domingo, 29 de abril de 2012

COMTE-me




A idealização de um mundo massacrado por objetos tecnológicos que facilitam a vida dos indivíduos vem crescendo de modo avassalador. Com isso, as relações interpessoais se degradam por motivos essencialmente abstratos, nas quais um certo número de “amigos” em uma determinada rede social se faz mais importante do que a existência concreta de amigos na realidade.

É contraditório pensar no verdadeiro significado do nome que Augusto Comte deu ao seu “curso”: Curso de Filosofia Positiva. Era claro o objetivo dele em demonstrar que o Positivismo era uma maneira de amadurecer, em todos os aspectos, o espírito humano, seja racionalmente ou através da relação e interposição de várias ciências num mesmo plano. Porém, com a análise profunda sobre a atualidade, nota-se que as desigualdades sociais e as disparidades econômicas surgiram em conseqüência de vários fatores, entre eles a possibilidade da existência de dominantes e dominados. Essa possibilidade se concretizou com o aparecimento dos moldes capitalistas, determinando sobre a sociedade uma segregação.

Assim, aprofundando-se nos conceitos gramaticais, é possível a inserção da interpretação de que a palavra “Positiva”, no título do texto, é um adjetivo e pode estar acrescentando um juízo de valor sobre a o próprio curso de Comte. Logo, mister se faz uma crítica, relevando-se o fato de que ele não é totalmente positivo, mas também possui características negativas para o desenvolvimento e a coexistência social, elementos importantes para a organização das pessoas e da sociedade em si.

Outrossim, pode-se adicionar que a idealização de Comte de formar uma sociedade baseada na ordem e no progresso, é onipresente ainda nos dias atuais. A primeira pode ser exemplificada pela presença da polícia e do Estado, já que ambos objetivam a organização social, sem que haja uma conspiração popular. A segunda é facilmente observável pela indústria, que utiliza-se cada vez mais do desenvolvimento científico e tecnológico para o futuro progresso, seja ele individual (preferido pelos indivíduos atualmente) ou geral.

Portanto, é impossível, agora, fugir das ciências. Estas estão presentes nas escolas, nas provas de vestibulares, nos produtos farmacêuticos, nas ruas, no cotidiano de cada um. Elas, inegavelmente, se entrelaçam e possibilitam um campo vasto de pesquisas e descobertas, como previsto e demonstrado por Comte. O que resta a todos, é simplesmente a aceitação das possíveis teorias científicas e das camadas futuras que elas estão prestes a moldar.

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