ocorrendo uma privatização da terra a medida em que não é mais possível produzir para sua própria subsistência, que por sua vez só é alcançada com a venda da força de trabalho.

               A alteração não restringiu-se á ordem econômica e política, mas também a social, visto que a diferença entre dominantes ("cérebros") e dominados ("braços") passou a ser determinada pela propriedade e capacidade de gestão do capital, e não mais pela hereditariedade.

               Comte, portanto, promove o conhecimento das patologias presentes na sociedade e suas origens, com a finalidade de devolver a esta sua ordem natural. Procura analisar a sociedade como um organismo vivo e interdependente, através da filosofia positivista e, com isso, acredita superar a tradicional.

Qual ordem e qual progresso?


    A filosofia positiva tem a ideia de “ordem e progresso” como um de seus pontos centrais. E dentro da filosofia de Comte essa ideia transmite que na natureza e na sociedade existem aspectos os quais devem ser preservados, como aquilo de orgânico e de necessário á sociedade (ordem), e outros que devem modificar-se, representando a evolução do espírito humano (progresso). No entanto esse conceito positivista não foi e não é sempre aplicado sob essa óptica de interpretação, além de não permitir a mobilidade social.
  As ditaduras militares aplicaram – e aplicam - um positivismo deturpado á seus regimes, onde a manutenção da “ordem” justifica qualquer medida adotada. Mas torturas, paredões de fuzilamento, assassinatos, exílios e controles cultural e ideológico agravam as patologias sociais e são formas de resolução de problemas sociais não condizentes com a filosofia comteana. Esta acredita que é função do Estado curar as patologias sociais através de medidas que conscientizem a sociedade da importância das partes para o todo como, por exemplo, com a reforma da educação.
  Dessa forma, Comte defende a evolução do espírito humano através da conquista da consciência. Os homens deveriam ser ensinados para sua conscientização e não ludibriados, manipulados ou persuadidos. Afinal, uma vez que a consciência é atingida, em qualquer que seja a postura desejada, a mudança ocorre de forma efetiva no comportamento humano. “Ordem e Progresso” só serão realmente alcançados pelos indivíduos quando essa fórmula deixar de ser buscada sob o pretexto do poder. Nas palavras de Antoine de Saint-Exupéry, em Cidadela: “A ordem é o sinal e não a causa da existência. Da mesma maneira que o plano do poema é sinal de que ele está acabado e marca da sua perfeição.(...)Não tropeces na tua linguagem. Se impuseres a vida, fundarás a ordem; se impuseres a ordem, imporás a morte. A ordem pela ordem é caricatura da vida”.

“Ao vencedor, as batatas." ^1

As fabricas vomitam fumaça, 
o que nos cercava já entrou para o desconhecido, 
a sociedade mudou, é preciso “Comte-la”. 

  É da premissa capitalista e cientificista , despontada no século XIX, que Comte fundamenta seu instrumento de contenção de massas vultuosas, primando pelo concreto e constatável. 
  A teoria positivista, prepotente e eurocêntrica desde nascitura, condena-se pelo fatalismo teleológico, supor um processo evolutivo rígido e cimentado , desconsiderando a variabilidade da ciência social é limitar-se as pretensões organicistas. 
  Antes de tudo, o corpo social não o é biologicamente por assim designá-lo. As partes do mesmo não o destruiriam se passassem a executar outros processos, senão aqueles que já executavam, não estando fadadas ao determinismo intransponível da sociedade industrial europeia seguida da sociedade informacional Ianque. 
  A metafisica é uma constante naturalmente humana, não uma fase a ser progredida até o viril estado da racionalidade. Ser humano não configura um sinônimo de ser razão, mas sim uma miscelânea de facções intelectuais, sejam elas empíricas ou não. 
  Segundo positivistas necessitamos de ordem para alcançar o tal louvado progresso, e para nós, “vencedores progressistas”, as batatas. 


 Nota: 
 1 Assis, Machado. Quincas Borba

Ordem x Progresso


                Augusto Comte, no início do século XIX, em sua obra “Curso de filosofia positiva”, ditou os parâmetros da corrente filosófica chamada positivismo. Segundo Comte, o positivismo defende a ideia de que o conhecimento científico é a única forma de conhecimento válida.
                O positivismo só considera verdadeiro o conhecimento comprovado cientificamente, descartando os conhecimentos adquiridos por meio dos costumes, senso comum, etc. Além disso, o positivismo vê o mundo como um sistema planetário, onde cada peça tem seu lugar fixo, sua função essencial para o funcionamento do conjunto, como uma engrenagem em uma fábrica.
                De fato, o positivismo foi muito importante, levando em conta o contexto em que foi criado (Revolução Industrial), tendo reflexos nos séculos XIX e XX, inclusive no Brasil, como por exemplo, na inscrição da Bandeira Nacional: “Ordem e Progresso”. Mas, será que o positivismo ainda cabe em nossa sociedade? Será que o conhecimento científico é mesmo o único verdadeiro?
                O conhecimento baseado no senso comum, no mito, nunca deve ser desprezado, afinal, ele é o primeiro passo para o conhecimento comprovado cientificamente. Além disso, é preciso levar em consideração os Direitos Humanos e os princípios sociais. O positivismo ainda cabe na sociedade, para continuarmos produzindo conhecimento prático, tecnologias, etc. Porém devemos ser bons positivistas, para a Ordem não superar o Progresso.

fazendo uso do positivismo


                Augusto Comte ao explicitar sua obra “Curso de Filosofia Positiva” procura mostrar que não possui pretensões de que aquela seja uma opinião definitiva, pelo menos não naquele momento, e sim uma forma de conceber as generalidades. Fica evidente ao lermos Comte que ele teve como precursores René Descartes e Francis Bacon exatamente pelo teor de sua obra que sempre busca utilidade para o conhecimento obtido.
                Sabemos que, de certa forma, tal linha de raciocínio foi de grande importância para o desenvolvimento em geral uma vez que sempre buscou a utilidade para o que se conhecia, no entanto, devemos nos perguntar se essa filosofia continua viável e se sim, até quando e qual seriam seus prejuízos uma vez que se por um lado tivemos grandes avanços nas ciências, tivemos também grande negligência quanto a sociedade e acabamos criando uma individualidade tão exacerbada que por vezes pode ser mostrar irreversível.
                Na busca pelo “meu” e por utilidades para tudo e todos, nosso egoísmo e nossa indiferença alcançaram níveis inimagináveis e o ser humano se tornou algo descartável.
Talvez seja a hora de mudar o que nos foi imposto, talvez seja a hora de mudar a sociedade, talvez seja hora de mudar nós mesmos, talvez, talvez, talvez... O fato é que enquanto tais idéias não passarem de idéias, o atual sistema cada vez mais se firma em seus moldes e o povo acaba por se acomodar e a mudança,especialmente na dimensão que se torna necessária, acaba por ser considerada impossível.
                Então talvez devêssemos vestir a camisa positivista que nos é dada ao nascermos e procurar uma utilidade para nossas idéias, de modo a colocá-las em prática, para que então possamos fazer algo pelo simples prazer de fazê-lo e não pelo fim que essa ação possa ter.


Inerentemente metafísico

Há uma correlação inegável entre um fenômeno social e uma ideologia de base que o sustente. Assim sendo, o positivismo seria a corrente que apoiou a evolução do progresso industrial e científico em seu apogeu. Apartando de si a metafísica e a teologia Comte propõe uma forma empírica de conhecimento e de comportamento.
Para Comte o estado positivo da sociedade seria aquele onde o que importa não é o porquê dos fatos, mas sim o seu desenrolar, o fato em si, o como esse fato afeta na ordem das coisas e estabelece leis físicas e humanas.
A dimensão moral no positivismo difere totalmente da moral religiosa vivenciada no período histórico anterior. Comte preocupa-se com o equilíbrio da pessoa humana, equilíbrio segundo ele que só seria atingido se o homem vivesse bem com seus semelhantes (altruísmo) e tivesse uma harmonia pessoal através do cultivo da mente (ideias).
Percebe-se na teoria positivista um certo utilitarismo na visão dos fenômenos. Ao preocupar-se somente pelo resultado, pelo pragmático, esquecendo o porquê, a razão de ser das coisas, Comte descarta um aspecto inexorável dos entes materiais. Instrumentaliza-se a vida, os aspectos individuais e subjetivos da existência humana.
 É contraditório, porque é nossa racionalidade, e tão somente ela, o elemento que leva o ser humano a ter um questionamento metafísico da realidade. Somos os únicos seres com necessidade de transcender, de entender os motivos, e de buscar avanços através de nossos questionamentos. Seguindo essa linha de raciocínio seria inerente e inclusive uma responsabilidade da humanidade ir sempre mais além daquilo que é pragmático.
Esse pragmatismo instrumentaliza a sociedade, nos converte em uma massa inerte que vale pelo que faz e não por aquilo que é. Isso está impregnado na nossa cultura em seus mais variados âmbitos. Quando estamos falando da humanidade jamais podemos nos esquecer que há uma dimensão muito mais profunda, que toca o santuário sagrado de sua individualidade e dignidade. Não somos simples entes materiais, possuímos um grau de ser superior que imputa ao ser humano um questionamento metafísico e racional da realidade.

Educação Positivista


            Segundo Augusto Comte, “o pensamento positivista poderia garantir a organização racional da sociedade”. Após abandonar os métodos teológicos e metafísicos do pensamento humano, o positivismo iria atender as necessidades de estabilidade, através do conhecimento social científico como base para reformas de ordem progressista.
            O destaque da grande influencia positivista na educação é a ascensão das ciências exatas. De acordo com o Positivismo, a união entre técnica e teoria iria garantir a superação da fragilidade fisiológica do homem. Sendo assim, a aplicação de conceitos prontos como foi feito no auge da prática positivista na educação no Brasil, a ditadura militar, construiu uma educação segmentada, na qual ‘aprender’ era simplesmente absorver todas as informações de forma mecânica, dando um caráter fragmentário ao saber cientifico. O desenvolvimento crítico da população não possuiu espaço e, com isso, os valores culturais, as condições históricas e as diferentes condutas humanas eram ignoradas ao se tratar de ciências sociais.
            Em relação à formação humana, Comte baseou-se em um forte poder de moralização, inserção no trabalho e estabelecimento de regras para convivência social. Apresentou, portanto, a educação como rompimento do isolamento da ciência, alicerce da reorganização e intervenção social. Educar a população seria imprescindível para garantir a “ordem e o progresso”, ideais positivistas que permeiam o sistema educacional brasileiro até os dias atuais.
            Os métodos positivistas não devem ser extintos e nem poderiam, pois caracterizam uma visão prática acerca dos sistemas educacionais. Entretanto, um remodelamento das formas de ensinar com a introdução de princípios sociais e voltados para os direitos humanos é a possibilidade de capacitar a população diante da nova realidade mundial.

Normolândia, Progessolândia, Egolândia: positivismo?

          Totalistarismo, Tirania, Autocracia: inerâncias positivistas? Não, senhor! Mas sim consequências negativistas da essência vituperadora humana! Ora, irrefutável é a ganância humana, putrificadora da essência não ignóbil. De fato, postergar o Progresso e delegar a Ordem a cidadãos ineptos e letárgios, aderentes ao ócio e alienados pela boêmia - pode ser Bohemia também -, é equívoco imensurável... Assim, o Tropicalismo e a Bossa Nova, emblemas do "estupendo" e lulista País Tropical - este (des)regrado por nepotismo - vêm apaziguar, com melodias suaves e singelas, a euforia personificada por Rita Bahiana, a "cadela no cil" do "Cortiço" de Aluízio Azevedo. Analogamente, Brás Cubas, alegoria brasileira, tolo, insuflado de ideias inócuas, encarna o Nada-Faz, o Tudo-Topa. Afinal, Brasil é positivista ou negativista?
              A Alemanha nazista se autodenominava, perante a nação, a sublime Progressolândia , mas era, de fato, uma Normolândia com o inutito de nutrir a Egolândia localizada na maléfica mente de Hitler. Irrefutável é a constatação de que Comte, ao proclamar sua teoria, louvava a ordem, porém sua ideia não vislumbrava as opressões facista, comunista e árabe... Para o pensador, seria necessário DIGNIDADE, ou seja, repúdio ao vil anacronismo que permeava - e continua a permear - as Constituições de ditadores lunáticos, narcisistas. "Os Miseráveis", de Victor Hugo, por exemplo, retrata a vulgaridade de uma nação gananciosa, desordenada, sem a presentaça de um Estado eficaz à moda positivista.
             O assaz vivaz não renega simbiose social e Ordem, nem posterga o Progresso. Ele goza da harmonia e age em prol do civismo, sem militarização, genocídio, opressão e "expurgo" de etnias divergentes. Um gesto de amor, por menor que seja, derruba uma montanha de ódio. Assim devia ser e deveria ter sido. No entanto, o comportamento humano não é empírico; ele sofre e, concomitantemente, acarreta mutações. Vivamos pela Ordem e Progresso!...